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Luciana Genro e os moralistas que se pensam de esquerda

por João Feres Júnior No último dia 19 um amigo repostou na linha do tempo de seu Facebook um post de Luciana Genro contendo a seguinte reação à notícia da prisão de Eduardo Cunha (PMDB) pela Polícia Federal: “Cunha na cadeia, vitória contra a corrupção! Viva a Lava Jato!”. Preciso confessar que não guardo grande […]

58 comentários
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por João Feres Júnior

No último dia 19 um amigo repostou na linha do tempo de seu Facebook um post de Luciana Genro contendo a seguinte reação à notícia da prisão de Eduardo Cunha (PMDB) pela Polícia Federal: “Cunha na cadeia, vitória contra a corrupção! Viva a Lava Jato!”. Preciso confessar que não guardo grande expectativas em relação a essa liderança gaúcha do PSOL. A maneira como ela se comportou nos debate eleitorais, mais preocupada em acusar Dilma de corrupção do que em criticar as propostas e não propostas de Aécio, para mim indicava equívocos políticos que iam além do mero oportunismo de ocasião.

O moralismo exagerado é um dos principais vícios do PSOL e de outros partidos e grupos à sua esquerda. Seu tom aristocrático e efeito despolitizante é deletério para a democracia e para as causas populares. Sim, aristocrático porque o moralista se sente superior às pessoas e à sociedade que o circundam. E despolitizante porque ele se sobrepõe às reais escolhas políticas que determinam, por exemplo, se o governo vai aumentar o orçamento do Bolsa Família ou dar perdão de impostos às grandes empresas de comunicação. Ser de esquerda é optar por políticas de redistribuição, é ser a favor das causas populares. Ser de direita é o contrário disso. Quando escolhemos a questão da corrupção como prioridade, como fez Luciana em momentos cruciais do debate, deixamos de ser de esquerda e nos reduzimos a meros moralistas – aproximando-nos bastante do moralismo de direita.

Foto: Reprodução/ Facebook

Foto: Reprodução/ Facebook

Esse elogio rasgado à Lava Jato é um exemplo muito didático. Vejamos. Vamos esquecer por enquanto que a Lava Jato é uma operação de perseguição seletiva a políticos do PT e a pessoas e empresas do seu entorno. Vamos esquecer que essa perseguição é feita por meio da deturpação e violação de práticas institucionais fundamentais à democracia e ao Estado de Direito: são prisões preventivas e temporárias sem justificação, delações premiadas arrancadas por constrangimento, escutas ilegais, ilegalmente publicizadas, conduções coercitivas sem justificação convincente, silenciamento de instâncias superiores judiciais, etc. Quero me concentrar no efeito ideológico do que foi dito pela filha de Tarso Genro, mormente no que está subentendido na mensagem do post: tudo pela luta contra a corrupção.

Pois bem. A glorificação da luta contra a corrupção tem um efeito ideológico (ou cognitivo) de fazer seu aderente pensar que o grande problema do governo é de gestão, ou seja, de uma gestão que desvia recursos ilegalmente: corrupta. As pessoas que pensam assim chegam rapidamente à conclusão de que, uma vez debelada a tal corrupção, os serviços públicos, como saúde e educação, entre tantos outros, vão funcionar maravilhosamente bem. Ora, o grande problema de um governo, dada a inevitável desigualdade produzida pelo funcionamento normal do capitalismo, é mitigar essa desigualdade, e isso só se faz tirando dos que ganham mais e dando para os que não ganham tanto. Não há segredo ou magia, os impostos têm que subir para os ricos e baixar para os pobres, e a arrecadação ser usada para melhorar os serviços para todos, dando preferência aos pobres. É isso que resolve o “problema” do governo.

O sonho dourado da classe média brasileira é ter serviços nórdicos pagando impostos de estado mínimo. Daí ser a ideologia do combate à corrupção uma ficção que lhes é oportuna. Quando os mapas de votação mostram que os eleitores do PSOL moram nos mesmos bairros campeões dos panelaços de recente e deplorável memória, seus militantes ficam perplexos, incapazes de compreender como o povo se nega a reconhecer suas nobres convicções. Mas o povo do alto de sua imensa sabedoria há muito já sacou que de boas intenções está cheio o inferno.

João Feres Júnior é cientista político, vice-diretor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ e coordenador do Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP) e do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA)

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Comentários

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Romualdo Moraes Neto

27/10/2016 - 08h49

Não é só temer que é cunha. moro também é cunha. Vejo que não há antagonismos entre moro e cunha e que a prisão do segundo já estava combinada entre os dois. moro e cunha são amigos. Um é agente da CIA. O outro é cabeça de ponte da matriz neo pentecostal estadunindense. Farinhas do mesmo moinho. Também não compartilho da visão otimista de muita gente em relação a prisão de cunha. Não acho que cunha vá fazer alguma delação significativa. Se fosse para prender para valer o cunha, o canalha do sérgio moro já o teria feito há muito tempo. Essa prisão foi fake. Afinal, já estava pegando mal para o agente da cia, o moro, tanta perseguição ao Lula enquanto o cunha, serelepe, ficava passeando pelos aeroportos. No máximo cunha vai fazer alguma delaçãozinha meia boca, devidamente amplificada pela mídia golpista para fazer parecer que é grande coisa. Em troca, receberá do moro um mimo que ele gosta de presentear aos seus alcaguetas de sempre: uma tornozeleira eletrônica e liberação de grande parte da grana roubada para gozar de uma boa e nababesca vida. Essa tem sido a prática do mafioso moro. E continuará sendo.

17Abril2016

24/10/2016 - 23h04

Quem tem esquerda como PSOL nao precisa de direita.

Torres

24/10/2016 - 19h18

Meu sonho é ter qualquer serviço justo de acordo com o que pago.
Não precisa ser nórdico.
Aqui pagamos impostos demais para serviços de menos.
E a corrupção ainda escoa grande parte do dinheiro.
Aí és fueda!!!

    17Abril2016

    24/10/2016 - 23h06

    Torres, eh o sistema rentista que drena o orcamento do estado. Perto disso a corruocao eh poeira. Pense nisso.

      Torres

      24/10/2016 - 23h14

      Infelizmente é verdade.
      Por isso mesmo o melhor é não depender de dinheiro especulativo.
      Nos endividarmos gera isso.
      Porém, a corrupção é que nos leva aos gastos e endividamentos.
      Bora parar de gastar e diminuir a dívida pública?

label vargas

24/10/2016 - 18h39

Luciana traíra,capacidade analítica ZERO,ou é sua moral que é ZERO???Seu desprezo pelos pts,envolve complexos familiares não resolvidos.Mas é justo dizer que seu pai está fazendo “enormes esforços” para melhorar a relação familiar.Tal pai,tal filha,daí não sai nada.

João Luiz Brandão Costa

24/10/2016 - 17h42

Luciana parece que puxa ao pai. Como Tarso, que cobre de criticas o PT, falando de fora como se nunca tivesse feito parte desse partido, e a ele não devesse toda sua trajetória política, tentou até articular um projeto político no Rio, à revelia, e até contra o partido. Proselitismo puro, se não for apenas interesse pessoal.. Levou um chega prá lá das esquerdas daqui e saiu de fininho. Agora vem falando em renovação, etc. (com ele no comando, por suposto). Assim, a quem Luciana quer atrair a atenção, com esse discurso pró-Moro. De uma nova vaga esterilizada pura e messiânica?. Não dá filhinha. Essa praia já está cheia. Só em Curitiba já tem bastante gente. Mas não conte com eles para ir para esquerda. Afinal, “Maxs e Hegel”, não são lá muito populares entre eles.

    Romualdo Moraes Neto

    27/10/2016 - 08h35

    Não é só temer que é cunha. moro também é cunha. Vejo que não há antagonismos entre moro e cunha e que a prisão do segundo já estava combinada entre os dois. moro e cunha são amigos. Um é agente da CIA. O outro é cabeça de ponte da matriz neo pentecostal estadunindense. Farinhas do mesmo moinho. Também não compartilho da visão otimista de muita gente em relação a prisão de cunha. Não acho que cunha vá fazer alguma delação significativa. Se fosse para prender para valer o cunha, o canalha do sérgio moro já o teria feito há muito tempo. Essa prisão foi fake. Afinal, já estava pegando mal para o agente da cia, o moro, tanta perseguição ao Lula enquanto o cunha, serelepe, ficava passeando pelos aeroportos. No máximo cunha vai fazer alguma delaçãozinha meia boca, devidamente amplificada pela mídia golpista para fazer parecer que é grande coisa. Em troca, receberá do moro um mimo que ele gosta de presentear aos seus alcaguetas de sempre: uma tornozeleira eletrônica e liberação de grande parte da grana roubada para gozar de uma boa e nababesca vida. Essa tem sido a prática do mafioso moro. E continuará sendo.

Àlvares de Souza

24/10/2016 - 17h32

O problema da Luciana é um complexo de Édipo ao contrário, uma paixão e um ódio avassaladores pelo seu pai e um grande sofrimento para ambos.

Aliança Nacional Libertadora

24/10/2016 - 17h32

ºO que dizer de um partido que sempre será oposição? É um PSTU amarelo…Aguardam votos de protesto……..

    Cecilia

    24/10/2016 - 23h37

    É fácil e cômodo ser sempre oposição. Esta turma só existe graças ao PT!

      Mariana

      26/10/2016 - 00h30

      Você tem razão, mas é preciso ir além do reformismo do PT. Não que o PT seja a pior coisa do mundo, mas está longe da verdadeira direção que se deve dar à luta dos trabalhadores, não? Não dá pra descuidar da verdadeira luta: a de classes. A experiência histórica demonstrou e tem demonstrado que qualquer avanço mínimo, por dentro do sistema, será neutralizado, derrubado por um golpe e finalmente transformado em retrocesso…

        Cecilia

        27/10/2016 - 14h53

        Neste sentido, nem PT, nem PSOL, nem PSTU avançaram na questão da luta de classes. Nas manifestações, só vemos trabalhador organizado. O “povo trabalhador”, fica nos pontos de ônibus de cara amarrada, porque paramos o trânsito. Por que não conseguimos conquistá-los? Melhoraram de vida nos governos Lula/Dilma e se aburguesaram…

          Mariana

          28/10/2016 - 17h06

          Verdade. É por aí… Por que avanços mínimos, das condições materiais, avanços precários, encheram as pessoas de ilusões? Fica a crítica ao PT e aos limites do reformismo.

          Os outros citados (PSTU, Psol, PCB inclusive) são piores porque se uniram à direita em suas críticas moralistas abrindo caminho para os golpistas… Parte do enfraquecimento, da desinformação, vem daí.

          Cecilia

          28/10/2016 - 22h19

          Costumo dizer, que ser burguês independe de classe social. É um estado de espírito. Vi muito pobre que foi para a classe C, menosprezando os que estavam abaixo deles! Concordo com você tb, em relação aos partidos zero à esquerda…rsrsrs foram eles que começaram o golpe em 2013, quando encheram as ruas de coxinhas, achando que roubariam espaço do PT. Deu no que deu.

          Mariana

          28/10/2016 - 23h18

          É um problema de consciência de classe… Que culpa tem o operário que já nasce ouvindo o discurso do burguês, cresce ouvindo esse discurso, vai pra Igreja: lá está o mesmo discurso… Até nos momentos de lazer a linguagem do patrão está lá.

          A construção do partido operário, o avanço da consciência e independência da classe operária depende de um trabalho intenso e consciente de agitação e propaganda. Tem que se apoiar na experiência de 17.

          O despertar pode aparecer com o fim das ilusões no reformismo (inclusive esse é o erro do PT, suas direções e os setores mais atrasados dentro do partido: continuar insistindo na luta por dentro das instituições).

          Quanto aos trabalhadores, a experiência prática é muito importante. Por mais que seja dolorosa é parte do processo, creio eu.

          Cecilia

          29/10/2016 - 11h49

          Você tem toda razão. A esquerda tem que repensar sua prática. Que venham as “Anas Júlias” com pique, agressividade e ideias novas! Foi bom te conhecer. Não gostaria de perder seu contato. Podemos ficar amigas no facebook?

          Mariana

          29/10/2016 - 14h32

          Claro, Cecília add lá: Ingrid Mariana Alves Barros… Depois que adicionar lá no face responde esse comentário que não quero deixar meu nome público no disqus, daí vou apagar, ok?

          Mariana

          30/10/2016 - 21h50

          Oi, Cecília, me passa seu contato que eu te adiciono lá no face. Vamos em frente formar os comitês de luta contra o golpe e contra a prisão do Lula. É importante estarmos unidos na atual situação política.

          Cecilia

          31/10/2016 - 11h44

          Maria cecilia Caiafa

          Mariana

          01/11/2016 - 13h36

          Adicionada ?

Atreio

24/10/2016 - 17h21

a pergunta q não quer calar: qual foi o crime q embassou o impeachement da presidente eleita? o STF achou ou ainda tá procurando? ou nem procura mais pra evitar saber q não vai achar?
o impeachemnt na nossa constiutuição é a forma de um presidente ser afastado e devido ter cometido crime….e isso não se relaciona com essa ‘pressa’ dos ditos notáveis? pressa pra q?
é com pressa q se faz algo duradouro?

prsidente impedida e colocada pra fora pelos velhos brancos q vimos….aqueles mesmo q pedem aplausos(alguns criminosos condenados e outros apenas bancando uma protelação pois seus recursos ainda transbordam de suas piscinas e além mar – e nossos juízes, bom, sobre esses nem precisa falar…eles aceitam e não se fala mais nisso, ver o caso gimar-abdelmassih) , aí o lewadinho assume o tropeço e fica por isso? o brasil q se lasque ? significado e conteúdo não importam?

posso fazer um roteiro ruim, sem conteúdo algum, e entregar pros notáveis q eles botam pra frente se eu pagar bem?

pelo visto, se depender destes mesmos notáveis posso até ser indicado ao oscar…..

    Roberto

    24/10/2016 - 18h21

    Collor foi inocentado recentemente, teve até o estatus de Ex-Presidente restaurado. mas mesmo assim sofreu impitimam, daqui uns 15 anos Dilma sera perdoada também!

      Cecilia

      24/10/2016 - 23h48

      A diferença é que no caso do Collor, tem muita história mal contada. A denúncia e a morte do irmão, o assassinato do PC Farias. Muita coisa aconteceu rápido demais. Tenho dúvidas de sua inocência, mesmo porque sabemos quem é.

        Roberto

        26/10/2016 - 05h31

        Sua “convicção” não serve de provas senhor Dellagnoll

          Cecilia

          27/10/2016 - 14h40

          Não pertenço ao poder judiciário. Como cidadã, posso ter as dúvidas que eu quiser, principalmente em relação às pessoas públicas!

    Cecilia

    24/10/2016 - 23h40

    O crime cometido pela Dilma foi dizer que seu governo seria implacável contra a corrupção, que não ficaria pedra sobre pedra.

Laercio Silva

24/10/2016 - 16h30

Concordo sim com os comentários equivocados e posicionamento de parte da militância do PSOL. Temos exemplos na nossa história recente de um tom agressivo da esquerda contra corrupção e os resultados, parciais ou não, estão sendo super expostos. Particularmente acredito que o PSOL é uma nova alternativa política, mas precisa deixar de lado esse moralismo excessivo, pois a medida que você se enverga integralmente debruçado sobre princípios e questões morais a queda pode ser muito dura quando estas mesmas questões são levantadas contra si.

    Torres

    24/10/2016 - 23h27

    Igual ao PT.
    O partido da ética.

      Cecilia

      24/10/2016 - 23h33

      Na prática e nos números, sem perseguições, o PT é o menos corrupto dos grandes partidos!

        Torres

        24/10/2016 - 23h42

        Infelizmente ser o menos corrupto é muito diferente de ser o partido da ética.
        O fato é que é corrupto.
        O moralismo pregado pelo PT é um fator que motiva o ódio ao partido.
        Esse ódio vai além do racional, mas é bom que se saiba o preço do falso moralismo.

          Cecilia

          25/10/2016 - 00h09

          Um pai de família com 5 filhos, educa todos da mesma maneira, dentro de princípios éticos mas um se desvia e se torna bandido. Quem já não viu este filme? Eu te pergunto: o pai é culpado pelos crimes que ele comete? Costumo dar este exemplo para ilustrar a questão da corrupção dentro de partidos políticos. O fato de algum membro cometer faltas, não se pode generalizar para todo o partido. O PT nunca pregou o moralismo do nível que a direita prega. Não sejamos hipócritas. Ética, nem sempre é entendida da mesma maneira por todos. Quem nunca cometeu “pequenos delitos”, tipo beber e dirigir, sonegar imposto de renda, vender recibo, furar fila, levar o cachorro para fazer cocô na rua… que atire a primeira pedra!

          Torres

          25/10/2016 - 00h15

          O PT se corrompeu para bancar a eleição de seus candidatos.
          Além disso, nunca expulsou seus condenados, dando apoio à eles.
          Lamento, o PSOL tá melhor.
          E o PT foi o mais moralista de todos durante os anos 90.
          O pior é que eu acreditei.

          Cecilia

          25/10/2016 - 08h10

          Você me parece um jovem idealista. Lamento, você vai se decepcionar tb com o PSOL. A política é apenas um jogo. E dentro deste jogo, os governos do PT foram os que mais avançaram nas políticas sociais e ideais democráticos.

          Torres

          25/10/2016 - 09h23

          Nem jovem, nem idealista.
          Já votei, não voto mais.
          Política é jogo sujo e ali não existem virgens.
          Pode mandar prender todos.

          Mariana

          26/10/2016 - 00h22

          Esse Torres parece um militante do PSTU… O papo dele é uma mistura de anarquismo com antipolítica, mas se você pressionar um pouquinho mais, ele confessa que não gosta da esquerda e que adora “preservar, conservar, embalsamar” o status quo, a tradição, o fundamento judaico-cristão-ocidental, a tradição subdesenvolvida do bananal, etc, etc, etc

          Torres

          26/10/2016 - 01h14

          Sou ateu e ex-filiado ao Pc do B.
          Eu apenas vi de frente como o jogo é sujo.
          Creio em ciclos de poder.
          Ascensão e queda.
          Como tudo na vida.

          Mariana

          26/10/2016 - 01h42

          Ciclos de poder ou revezamento dos grupos que representam o poder?
          Em um mundo em que 50% da riqueza pertence à 85 pessoas, todo ciclo será somente uma face diferente de uma mesma moeda… Não existe ascensão, apenas contenção e controle. Quando a burguesia derrubou a nobreza e o clero na França não existia “ciclos de poder”, o poder pertencia ao clero e à nobreza, objetivamente. Tremenda bobagem! A estrutura só pode ser alterada mediante a revolução. Não tem essa de “tudo na vida”, exceto a partir de concepções metafísicas da realidade

          Torres

          26/10/2016 - 02h19

          Revolução!!!
          Claro.
          Apenas um modo de alteração dos ciclos de poder.
          Ocorrem somente com o stress supera o limite.
          O tempo dos ciclos pode ser menor ou maior, depende de sua magnitude.
          Como tudo na vida.

          zuleica jorgensen

          26/10/2016 - 00h01

          E o melhor é que você deu o fora. Não precisamos de alguém que não pensa e que não tem capacidade de entender uma pequena frase de conteúdo muito simples. Típico cabeça global ou veja “como somos espertos.

          Torres

          26/10/2016 - 00h36

          Argumento zero.
          Se quiser argumentar, beleza.
          Mas provocação bobinha não rola.

          Mariana

          26/10/2016 - 00h12

          O PT ser moralista no passado absolve o PSOL do moralismo DURANTE um golpe de Estado promovido pela direita e apoiado por fascistas? Decifra-me ou te devoro… O maior crime do PT foi ter servido de colchão pra burguesia em um momento de ascenso dos trabalhadores em toda América Latina, ascenso que permitiu o golpe abortado da Venezuela, mas o PT Lulinha, paz e amor, apoiado pelo PSOL (que era corrente interna do PT nessa época) decidiu governar de mãos dadas com quem?

          Torres

          26/10/2016 - 00h34

          Concordo com tudo.
          Erro pra todo lado.
          Foi muito erro.
          Segundo vc, moralismo é algo do passado.
          Ser imoral é permitido, até dentro dos valores.
          Foda.

          Mariana

          26/10/2016 - 00h45

          Quem nasceu pra moral, nunca será ética, meu caro…

          Torres

          26/10/2016 - 01h10

          Com certeza.
          A maioria não tem moral, ética menos ainda.
          Desprezam tais coisas.

          Mariana

          26/10/2016 - 01h25

          A ética entendida como virtude política, tanto em Aristóteles quanto em Maquiável nunca poderá aceitar maniqueísmos religiosos próprios do moralismo… Você definitivamente não compreendeu a minha crítica, dirigida à você, não ao utilitarismo. Em Maquiável a Virtù é a própria sabedoria do governante ao manter os governados satisfeitos, em Aristóteles o bem da coletividade.

          Torres

          26/10/2016 - 02h21

          Maquiavélico seu comentário.
          Política para conter a revolução.
          Quem tem a sabedoria para decidir sobre o bem da coletividade?

          Mariana

          26/10/2016 - 18h22

          1 – Foi maquiavélico, mas em oposição a tendência apolítica de reduzir a política ao problema moral. Reduzir a política à corrupção é abrir espaço pra alienação e esquecer que na disputa política se materializa a luta de classes.

          2- A crítica ao reformismo e sua política de contenção na frente popular com a burguesia nunca se mistura ao moralismo de tipo religioso. São coisas totalmente distintas que devem ser esclarecidas, especialmente se o objetivo for fazer avançar a consciência de classe. O PSOL e seu discurso moralista adota uma posição deseducadora que trará o retrocesso na luta. Leva a classe trabalhadora a uma posição anterior à experiência com o reformismo do PT, cria o mito de uma “pureza” incompatível com o próprio modo de produção capitalista e suas instituições “democráticas”. Alimenta ilusões de que o problema político é do indivíduo e não das relações políticas no marco do capitalismo.

          3- Quem tem a sabedoria pra decidir sobre o bem da coletividade? A própria coletividade… O comunismo busca uma sociedade sem Estado, sem classes, sem “príncipe”, governada pela coletividade. Leia o manifesto comunista que você compreenderá quem tem sabedoria pra decidir sobre o bem da coletividade.

          Torres

          26/10/2016 - 19h37

          Infelizmente política é um negócio.
          Quem está lá se suja.
          Maquiavel é isso mesmo, a arte de manter o status que político.
          Moralismo versus amoralidade.
          Quem vence?
          Comunismo é utopia.
          Coletividade não tem consenso.
          Somos seres com demandas próprias.
          Qualquer governo representa as forças na disputa do poder.
          Anarquismo é que prega uma sociedade sem Estado, o comunismo prega o contrário.

          Mariana

          26/10/2016 - 20h58

          Moralismo versus ética.

          Moral é o senso comum do homem médio. A ética, enquanto campo de investigação filosófica, é a reflexão sobre a moral de forma racional, fundamentada, moderada pelo intelecto. Existe ética na filosofia política de Maquiável, mas moralismo não tem mesmo…

          Vou repetir: o moralismo não é convicção. É costume fabricado pelos mecanismos de coação da sociedade. Você que nega a política nega a própria atividade humana e esquece que para além do “quem está lá se suja” está o “homem, ser humano, esse ser sujo e falho”.

          Enquanto a atividade política for demonizada como algo “fora do homem”, “alheio ao homem” o sentimento religioso vai dominar e os homens se deixarão dominar pelos dogmas do senso comum. Se somos animais políticos, como diz Aristóteles, e a política é parte da nossa essência, acreditar que a política se reduz a um negócio é fazer o jogo de quem lucra com esse negócio.

          Me admira uma pessoa que acredita no “consenso”, espaço de mediação possível apenas através da política falando em “demandas próprias” e desprezando a máxima aristotélica que define o homem como um ser social ( e, portanto, político).

          Quanto ao comunismo seu conhecimento é primário. Volto a insistir: leia o manifesto.
          O comunismo é a fase superior do socialismo em que o Estado se torna dispensável. Seu desconhecimento sobre o comunismo não é álibi para criação de um espantalho. O anarquismo e o comunismo tem coisas em comum, uma delas é a ideia de abolição do Estado. A abolição do Estado não é uma bandeira exclusiva do anarquismo.

          A política representa as forças em disputa, mas pode não representar: o AI 5 fechou o congresso, e aí? Saber o conteúdo da disputa política requer uma análise materialista do problema.

          O governo é o detentor do poder… Nem todo governo representa as forças em disputa. Te conto uma anedota: garanto que Hitler não representava o povo judeu. Enfim, posso debater mil anos com você, mas pra que haja avanço na sua concepção da sociedade evite o ranço hipócrita e a dupla-moral de crenças religiosas que dividem o mundo em duas categorias: bonzinhos e malvadinhos.

          Torres

          26/10/2016 - 21h12

          Maniqueísmo é sempre imbecil.
          A moral é a construção social. Costumes e valores temporais.
          Infelizmente vc está no mundo das ideias, não no mundo real.
          Vc crê em utopias, um mundo sem poderosos, igualitário.
          Para logo em seguida admitir nossa humanidade imperfeita.
          Não viveremos em um mundo romantizado, idealizado.
          E por fim, o governo representa as forças políticas vencedoras da disputa, nunca todas.
          Aceite o jogo sujo quando ganhar e tb quando perder.
          Eu não jogo mais.
          Política no contexto do Estado? Sujeira.
          Não me meto.
          Política de Aristoteles?
          Sim. Somos animais políticos.
          Mas Aristoteles não se referia ao Estado, mas às relações sociais em comunidade.

          Galvão

          26/10/2016 - 20h06

          O PSOL está bem melhor? É claro que está: Tem 1/2 dúzia de deputados federal, 10 Estadual, e uns gatos pingados de vereador. Não endosso como verdade, mas em Belém, ouvi de populares que o Edmílson, que foi prefeito da cidade por dois mandatos, eleito pelo PT, era o politico mais corrupto da cidade.

          Torres

          26/10/2016 - 20h13

          Até pelo tamanho fica mais fácil ser mais moralista.
          E não creio que o PSOL tenha moral.
          Moralismo na política é apenas discurso.
          Igual ao PT nos anos 80 e 90.

          Romualdo Moraes Neto

          27/10/2016 - 08h47

          Ouso discordar. É fato que durante muito tempo o PT resvalou no mesmo falso moralismo da direita. Brizola que o diga. Na época chegou a apelidar o PT de UDN de macacão e tamancas ou UDN de calças curtas. E por um motivo muito simples: naquele tempo o PT fazia coro a rede globo na sua guerra de destruição do Brizola. E o mais grave é que o PT ainda não se livrou totalmente disso de que agora condenamos no PSOL. Sinto um exemplo de uma cidade importante do interior de Minas, Barbacena. Naquela cidade, o PT disputou as eleições municipais com grandes chances com um candidato próprio apoiado pela igreja católica. O principal adversário dos petistas era um representante de uma brutal oligarquia local mas que tem muita influência na política de Minas e até na política nacional: a oligarquia dos andradas. Pois bem, uma outra candidata naquele pleito, a senhora Danusa Bias Fortes (que apesar de descendente de uma outra oligarquia local é inequivocamente progressista e militantes aguerrida do PDT) procurou o PT no período pré-eleitoral oferecendo apoio. Não reivindicou sequer a posição de vice na chapa petista. Apenas que seu partido fosse reconhecido como base de apoio numa composição de governo em uma eventual vitória do candidato petista. Resultado: foi escorraçada da sede do PT. Disseram que não precisavam do apoio dela. Que o apoio da igreja católica era suficiente para ganharem “fácil” as eleições. Resultado: perderam por menos de 1% dos votos para os direitistas andradas, sendo que a votação obtida pela pedetista Danusa, se transferida ao majoritário petista, garantiria a vitória com folga. Ou seja, é correto quando dizem que o PSOL repete, de alguma forma, a estreiteza e o sectarismo pequeno burguês do PT. Infelizmente.

        Laercio Silva

        28/10/2016 - 20h39

        Isso é fato! Os dados comprovam que o PT não é o partido mais corrupto ficando atrás de PMDB e PSDB.

    Mariana

    26/10/2016 - 00h06

    PSOL é um PT piorado… Só vejo pequeno-burguês carreirista e sem qualquer tipo de base social. Pra governar precisaria de um pacto com a burguesia muito mais violento que o do PT… Muito mais pornográfico… Seria uma coisa tão asquerosa quanto o Hollande e o Tony Blair. A vantagem é que talvez, os trabalhadores aprendessem de vez que da pequena-burguesia só podem esperar oportunismo e traição

      Laercio Silva

      28/10/2016 - 20h21

      Mas Mariana… Até concordo que no quadro tenham muitos pequenos-burgueses. Porém não seria generalizar o perfil do militante que atua na política? Semelhante dizer que no PT só tem corrupto? Ou coisas desse tipo… Quando se generaliza uma discussão como essas as posições se tornam muito superficiais.

        Mariana

        28/10/2016 - 23h01

        Não é generalizar, é tratar do ponto de vista político e de composição social do partido. As definições de centrismo e reformismo tratam o problema no nível da formalidade política.

        Base social, orientação política, penetração nas organizações dos trabalhadores, programa… São dados objetivos.

        Essas ilusões (de que o militante dá a direção do partido, ou de que uma organização sem uma direção voltada a um programa específico, para além de disputas eleitorais) levam os trabalhadores à derrotas acachapantes como no caso do Syriza na Grécia.

        Não sou eu quem vai contemporizar com esse discurso e alimentar essas visões equivocadas.

        A crítica ao caráter pequeno-burgues do PSOL não é semelhante a dizer que no PT só tem corrupto, é semelhante a dizer que a política do PT é reformista e que como partido o PT tem muitos quadros pequeno-burgueses e uma base heterogênea (inclusive nas organizações do movimento operário popular)… A principal liderança do PT tem origem no movimento operário, o PSOL não tem nada sequer parecido com isso. O PT tem características de um partido de massas com quase dois milhões de filiados, o PSOL é relevante em disputas de DCE (e nem em eleições de DCE, sendo o PSOL um dos responsáveis pela vitória da direita em duas eleições seguidas na UnB) e como partido sem programa, cujo programa principal (atestado pela prática) é a competição por dentro das instituições.


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