Fala de Sánchez questiona a complacência da Europa com Israel, revelando como o Festival Eurovision se torna cúmplice ao ignorar o massacre em Gaza
A recente declaração do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, defendendo a exclusão de Israel do Festival Eurovisão da Canção enquanto durar sua ofensiva militar em Gaza, não é apenas uma questão de justiça cultural, mas um reflexo da necessidade urgente de respeitar a soberania dos povos do Oriente Médio e de combater a hipocrisia da comunidade internacional.
Enquanto a Rússia foi imediatamente banida de competições culturais após a invasão da Ucrânia em 2022, Israel segue participando de eventos como o Eurovision, mesmo cometendo atrocidades diárias contra o povo palestino.
Essa duplicidade de critérios revela uma estrutura de poder global que normaliza a violência colonialista quando ela é perpetrada por aliados do Ocidente.
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A cultura não pode ser cúmplice da opressão
O Eurovision se apresenta como um espaço de união pela música, mas a arte nunca é neutra. Quando um país que bombardeia civis, destrói hospitais e impede o acesso a alimentos e medicamentos é permitido em um palco internacional, a mensagem é clara: a vida palestina vale menos.
A postura da RTVE, emissora espanhola, ao exibir a mensagem “Paz e justiça para a Palestina” durante a transmissão, demonstra que setores progressistas não estão dispostos a silenciar diante do genocídio. A cultura não pode ser usada como ferramenta de whitewashing (lavagem de imagem) para regimes que violam direitos humanos.
A esquerda deve defender a soberania palestina
A esquerda internacional tem o dever de se posicionar contra a ocupação ilegal israelense e a favor da autodeterminação dos povos. A Palestina não é um “conflito”; é um projeto de limpeza étnica que dura décadas, financiado por potências imperialistas.
Pedro Sánchez, ao defender a exclusão de Israel do Eurovision, segue uma linha coerente com o reconhecimento do Estado da Palestina pela Espanha em 2023. Essa posição deve ser ampliada:
- Boicote cultural e econômico a Israel, seguindo o modelo do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções).
- Pressão diplomática para que a UE e a ONU parem de tratar Israel como uma “vítima” e reconheçam seus crimes de guerra.
- Solidariedade ativa aos palestinos, denunciando a cumplicidade de governos que vendem armas a Israel.
Nem música, nem silêncio enquanto houver ocupação
O Festival Eurovision pode até tentar se dizer “apolítico”, mas a arte sempre reflete as contradições do mundo. Se em 2022 a Rússia foi banida por sua invasão à Ucrânia, é inaceitável que Israel continue sendo recebido de braços abertos enquanto massacra palestinos.
A fala de Sánchez é um passo importante, mas não basta. A esquerda deve exigir ações concretas contra a máquina de guerra israelense e ampliar a luta pela soberania do Oriente Médio, livre da interferência imperialista.
Enquanto houver ocupação, não haverá música que justifique o silêncio.
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