Menu
,

Ana de Hollanda e o Cultura Viva

O Cafezinho tem a honra de apresentar mais um colunista fixo. A ex-ministra Ana de Hollanda assinará a coluna Grão Fino, atualizada de 15 em 15 dias.

6 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News

O Cafezinho tem a honra de apresentar mais um colunista fixo. A ex-ministra da Cultura, Ana de Hollanda, assinará a coluna Grão Fino, atualizada de 15 em 15 dias. Em sua primeira participação, Hollanda fala sobre o programa Cultura Viva, os problemas com que se deparou ao assumir o ministério e o que fez para enfrentá-los e assegurar a continuidade do projeto.

Trecho:

“É compreensível que a ameaça de possíveis mudanças, alimentada por alarmismos em função do cancelamento de parte dos convênios auditados, tenha gerado inseguranças. Mas o objetivo desse levantamento visava exatamente garantir a continuidade do programa, afastando as suspeitas de não ter condições de cumprir sua vocação.”

 

Salve Cultura Viva!

Por Ana de Hollanda*

Ao abordar o programa Cultura Viva do Governo Federal, não há como negar, em sua concepção, uma visão antropológica que enxerga na cultura a tradução dos conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes e outros hábitos adquiridos pelo ser humano enquanto membro de uma sociedade. Essa cultura é mutante mas, popular ou erudita, reflete o modo de ser ou pensar de uma determinada comunidade onde se insere um pólo cultural, que veio a ser reconhecido como Ponto de Cultura. A criação do projeto dos Pontos de Cultura em 2004, pelo então ministro Gilberto Gil, foi um marco de mudança de rumo do Ministério da Cultura, dentro do espírito de gestão do Presidente Lula.

Como qualquer programa inovador, após alguns anos de teste deve passar por um diagnóstico qualitativo em relação aos objetivos e resultados alcançados. Nesse sentido, o MinC encomendou ao IPEA uma avaliação criteriosa para que o Ministério, apoiado em resultados concretos, pudesse redirecionar o programa para atender a uma necessidade de readequação e realinhamento, buscando sempre alcançar melhor patamar de desempenho do Cultura Viva. A partir de 2011, o Ministério da Cultura, com apoio e orientação da Controladoria Geral da União, se viu obrigado a diagnosticar a situação legal de todos os contratos em andamento e vistoriar pessoalmente as centenas de Pontos que, apesar de oficializados, nunca haviam recebido a visita de representante do Governo Federal.

Minha prioridade, como Ministra, era a de honrar os compromissos assumidos, a maioria dos quais estava ha mais de um ano sem receber a devida parcela. Por outro lado, buscamos soluções jurídicas e administrativas junto aos órgãos competentes, para adequar instrumentos, procedimentos e garantir a manutenção do Programa que integra 3.703 Pontos de Cultura nos 26 estados e Distrito Federal, atingindo cerca de mil municípios. Nesse processo, boa parte dos orçamentos de 2011 e 2012 foram destinados a quitar restos a pagar dos Pontos e Pontões de Cultura deixados pela administração anterior. No mesmo sentido, dos 172 milhões de reais inscritos nessa condição, 75 milhões foram cancelados, por orientação da CGU, devido a irregularidades nos contratos ou documentações.

É compreensível que a ameaça de possíveis mudanças, alimentada por alarmismos em função do cancelamento de parte dos convênios auditados, tenha gerado inseguranças. Mas o objetivo desse levantamento visava exatamente garantir a continuidade do programa, afastando as suspeitas de não ter condições de cumprir sua vocação.

A partir de março de 2012, o Ministério da Cultura através da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), num trabalho conjunto com os parceiros e Redes de Pontos de Cultura, promoveu uma série de encontros e seminários visando o Redesenho do Programa Cultura Viva. O redesenho, fruto de diálogos abertos entre o poder público e os representantes dos pontos, auxiliados pelo olhar técnico do IPEA, foi mantido pela Ministra Marta Suplicy, num claro sinal de que o espírito da gestão da Presidenta Dilma é também o de manter os programas culturais que apóiem os movimentos comunitários organizados.

Longa vida ao Cultura Viva!

* Ana de Hollanda, ex-ministra da Cultura do governo Dilma, assina a coluna quinzenal Grão Fino, no Cafezinho.

Apoie o Cafezinho

Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

João

03/06/2013 - 01h54

Seja benvinda à blogosfera, Ana.

Rosana Borges

03/06/2013 - 01h50

Aguardamos por seus novos artigos, Ana!

Beijos!

Yuri

03/06/2013 - 01h41

Parabéns pela nova colunista!

Abs!

Messias Franca de Macedo

02/06/2013 - 16h04

UMA TEMÁTICA QUE PODERIA SER EXPLORADA PELA NOVA COLUNISTA!

UM TRIBUTO AOS DEMoTUCANOS & O RESTANTE DA [eterna e famigerada] OPOSIÇÃO AO BRASIL – E À CIVILIDADE!

####################

Arrogância é própria dos tolos.

Marco Aurélio, que comandou o mundo no último grande momento de Roma, personificou o sonho de Platão: o imperador filósofo.
(…)
Eram reflexões para si próprio, frases curtas e não obstante profundas que giravam, basicamente, sobre a efemeridade da glória e da vida.
(…)
Sugestão do imperador filósofo para o começo de cada dia: “Previna a si mesmo ao amanhecer: vou encontrar um intrometido, um mal agradecido, um insolente, um astucioso, um invejoso, um avaro”.
(…)
A arrogância, mostra ele, sustenta-se apenas na ignorância e na ilusão. “Cada um vive apenas o momento presente, breve. O mais da vida, ou já se viveu ou está na incerteza. Exíguo, pois, é o que cada um vive. Exíguo, o cantinho da terra onde vive. Exígua, até a mais longa memória na posteridade…
(…)
Em ingênua oposição ao cerne da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo -, ouso dizer que suas palavras são eternas.
Por jornalista Paulo Nogueira
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/as-licoes-de-marco-aurelio-o-imperador-filosofo/

Marina Lang

02/06/2013 - 12h58

Eu não sou muito fã dos programas do Cultura Viva, porque entendo que eles operam no limiar do assistencialismo cultural e amarram grupos culturais à burocracia do Estado. Mas também fico satisfeito em saber que você fez um trabalho sério para racionalizar o programa e mantê-lo forte. Houve muita polêmica e incompreensão, mas é da vida. Boa sorte em seus textos.

Antonio Verde

02/06/2013 - 12h52

Seja benvinda ao Cafezinho, Ana! Acompanhei o seu trabalho com os pontos de cultura, e fico feliz de saber que tentou superar os problemas. Até hoje, o ministério tem problema com os repasses porque muitos pontos tem dificuldades para cumprir os ritos burocráticos do setor público.

Abraço!


Leia mais

Recentes

Recentes