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Nicolelis: a biotecnologia é uma janela aberta para reindustrialização do Brasil

Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do site GGN, o cientista Miguel Nicolelis afirmou que uma das grandes transformações provocadas pela pandemia foi dar um papel central à biotecnologia na disputa geopolítica, deslocando inclusive os estudos nucleares. “Eu brinquei com um colega físico durante a pandemia, porque os físicos arrotavam que eles eram os cientistas […]

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Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, do site GGN, o cientista Miguel Nicolelis afirmou que uma das grandes transformações provocadas pela pandemia foi dar um papel central à biotecnologia na disputa geopolítica, deslocando inclusive os estudos nucleares.

“Eu brinquei com um colega físico durante a pandemia, porque os físicos arrotavam que eles eram os cientistas mais próximos das decisões geopolíticas do mundo, pela capacidade de produzir a bomba atômica. No more! Bomba atômica virou charque, todo mundo tem. (…) A geopolítica do mundo a partir daqui está relacionada com a biotecnologia”.

Nicolelis observou que China e India, ao investirem em biotecnologia, conseguiram se tornar players estratégicos no universo da biotecnologia.

Ele destacou o desempenho impressionante da China. A chinesa Sinovac – antes uma empresa relativamente pequena – se tornou a maior produtora individual de vacinas do mundo, lembrou.

“Que país saiu-se bem, do ponto-de-vista geopolítica, dessa crise? A China. A economia está normal. (…) E eles vão investir em biotecnologia de maneira explosiva! Eu já fui várias vezes para China, e a infra-estrutura que vi, nos últimos cinco anos, ser colocada no chão, é difícil de descrever!”

Para o cientista, a biotecnologia é o setor onde o Brasil ainda tem uma chance. “A janela ainda está aberta. Nós temos uma infra-estrutura, que está sendo destruída, nas universidades federais, nos SUS, que permitiram ao Braisl, competir a nível internacional”.

Nicolelis diz ainda que a biotecnologia seja, “nesse momento, uma das poucas alternativas de um plano de reindustrialização do Brasil. Porque como você vai competir nas outras? Como você vai partir do zero em áreas como smartphones, inteligência artificial? Nessas áreas, nós já perdemos o trem.”

O cientista também alertou para o número de mortes no Brasil no primeiro semestre de 2021, segundo o Registro Civil. Segundo ele, foram mais de 1 milhão de mortos de janeiro a junho, o que seria igual ao número médio de mortes em 12 meses, nos anos anteriores à pandemia. 

Ele explicou que, além da subnotificação, a pandemia traz uma quantidade enorme de causas de óbito secundárias. As pessoas não morrem apenas de Covid-19, mas de doenças não tratadas, por causa da lotação dos hospitais, por causa da crise social, que diminuiu drasticamente a qualidade da alimentação de metade da população brasileira.

Fomos trás dos números citados pelo cientista, no Portal da Transparência, e os confirmamos. 

De 2015 a 2019, anos normais, sem pandemia, a média anual de mortes foi 1,0 milhão. 

Apenas na metade de 2021 (jan/Jun), já tivemos 1,0 milhão de óbitos. 

A média mensal de mortos em 2021 está em 171 mil, muito acima do ano de 2020 (121 mil mortes mensais), quando a pandemia atingiu duramente o país. 

Nicolelis estima que o Brasil poderá superar os Estados Unidos em números de vítimas fatais de Covid-19 em 45 a 60 dias, assumindo o primeiro lugar no ranking mundial. 

 

Fizemos um fio no twitter, com os trechos citados nesse post:

Assista a íntegra da entrevista com o cientista Miguel Nicolelis:

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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