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Reviravolta! Vitória histórica da esquerda francesa!

Foi uma vitória com repercussão mundial, com certeza! Pois ocorreu poucas semanas depois das eleições no parlamento europeu registrarem um avanço assustador da extrema direita, embora hoje se saiba que as análises iniciais tenham exagerado um bocado. Amigos correram para me perguntar se eu achava que haveria mudança na política externa francesa sobre Gaza e […]

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Foi uma vitória com repercussão mundial, com certeza! Pois ocorreu poucas semanas depois das eleições no parlamento europeu registrarem um avanço assustador da extrema direita, embora hoje se saiba que as análises iniciais tenham exagerado um bocado. Amigos correram para me perguntar se eu achava que haveria mudança na política externa francesa sobre Gaza e Ucrânia. Possivelmente não muita, porque Macron, o presidente, ainda continuará controlando essa parte do governo.

Por outro lado, muda muita coisa sim na cultura política da França e da Europa, já que a grande vencedora dessa eleição é ela, a Paris rebelde, de tantas revoluções. O coração vermelho da França, mais uma vez, prevaleceu sobre os reacionários do interior, como tem acontecido frequentemente desde 1789.

Os resultados ainda precisam ser digeridos pelos analistas, mas o impacto disso sobre essa grande guerra cultural e ideológica em curso hoje no mundo, é gigantesco. Foi uma vitória das massas organizadas, dos estudantes e professores universitários, dos defensores de valores democráticos e direitos humanos, dos antirracistas, dos militantes pela Palestina Livre e pela resolução pacífica e diplomática do conflito na Ucrânia. Vive la France!

Na noite de domingo, 7 de julho de 2024, a França vivenciou uma virada política de proporções bíblicas com os resultados do segundo turno das eleições legislativas. O Novo Front Popular (NFP), uma coalizão de forças de esquerda, emergiu como o grande vencedor, prometendo governar com base em seu programa unificado. As estimativas do instituto de pesquisa Ifop, às 20h, indicavam que a coalizão conquistaria entre 175 e 215 cadeiras na Assembleia Nacional, enquanto o Rassemblement National (RN) e seus aliados, incluindo Ciotti, alcançariam entre 130 e 160 assentos. O campo presidencial, liderado por Emmanuel Macron, teria entre 150 e 170 eleitos, e a direita tradicional, representada pelos Républicains (LR), garantiria entre 60 e 64 assentos.

Os detalhes das projeções mostravam que a França Insoumise (FI) conquistaria entre 85 e 94 cadeiras, o Partido Comunista Francês (PCF) entre 8 e 10, o Partido Socialista (PS) entre 55 e 65, e os ecologistas entre 32 e 36. O sucesso do NFP é atribuído, em grande parte, ao desdobramento estratégico das forças republicanas e à dinâmica crescente da coalizão.

Os líderes das forças de esquerda imediatamente instaram o presidente Emmanuel Macron a chamar o Novo Front Popular para governar, com o objetivo de implementar o programa da coalizão. Apesar de não terem conseguido uma maioria absoluta, a liderança da esquerda nas eleições lhes permite reivindicar o controle do governo, embora enfrentem o desafio de formar uma maioria funcional na Assembleia Nacional.

Na Dordogne, na 4ª circunscrição, Sébastien Peytavie (NFP) foi reeleito com 54,64% dos votos, superando seu oponente Dominique-Louise Marchaudon (RN), que obteve 45,36%. Em contraste, na 13ª circunscrição de Bouches-du-Rhône, o candidato do PCF, Pierre Dharréville, foi derrotado pelo candidato do RN, Emmanuel Fouquart, com Dharréville recebendo apenas 46% dos votos.

Na Gironde, 12ª circunscrição, Mathilde Feld (NFP) venceu por uma margem estreita, com 50,41% dos votos contra 49,59% para Rémy Berthonneau (RN). Na 1ª circunscrição de Aveyron, o deputado da maioria presidencial, Stéphane Mazars (Ensemble), foi reeleito com 65,17% dos votos, após o candidato do NFP, Léon Thébaut, desistir em seu favor. David Habib (DVG) foi eleito na 3ª circunscrição dos Pyrénées-Atlantiques com 64,50% dos votos, derrotando Nicolas Cresson (RN), que obteve 35,50%.

Sophie Binet, secretária-geral da CGT, expressou sua satisfação no Twitter, chamando a vitória de “incrível” e destacando que “a República e a democracia venceram a extrema-direita apesar do caos criado por Macron”. Ela também pediu a abolição da reforma das aposentadorias aos 64 anos e um aumento dos salários.

Com a liderança do NFP nas eleições, a coalizão de esquerda agora enfrenta a tarefa de negociar e formar uma maioria para governar. Emmanuel Macron, em resposta aos resultados, convocou uma reunião com os líderes da coligação Ensemble e o primeiro-ministro Gabriel Attal no Palácio do Eliseu, mas não está previsto que se pronuncie imediatamente.

As eleições legislativas de 2024 ocorreram após a dissolução da Assembleia Nacional por Macron, em um contexto de crescente polarização política. No primeiro turno, realizado em 30 de junho, o RN e seus aliados lideraram com 33,15% dos votos, seguidos pela coalizão de esquerda do NFP com 27,99% e pelo campo presidencial com 20,04%. Os Républicains, não aliados ao RN, obtiveram 6,57% dos votos.

O NFP obteve 32 dos 76 eleitos no primeiro turno, concentrando suas vitórias principalmente na região de Île-de-France. No segundo turno, 243 candidatos do NFP enfrentaram o RN em 110 duelos e 133 triangulares, com a FI liderando em 110 circunscrições, os socialistas em 84, os ecologistas em 33 e os comunistas em 16.

A vitória do Novo Front Popular nas eleições legislativas de 2024 representa uma reviravolta na política francesa. Com a esquerda unida emergindo como a força dominante no parlamento, há um novo cenário político no horizonte, com a coalizão de esquerda se preparando para governar e enfrentar os desafios de encontrar uma maioria funcional na Assembleia Nacional. A dinâmica política na França está em transformação, prometendo um período de mudanças enquanto as diferentes forças políticas negociam seus papéis e influências no novo governo.

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