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Moro utiliza campanha pública para alavancar candidatura individual

Na mesma esteira em que vendeu uma entrevista “bombástica” com Sérgio Moro, a revista Veja também lançou o “lema” da campanha presidencial do juiz: “Faça a coisa certa, sempre”. Na reportagem da coluna Radar, Robson Bonin destaca que já existe um outdoor com o “lema” junto da foto do juiz e também relembra que em […]

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Twitter do Sérgio Moro. Na capa, o slogan de uma campanha realizada pelo ministério da justiça e segurança pública.

Na mesma esteira em que vendeu uma entrevista “bombástica” com Sérgio Moro, a revista Veja também lançou o “lema” da campanha presidencial do juiz: “Faça a coisa certa, sempre”.

Na reportagem da coluna Radar, Robson Bonin destaca que já existe um outdoor com o “lema” junto da foto do juiz e também relembra que em sua “delação” (pedido de demissão do governo Bolsonaro) Moro repetiu três vezes o seu slogan de campanha.

Entretanto, o que chama mais atenção na coluna é a origem da “logo” da campanha presidencial de Moro. Segundo Bonin, ela foi criada por “amigos, ex-assessores e auxiliares do juiz”.

Oras, essa logo já existe há mais de um ano e foi anunciada como “campanha interna” do ministério pelo próprio Sérgio Moro, no seu Twitter pessoal.

Em abril do ano passado no Twitter, o Ministro da Justiça (uma função de Estado) anunciava a campanha “faça o certo, sempre” no Twitter

Ou seja, a mesma campanha (slogan, estética) que estampa atualmente a capa do Twitter de Sérgio Moro, um “cidadão comum” como eu e você, também estampa um campanha institucional de uma entidade pública, o MJSP.

Ou seja, palestras, notícias, vídeos e imagens com o “lema” de Moro estão sendo ofertadas pelo Estado.

Imaginem se a moda pega. Cada ministro utilizando sua máquina ministerial – pública (!!) – para fazer campanhas que, futuramente, casem com seus objetivos pessoais. Cada peça publicitária –  pública (!!) – vai tender a gerar trampolim de candidaturas sem fim.

Por exemplo, vamos considerar o acesso que a página Karnal Admiradores deu ao seu “lema presidencial” do lavajatista Moro, o tal do “faça a coisa certa”. Não é difícil imaginar se um juiz de primeira instância – salário máximo de 40mil pelo teto constitucional – tem ou não dinheiro para bancar uma campanha publicitária estrelada por Leandro Karnal.

Sérgio Moro fez um mega lançamento de uma campanha pública, sabe-se lá com que dinheiro, e agora tenta surfar nessa. Há um forte indício, portanto, da quebra do princípio da impessoalidade por parte do ex-ministro, afinal, ele utiliza pessoalmente uma campanha feita pelo Estado.

Por fim, como é poético ver que o grande engodo da política nacional é uma farsa até no slogan: pede para fazer a coisa certa, fazendo a coisa errada. 

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Tadeu Porto

Petroleiro e Secretário adjunto de Comunicação da CUT Brasil

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Luiz

06/05/2020 - 20h24

Falta de paciência, poderia estar no TFR4.

Paulo

06/05/2020 - 19h33

Tadeu, não há quebra do princípio da impessoalidade – nem qualquer outro que rege a Administração Pública – porque Moro não é mais servidor público. E o princípio correto a ser invocado, caso se pudesse comprovar que Moro já tinha a intenção de utilizá-lo em campanha, quando Ministro, o que acho muito difícil, seria o da moralidade…

    Tadeu Porto

    08/05/2020 - 12h30

    Oi Paulo! Cara, sei não. Ele mesmo está em quarentena nesse exato momento, pois a gente sabe que uma vez funcionário público tem acesso a informações que valem uma vida. Como eu disse: imagina se a moda pega? Se cada ministro for embora do cargo com o slogan do seu ministério? Não consigo achar uma coisa dessa normal. No mais, forte abraço e obrigado pelo comentário!

      Paulo

      08/05/2020 - 18h55

      Tadeu, o princípio da impessoalidade é dirigido aos administrados, no sentido de que “a atuação da Administração se conduza sem discriminações que visem prejudicar ou beneficiar determinado administrado, ou seja, funda-se na conduta e tratamento isonômico da Administração perante os administrados, com a destinação de atingir o interesse coletivo” (JUS.COM.BR). Por isso foi invocado pelo Ministro Alexandre contra a nomeação do amigo da família Bolsonaro para a direção-geral da PF. Mas entendi o que quis dizer. Abraço!


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