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A pergunta de ouro para o governo

Só nas últimas horas o governo Lula Governo anunciou 6.778 obras, em 3.270 municípios, alcançando 87% da população brasileira, já outro dado revelou que a renda do trabalho dos brasileiros, durante o governo atual, teve a maior alta desde o Plano Real. É inegável que os números na economia mostram sim que o Brasil segue […]

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Foto: Agência Brasil

Só nas últimas horas o governo Lula Governo anunciou 6.778 obras, em 3.270 municípios, alcançando 87% da população brasileira, já outro dado revelou que a renda do trabalho dos brasileiros, durante o governo atual, teve a maior alta desde o Plano Real.

É inegável que os números na economia mostram sim que o Brasil segue uma trajetória de recuperação consistente, principalmente por conta dos constantes anúncios de investimentos estrangeiros na casa do bilhões diretamente para o Brasil mas onde isso se reflete nas avaliações do governo mais recentes?

Para isso, precisamos ir para as pesquisas publicadas recentemente: Quaest e a Atlas.

Na Atlas a pergunta “como você avalia a situação econômica do Brasil e o mercado de trabalho neste momento? E como você avalia a situação econômica da sua família?” Tem informações reveladoras, com mais de 50% dos entrevistados acreditando que a situação do Brasil e do emprego estão ruins, não dá para creditar esses números unicamente à polarização entre extremistas de direita e democratas, caso fosse, Lula não teria vencido as eleições de 2022.

Por outro lado a avaliação negativa da situação econômica também teve uma subida acentuada, enquanto a avaliação boa se manteve estável nos últimos meses.

Já a Quaest nos traz um conjunto de dados ainda mais interessantes. A maioria dos entrevistados (38%) acredita que a economia brasileira piorou nos últimos 12 meses. Além disso, um outro gráfico mostra que a expectativa com a economia também não anda tão otimista:

E ainda temos uma sinalização importante do recorte de grupos já que a faixa de eleitores do presidente que acreditam que a economia melhorou nos últimos 12 meses caiu quase 10 pontos enquanto a visão pessimista dos Brancos e Nulos segue apresentando tendência de aumento. Por fim, temos os eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro que seguem firmes em suas próprias convicções, não importa o que o governo faça.

Diante dos fatos expostos é preciso fazer algumas reflexões importantes, principalmente no caso do aumento da renda dos trabalhadores: Se o aumento ocorreu, os trabalhadores não tiveram percepção desse aumento por qual motivo? Se tiveram essa percepção, a quem eles atribuem isso?

Se o número duro do extremismo de direita brasileiro ocupa algo entorno de 30% do eleitorado, o que explica a percepção negativa sobre a situação econômica do Brasil ser mais de 50% na pesquisa Atlas? Já na Quaest, apenas 26% dos eleitores creem que a economia melhorou nos últimos 12 meses, além disso como podemos notas, temos uma massa de “ficou do mesmo jeito/não mudou” que orbita entre os 20 e 35% a depender do recorte, não são eleitores radicalizados, porém, não estão muito entusiasmados.

O que nos leva a crer quer que ou o extremismo de direita no Brasil é muito maior do que se imagina. Ou então o problema é muito mais grave já que, em outro recorte da pesquisa Atlas todas as áreas mostraram uma tendência de aumento nas avaliações negativas (classificadas como “ruim” e “péssimo”) durante o período de julho de 2023 a março de 2024.

E sejamos francos, o governo tem sim seus erros e deficiências, além disso, os 30% de extremistas que odeiam Lula de maneira irrevogável, já avaliavam negativamente ontem, antes de ontem e no ano passado, se a avaliação negativa está crescendo, significa que quem avaliava o governo positivamente antes, hoje já deixou de avaliar positivamente e passou a ter uma percepção negativa do governo. Parece algo simples de se afirmar, mas (com o risco de se tornar pedante) é preciso apontar o óbvio algumas vezes.

É claro que a inflação de alguns alimentos causada pelas mudanças climáticas realmente está impactando na percepção dos trabalhadores, porém existem outros detalhes importantes:

Entre os trabalhadores formais do setor privado, no entanto, o ganho nos rendimentos foi de apenas 2,9%, bem longe dos 11% dos informais e outros segmentos. A maior variação real de ganhos de renda em 2023 foi entre trabalhadores do setor privado sem carteira (14,9%).

E é aí que mora o perigo. Conversando com o economista David Deccache ele lembrou o fato de que a renda dos informais é muito mais volátil seja para ganhou ou para perdas.

“Quando, por exemplo, a gasolina e câmbio disparam, se deram mal imediatamente. O oposto é também verdade. Quem tem vínculo formal, ao mesmo que tempo que se protege de perda na crise, não tem ganho automático na alta” que ainda completou: “setor informal é mais pro-cíclico […] Nas eras Lula 1 e 2 isso aconteceu também”.

David também apontou que com a economia aquecendo este ano igual o ano anterior, especialmente com real valorizando, isso vai acabar por puxar, mais uma vez, o setor de serviços. “Cabelereiros, mecânicos, serviços em geral sobem”, disse David que afirmou que projeta, para este ano, um ganho menor que em 2023.

Por mais que a comunicação seja um estrondoso calcanhar de Aquiles do governo e exista uma forte polarização na sociedade brasileira, nenhum dos dois fatos é capaz de dificultar a vida do governo nas pesquisas de opinião isoladamente.

O que nem o governo e nem as pesquisas conseguiram ainda captar exatamente é a resposta para a pergunta de outro: por qual motivo os notórios esforços e trabalhos na área e econômica não estão impactando a população?

Responder essa pergunta sem qualquer dado um número é mero achismo, exercício de adivinhação, algo equivalente ao uso de tarot e astrologia para prever eventos futuros: pode ser qualquer coisa, pode ser nada, depende apenas de quem faz a leitura, mesmo que isso esteja longe da realidade.

As pesquisas do governo precisam começar a trabalhar com esta pergunta e, por enquanto, ainda não trabalham.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Ronald Lobato

11/03/2024 - 07h21

Não entendi muito bem onde o autor quer chegar. Afora a dificuldade de entender o porquê dos dados negativos, qual é a pergunta que não é feita?

Walfredo Ferreira da Silva

10/03/2024 - 18h12

Na verdade , a comunicação do governo LULA é que está falha . Ontem eu ví e ouvi
Michele Bolsonaro dentro de uma igreja em Salvador , dizer que LULA gasta com as
viagens no exterior o dinheiro do bolsa família , uma canalhice sem tamanho , e não
aparece ninguém da esquerda para desmentir essa aberração , e isso , se não houver
combate , vai ficando na mente dos desavisados e ignorantes . A esquerda precisa
entender que para enfrentar a extrema direita tem que encarar de frente , todos os dias. A comunicação deles , principalmente nas redes sociais , mesmo com mentiras, é
muito forte . Como é possível que LULA esteja caindo nas pesquisas quando visivelmente se nota de como o Brasil mudou em mais de um ano ?

Ronei

10/03/2024 - 15h04

Os números da economia mostram o exato oposto, a economia está estagnada e o Brasil dependente do agronegócio para sobreviver. O resto é nulo, menos de zero.


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