Menu

Bretas ‘feriu de morte’ o devido processo legal; especialistas comentam afastamento de juiz

Conselho Nacional de Justiça retirou carioca Marcelo Bretas do cargo de juiz federal em nova derrota do lavajatismo Publicado em 03/03/2023 – 06:17 Por Paulo Motoryn – Brasil de Fato – Brasília (DF) Brasil de Fato — O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou, na última terça-feira (28), o juiz federal Marcelo Bretas do cargo […]

6 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Agência Brasil

Conselho Nacional de Justiça retirou carioca Marcelo Bretas do cargo de juiz federal em nova derrota do lavajatismo

Publicado em 03/03/2023 – 06:17

Por Paulo Motoryn – Brasil de Fato – Brasília (DF)

Brasil de Fato — O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afastou, na última terça-feira (28), o juiz federal Marcelo Bretas do cargo por supostos desvios de conduta. Bretas é conhecido por ser responsável pelas decisões da Lava Jato do Rio de Janeiro, mas agora responde a três processos administrativos no CNJ. A decisão foi tomada a portas fechadas e os detalhes dos processos não foram divulgados.

Usando a toga para fazer política

O advogado José Augusto Marcondes de Moura Júnior, que atuou em processo da Lava Jato no Rio, em declaração ao Brasil de Fato, criticou a conduta de Marcelo Bretas à frente da operação, citando especificamente o uso político da Justiça e a relação com o Ministério Público Federal. Segundo o advogado, a postura de Bretas era “assustadora” e “incompatível para um juiz”, uma vez que ele estaria “usando a toga para fazer política”.

“Desde o início, eu sempre disse que o uso da toga para fazer política e a relação umbilical dele com o MPF são assustadoras. Quando um juiz troca a toga pelo microfone, ele deve ser afastado, pois isso fere de morte o devido processo legal. As atitudes dele são incompatíveis com as de um juiz. Com juízes assim, como Bretas e Sergio Moro, a Justiça está de luto”, declarou. José Augusto Marcondes de Moura Júnior reforçou as semelhanças entre Bretas e Moro: “A verdade é uma só, quando a toga toca o ombro deles, a Justiça está de luto”.

Autopromoção

Já o advogado Fábio Ricardo Mendes Figueiredo diz que “o CNJ fez seu papel coibindo abusos e a advocacia saiu fortalecida”.

“Ele é midiático, sou contra juízes que buscam a autopromoção e com cunho político-partidário”, diz Figueiredo, que lembrou de episódio em que Bretas chegou a emitir um mandato de prisão contra o ex-presidente do Paraguai, Horacio Cartes, em 2019. A ordem foi revogada na sequencia por outro juiz, alegando que a argumentação usada por Bretas havia sido “genérica”.

Avanço democrático

“A Lava Jato foi um processo muito mais político do que jurídico, que buscava de fato perseguir pessoas e não apurar possíveis crimes. Isso ficou claro na atuação do ex-juiz Sérgio Moro, que hoje é deputado federal, mas também pela atuação do Bretas” diz o advogado André Lozano.

Ele concorda que “Bretas também teve uma atuação voltada pra para um processo penal do espetáculo, midiático”.

Lozano acredita que processos assim são negativos porque eles costumam buscar apenas a punição, “retirando as garantias dos acusados, o direito a defesa, ao contraditório e buscando uma condenação o mais rápido possível de determinados agentes políticos”.

O advogado ressalta que a Lava Jato foi essencialmente negativa por ter dado início à tentativa de “desconstrução da democracia brasileira”, prestou ajuda ao governo de Jair Bolsonaro e teve reflexos econômicos.

É possível cogitar, segundo ele, que “a Lava Jato tenha ocorrido por interesses externos ao Brasil, econômicos”. Lozano lembra que a operação acabou prejudicando empresas brasileiras, coisa que não acontece em investigações de corrupção de outros países.

“Quando a gente fala dessas diversas anulações ocorridas na Lava Jato e do afastamento dos juízes que utilizavam da mídia pra inclusive pra promoção pessoal, nós estamos diante de um grande avanço democrático. O Brasil está voltando aos trilhos da democracia.”

Tão nocivo quanto Sergio Moro

Bretas ganhou destaque por ter condenado o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a penas que somam mais de 400 anos de prisão, além de ter mandado para a cadeia diversos políticos e empresários envolvidos em casos de corrupção. Entretanto, sua atuação sempre foi questionada por especialistas, que apontam para a falta de imparcialidade e legalidade em suas decisões.

O escritor Milton Alves, autor do livro “Lava Jato: uma conspiração contra o Brasil”, comentou, a pedido do Brasil de Fato, a ação do CNJ que afastou o juiz Marcelo Bretas. Segundo ele, o processo é mais uma forma de conter os abusos de uma corrente política dentro do Poder Judiciário, expressão que ele usa para definir a operação Lava Jato.

“Acredito que o CNJ e também o Supremo Tribunal Federal, o STF, começaram a tomar medidas para conter a Lava Jato. Esse segmento do Judiciário causou grandes problemas para a justiça, para a magistratura e para o país. Basta ver o exemplo da prisão arbitrária e perseguição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, declarou.

Para Alves, Bretas atropelou diversos processos e agiu de forma midiática, contando com o apoio de grandes órgãos de comunicação como a Rede Globo para suas ações, muitas vezes atropelando o Poder Judiciário e o devido processo legal. Ele defende que é preciso punir todos os desvios e afastar o juiz federal, assim como Moro, que abandonou a magistratura para se tornar político.

“Eles [Bretas e Moro] usam a toga para fazer política partidária, divulgar uma opinião reacionária e conservadora contra o próprio estado de direito e a democracia. O Bretas é tão nocivo quanto Moro”, disse.

Em setembro de 2020, o Brasil de Fato mostrou como as investidas da Lava Jato contra o escritório do advogado Cristiano Zanin, autorizadas por Bretas, chamaram a atenção de juristas pela forma autoritária e distante da legalidade com que manipularam as atividades investigatórias das instituições públicas e as normas e garantias previstas na Constituição Federal e no Código de Processo Penal.

Edição: Rodrigo Durão Coelho

Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Paulo

04/03/2023 - 12h15

Sir John MacDonald’s e seu eterno apostolado, rsrs…E viva la revolución, como diria o S.A., personagem onipresente d’O Cafezinho, he, he, he…

Paulo

04/03/2023 - 12h12

Podem ter errado na forma, mas não “in substantia”…

carlos

04/03/2023 - 09h30

A vdd é que se inaugurou, um novo modelo de justiça nos tribunais brasileiros, a partir de moro e dallangnol, que é o de fazer turismo as custas do erário público, ou melhor do povo brasileiro eu nunca vou esquecer o dia em que o seu Deltan dallagnol, veio pra fortaleza, sobre o pretextos de investigar, veio foi fazer turistmo com a família , fazendo a conta e deixando a conta para o povo brasileiro pagar .

    Alexandre Neres

    04/03/2023 - 11h56

    Caro carlos, Tantã Dinheirol, que não é bobo nem nada, foi com a família direto para o Beach Park, não é isso?

    O duro é ver pessoas como o Senhor Edson Luiz, que paga de moralista, defender essa súcia da Lava Jato. É bom lembrar que por meio de decisão prolatada o Poder Judiciário permitiu que Serjo Morto fosse chamado de juiz corrupto, após corromper indelevelmente o sistema judicial.

    Além disso, tais práticas espúrias geraram filhotes pais afora, como o inacreditável Bretas. Quem não se lembra de Bretas oferecendo pipoca pra Moro no escurinho do cinema? Aff

carlos

04/03/2023 - 08h47

Além disso, o juiz não como justificar, a ajuda que ele e sua esposa receberam ,auxílio moradia de forma ilegal , e além disso tem negócios com sua família.

João Mac-Cormick

04/03/2023 - 06h35

A extra direita é realmente o lixo da história.

Foi indagado ao ex-juiz ladrão marreco, que respondeu:

“Este juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela Construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram usados para pagamento da vantagem indevida para o ex-Presidente”.

Já o juiz siri primus lavajatista não teve a mesma sorte. Foi “prender” justamente o “cumpadre” barata do GM, além do ex-presidente temerário artífice do golpe de 2016. Mas ambos, siri e marreco, tiveram a proeza de atacar a prerrogativa dos advogados. É fim da picada esse lavajatismo.

Agora, para não perder o hábito, eu sei que tem uma galera que ficou triste em saber que existe eleição em Cuba e na Venezuela. Afinal de contas, deve ser um tremendo choque sair do mundo bozolóide terraplanista, causado por anos de midiotia globotomizada. A realidade é cruel…

“Cuba se aproxima de eleições com maior número de candidatos jovens, mulheres e negros”
28 de fevereiro de 2023, 19:22


Leia mais

Recentes

Recentes