O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, optou por não comparecer à Cúpula da Amazônia, programada para iniciar nesta terça-feira (8) em Belém, de acordo com informações do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty).
Este encontro, promovido por convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reunirá representantes dos oito países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), sendo eles: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
A ausência de Maduro foi justificada pela diplomacia venezuelana à comissão organizadora da Cúpula, citando uma infecção nos ouvidos que o impossibilitaria de participar dos debates e discussões do evento.
Para representar o presidente Maduro, a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, foi enviada à cidade de Belém, onde o encontro está sendo realizado.
Além do líder venezuelano, os presidentes do Equador, Guillermo Lasso, e do Suriname, Chan Santokhi, já haviam anunciado previamente que não participariam da Cúpula. Entretanto, ambos os países nomearam ministros para representá-los, permitindo sua participação nos debates e, assim, possibilitando a assinatura da Declaração de Belém, documento conclusivo do evento, que será divulgado ao término do encontro.
Adicionalmente, a Noruega e a Alemanha, as principais contribuintes do Fundo Amazônia, que financia projetos de conservação florestal, também estarão presentes por meio de seus representantes.
Marina na Cúpula da Amazônia
Durante um pronunciamento, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou quais eram suas expectativas para a Cúpula. “Nós sabemos que a natureza já está no vermelho em mais de 30% na sua capacidade de suporte. Sabemos que as nossas ações desequilibraram muitos processos, sobretudo, desequilibraram as regularidades ambientais e cósmicas. Nós mudamos, pela a nossa ação, as correntes marítimas. Hoje nós temos um desequilíbrio, um desequilíbrio no regime de chuvas do planeta. […] A Amazônia está drasticamente ameaçada”, declarou a ministra. “Não podemos permitir que ela [A Amazônia} entre em ponto de não retorno, e a terceira é que é impossível reverter esse processo trabalhando de forma isolada. Então, vamos trabalhar de forma conjunta”, afirmou.
Segundo Marina, é preciso um esforço coletivo substancial para realizar as mudanças necessárias na região, garantindo a participação completa e efetiva das populações, das várias esferas governamentais e dos diversos setores da sociedade civil. “É preciso fazer políticas públicas para a Amazônia com base em evidências. Não é momento de termos atitudes erráticas”, disse ainda.
Visita anterior de Maduro ao Brasil
Em maio, o presidente venezuelano desembarcou no Brasil para se reunir com o presidente Lula e participar da cúpula de líderes da América do Sul. Ao aterrissar em território brasileiro, Maduro utilizou as redes sociais para expressar sua profunda gratidão pela calorosa recepção que lhe foi oferecida.
“Agradeço a calorosa acolhida com que fomos recebidos em Brasília, capital da República Federativa do Brasil. Nas próximas horas estaremos desenvolvendo uma agenda diplomática que reforce a necessária união dos povos de nosso continente. Estejam cientes!”, declarou Maduro.
O presidente Lula também usou as redes para estabelecer forças entre os países sul-americanos na Cúpula. “Recebo nesta semana em Brasília presidentes da América do Sul, para juntos discutirmos o futuro da nossa região. Nenhum país cresce sozinho. Temos que trabalhar com nossos vizinhos na construção de parcerias pelo desenvolvimento econômico da região, fortalecimento de laços culturais e na defesa da democracia. Bom dia e boa semana a todos”, afirmou o petista.
A cúpula, que contou com a presença de 11 presidentes, ocorreu em Brasília, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Entre eles, compareceram os líderes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Já em março de 2020, sob a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o Brasil efetuou a retirada de seus diplomatas da embaixada localizada na capital venezuelana, Caracas. Essa medida foi tomada devido à posição do governo brasileiro, que não reconhecia a liderança de Nicolás Maduro na Venezuela.
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