O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,49% em maio, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 30, pela Fundação Getulio Vargas (FGV).
O resultado representa reversão em relação à alta de 0,24% verificada em abril e ficou abaixo da expectativa do mercado, que projetava recuo de 0,34%, conforme pesquisa da Reuters.
Com o desempenho de maio, o índice acumula variação positiva de 7,02% nos últimos 12 meses. O movimento de retração foi influenciado, principalmente, pela redução nos preços de matérias-primas no atacado e pela desaceleração de itens no varejo.
O principal componente do IGP-M, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), apresentou queda de 0,82% no mês, após ter subido 0,13% em abril. O IPA representa 60% da composição do IGP-M e mede a variação de preços no atacado.
Matheus Dias, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), atribuiu a queda à perspectiva de safra agrícola positiva e à redução da demanda internacional por insumos industriais.
“Nos preços ao produtor, a expectativa positiva em relação ao volume da safra atual pressionou para baixo os de milho, soja e arroz, contribuindo para a queda das matérias-primas brutas agropecuárias. Além disso, o minério de ferro voltou a recuar, reflexo da menor demanda global”, afirmou.
Entre os segmentos do IPA, o estágio de Matérias-Primas Brutas registrou recuo de 2,06% em maio, intensificando a queda de 0,30% apurada em abril.
Os itens com maior impacto na retração do IPA foram milho em grão, que passou de alta de 6,50% para queda de 9,79%, minério de ferro, que recuou 2,30% ante queda de 1,83% no mês anterior, e óleo diesel, que caiu 6,87% após redução de 3,24% em abril.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-M, subiu 0,37% em maio, ritmo inferior ao observado no mês anterior, quando teve alta de 0,46%. A desaceleração foi influenciada por reduções nos preços de transporte e telecomunicações.
“No IPC, a combinação entre a queda do querosene de aviação e o efeito da baixa temporada provocou recuo nas tarifas aéreas, colaborando para a desaceleração dos preços ao consumidor”, explicou Dias.
Entre os principais itens que puxaram para baixo a variação do IPC, destacam-se passagem aérea, com queda de 5,96% (ante recuo de 5,34% em abril), tarifa de telefone móvel, que caiu 1,87% (após alta de 0,14%), e tomate, que teve retração de 4,78%, revertendo alta de 23,71% registrada no mês anterior.
O terceiro componente do IGP-M, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), apresentou aumento de 0,26% em maio, desacelerando frente à variação de 0,59% registrada em abril. O INCC tem peso de 10% na composição do IGP-M.
O IGP-M é calculado com base nas variações de preços coletadas entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. O índice é amplamente utilizado para o reajuste de contratos de aluguel e tarifas de serviços, além de ser referência em negociações entre empresas e correção de valores financeiros.
A queda do IGP-M em maio reflete o comportamento dos preços no atacado e no varejo, influenciados por fatores sazonais e conjunturais, como expectativas de produção agrícola, movimentos do mercado internacional e flutuações na demanda interna.
O resultado também mostra que a inflação medida pelo IGP-M ainda acumula alta significativa em 12 meses, mesmo com a deflação registrada no mês. A FGV continuará monitorando os efeitos da dinâmica das commodities, dos serviços e da construção civil sobre o índice nos próximos meses.
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