Após confirmar pontos da delação, Mauro Cid tenta deixar os interrogatórios, alegando não ter mais nada a acrescentar ao STF sobre a trama golpista
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-assessor direto de Jair Bolsonaro (PL), solicitou à Justiça nesta segunda-feira (9) que seja dispensado dos próximos interrogatórios no Supremo Tribunal Federal (STF), onde é réu na ação que investiga a suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022.
A defesa de Cid protocolou o pedido ainda durante a sessão desta segunda, quando o militar já havia prestado depoimento como delator do caso. Ele foi o primeiro a ser ouvido no processo que apura o chamado “núcleo crucial” da trama, que teria como objetivo manter Bolsonaro no poder.
“(Mauro Cid) dirige-se a Vossa Excelência, respeitosamente, para requerer sua dispensa das demais audiências de interrogatório aprazadas para o correr desta semana de 09/06/2025, uma vez que já prestou depoimento, não tendo mais nada a acrescentar ou esclarecer ao Juízo, permanecendo, evidentemente, à disposição para qualquer outro esclarecimento que se fizer necessário”, diz o documento.
Durante cerca de quatro horas de depoimento, Cid confirmou pontos de sua delação premiada, incluindo detalhes sobre a suposta crise psicológica de Bolsonaro no período pós-eleição e as tentativas desesperadas do ex-presidente de contestar os resultados das urnas. Testemunhas relataram que o militar demonstrou nervosismo durante o interrogatório, chegando a gaguejar em alguns momentos.
O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, ainda não se manifestou sobre o pedido. Enquanto isso, os interrogatórios seguem nesta terça-feira (10/6) com o depoimento do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha.
Até sexta-feira (13/6), ainda devem ser ouvidos:
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça
- General Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa
- Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil (por videoconferência, por estar preso)
O processo trata de uma das investigações mais graves da história recente do país, com indícios de que aliados do ex-presidente articularam medidas para deslegitimar o sistema eleitoral e reverter os resultados que deram vitória a Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa é que os depoimentos ajudem a esclarecer o nível de envolvimento de cada um dos acusados.
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