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Redução drástica de efetivos eleva riscos de acidentes em refinarias da Petrobras

Na Regap, princípio de incêndio foi evitado por operadores que trabalhavam na parada de manutenção e não fazem parte do quadro efetivo da unidade Por Federação Única dos Petroleiros | Foto: Washington Alves/Agência Petrobras A Unidade de Hidrotratamento de Diesel (U-310) da Refinaria Gabriel Passo (Regap), em Betim (MG), registrou um vazamento de óleo na […]

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Na Regap, princípio de incêndio foi evitado por operadores que trabalhavam na parada de manutenção e não fazem parte do quadro efetivo da unidade

Por Federação Única dos Petroleiros | Foto: Washington Alves/Agência Petrobras

A Unidade de Hidrotratamento de Diesel (U-310) da Refinaria Gabriel Passo (Regap), em Betim (MG), registrou um vazamento de óleo na saída do forno. No momento do incidente, apenas um operador era responsável por toda a unidade. O trabalhador teve de chamar reforços para controlar a situação e paralisar a unidade.

O evento ocorreu na madrugada do último sábado (17/7), e coloca em evidência a precarização do trabalho e os riscos de acidentes em unidades da Petrobrás, decorrentes da escassez de efetivo de pessoal de segurança. Não houve feridos ou danos às instalações da Regap, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG), filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). 

O Sindipetro-MG vem denunciando os riscos do baixo efetivo e mostrando o descaso com a manutenção na Regap. Nos últimos anos, a manutenção tem sido feita de forma menos criteriosa, com alterações na rotina de inspeção dos equipamentos. Segundo a entidade, a produção e a exigência de trabalho são as mesmas, em alguns casos até aumentaram, mas o número de pessoas reduziu muito nos últimos dois anos, levando profissionais a trabalharem em dias de folga, com jornada diária elevada e sem entrar em acordo com o sindicato”. 

O resultado disso é que em junho último foram registradas diversas ocorrências na Regap, como fogo em um conversor, devido ao vazamento de uma linha de gasolina; trincas no reator do craqueamento 1, onde foi necessário parar a unidade para realizar manutenção; e acidente com queimadura de vapor. 

“A redução de efetivo de pessoal e a intensificação da carga de trabalho estão ocorrendo em toda a Petrobrás, aumentando os riscos de acidentes nas unidades e no meio ambiente. Essa lógica é base do sucateamento que precede a privatização de ativos da empresa”, critica o coordenador do Sindipetro MG, Alexandre Finamori. 

Sindipetro-MG enviou ofício (Ofício 043.2021) à gerência da Refinaria Gabriel Passos (Regap), questionando sobre essas questões e ressaltando a preocupação com o baixo número de efetivo da refinaria e suas consequências à segurança.

Em resposta burocrática ao ofício, a Regap disse que “a Refinaria Gabriel Passos – REGAP, em conjunto com outras unidades da Companhia, adota metodologia desenvolvida especificamente para o estabelecimento de critérios e parâmetros técnicos para dimensionamento do número de postos de trabalho de operação para as refinarias da Petrobras”. 

Em fevereiro deste ano, a FUP já havia denunciado a precarização do trabalho e da segurança das operações do refino, quando a Unidade de Hidrotratamento e Hidrossulforização (UHDS) U-2631 da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária (PR), registrou um princípio de incêndio após vazamento de óleo diesel em uma área de alta pressão. No momento do acidente, também apenas um operador era responsável por toda a unidade.

O episódio revelou, já naquele período, a falta de efetivo na Repar – que vem ocorrendo também em outras refinarias da Petrobrás, que integram o plano de privatização da atual gestão da empresa. 

Deyvid Bacelar, coordenador geral da FUP, alerta para os riscos da redução de pessoal nas refinarias, que vem aumentando sistematicamente o risco das operações de uma indústria que já é de alto risco, tanto para trabalhadores, quanto para as comunidades do entorno. “Se a Petrobrás, uma empresa controlada pelo governo e com papel social, vem cortando pessoal para aumentar seus ganhos, mesmo que isso signifique aumentar o risco operacional, o que podemos esperar de um ente que adquira suas refinarias e que precisará dar retorno em menor prazo a seus acionistas?”, questiona ele.

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Nelson

23/07/2021 - 21h34

A privatização visa entregar o que é de todos para que alguns grandes grupos privados possam se empanturrar ainda mais de lucros. Apenas isso. Então, os governos privatistas adotam a tática de ir sucateando a empresa alvo da privatização.

Por sucatear, entenda-se aqui afastar a empresa de sua função social que é atender bem ao povo brasileiro. Uma da forma de atingir sucesso nesse intento é passar a cortar radicalmente a dotação de pessoal da empresa.

Assim, “mata-se dois coelhos com uma só paulada”.

Primeiro, por não atender mais o povo da forma que o povo merece, vai criando nesse uma indisposição para com a empresa, que, dali a pouco, vai se transformar em opinião favorável á privatização. Ou seja, criam-se assim as chamadas condições políticas favoráveis à entrega da empresa estatal.

Segundo, vai-se reduzindo o custo com pessoal da empresa estatal para que, uma vez em mãos privadas, seus novos donos possam acumular lucros gordos o mais breve possível.

Fernando Henrique Cardoso, que fez o governo mais corrupto e deletério da nossa história, aplicou muito essa tática. Muito governadores entreguistas também. E a tática segue sendo utilizada.

Eduardo Leite, por exemplo, que quer entregar a Corsan aqui do Rio Grande do Sul para lucros privados, está, deliberadamente, a sucatear a empresa.e também de muitos governadores.


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