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Sobre a campanha do Financial Times contra o governo

Publicado no blog do Paulo Moreira Leite. O Financial Times e Os Três Patetas Prossegue a todo vapor campanha do Financial Times contra o governo brasileiro, executada com perfeito timing eleitoral Por Marcelo Zero* O FT, a bíblia britânica do capital financeiro e da ortodoxia econômica, que defende as políticas econômicas que ocasionaram a recessão […]

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Publicado no blog do Paulo Moreira Leite.

O Financial Times e Os Três Patetas

Prossegue a todo vapor campanha do Financial Times contra o governo brasileiro, executada com perfeito timing eleitoral

Por Marcelo Zero*

O FT, a bíblia britânica do capital financeiro e da ortodoxia econômica, que defende as políticas econômicas que ocasionaram a recessão mundial e que atrasam a recuperação dos países que as adotam, não se conforma com as políticas contracíclicas adotadas por Dilma. Eles preferem, é claro, as medidas impopulares que promete Aécio.

As mesmas que são adotadas hoje na Europa fragilizada e em crise, inclusive no Reino Unido. As mesmas que vêm aumentando as desigualdades e o desemprego; e diminuindo salários, aposentadorias e direitos.

Em novo artigo pomposamente intitulado Brazil´s Olympian World Cup Blues, o FT critica Dilma pelo atraso nas obras da Copa e pela economia “ladeira abaixo”. Chegam a afirmar que Rousseff é “Merkel-seeming but Marx brothers-delivering” (com aparência de Merkel, mas com resultados dos Irmãos Marx). Os nossos conservadores com alma de vira-latas vibram com o desrespeito vulgar à nossa presidenta, achando que o FT é a voz de Deus. Senão do Todo Poderoso, pelos menos do Mercado, o Deus ex Machina do liberalismo.

O gozado é que o FT há pouco comemorou o resultado do PIB britânico de 2013, o qual, depois de corrigido, mal chegou a 1,7%, resultado bem inferior ao Brasil, que foi de 2,3%.

Ressalte-se que, mesmo com esse resultado, o PIB britânico continua 1,3% inferior ao PIB de 2008, como se mostra na linha inferior do gráfico abaixo. Essa linha mostra também uma recuperação muito lenta e penosa, refreada pelas políticas ortodoxas que o FT tanto recomenda. Ninguém, nem mesmo os irmãos Marx, conseguiriam fazer humor com esse desastre.

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Em contraste, o PIB do Brasil, estimulado pelas “desastrosas” políticas contracíclicas adotadas pelo governo brasileiro, está hoje, mesmo com a redução recente do crescimento econômico, 14% acima do seu nível de 2008.

Essa recuperação britânica muito lenta e difícil também afeta o mercado de trabalho. Há atualmente, no Reino Unido, um número menor de empregados de tempo integral do que havia em 2008. Mesmo com a pequena e lenta recuperação recente, houve a destruição líquida de 135 mil de empregos desse tipo, desde 2008. Na realidade, até 2012, o Reino Unido havia perdido 2,7 milhões de ocupações. O pequeno crescimento recente recuperou as ocupações perdidas, mas essa geração de ocupações se concentrou no trabalho autônomo e no trabalho em tempo parcial. Os empregos de qualidade, os empregos em tempo integral, ainda continuam em nível inferior ao dos tempos pré-crise.

Em contraste, o governo dos “irmãos Marx” de Dilma Rousseff gerou nada menos que 4,8 milhões de empregos com carteira assinada em apenas três anos. Como são eficientes esses Irmãos Marx brasileiros!

No que tange aos rendimentos do trabalho, 2014 será a primeira vez, em seis anos (!), que os salários mínimos do Reino Unido crescerão além da inflação, isto é, terão algum ganho real. Nada de mais, somente algo em torno de 2%. Isso não fará nem cócegas na diminuição dos rendimentos reais do trabalho, naquele país.

Em contraste, nos governos do PT o salário mínimo cresceu, em termos reais, cerca de 70%. Nem a imaginação dos irmãos Marx faria o salário mínimo crescer tanto.

O contraste maior, entretanto, está nas desigualdades. As políticas ortodoxas adotadas no Reino Unido desde o período de governo de Margaret Thatcher, que o FT sempre aplaudiu, vêm aumentando bastante as desigualdades naquele país. O índice de Gini passou de 0,240, ao final dos anos 70, para 0,340, em 2012. Hoje, apenas as cinco mais ricas famílias do Reino Unido têm mais que os 20% mais pobres da população. Algo surreal, digno do humor cáustico dos irmãos Marx.

CRESCIMENTO das Desigualdades No Reino Unido

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O Reino Unido é hoje um dos países mais desiguais do mundo desenvolvido

Já no Brasil, as políticas de eliminação da pobreza a e de diminuição das desigualdades adotadas pelos governos à la irmãos Marx, na definição do FT, vêm diminuindo rapidamente as desigualdades. Vejam o gráfico abaixo.

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O FT quer fazer gracinhas com o Brasil de hoje, que não segue, como no passado, o script desastroso das políticas ortodoxas. Mas se esquece de um pequeno detalhe: a realidade.

Quando se compara um modelo com o outro só se pode chegar a uma conclusão: se o governo de Dilma Rousseff é algo semelhante a uma comédia dos Irmãos Marx, então as análises do FT são dignas dos filmes dos Três Patetas.

*Marcelo Zero é formado em Ciências Sociais pela UnB e assessor legislativo do Partido dos Trabalhadores

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Melchiades

11/05/2014 - 20h45

Muito bom o artigo …

Armando

08/05/2014 - 00h47

Miguel, você e outros perceberam o espaço para comentários desse artigo, na Isto É, ou será isto foi alguma coisa mais ou menos séria….Só comentários em inglês vassalo, com conotações suspeitas….para denegrir o jornalista que o escreveu, evidentemente….Apontei, nesse site, daquela revista que já era, a observação sobre possíveis robozinhos entreguista e fascistas a serviço da vassalagem aos ditames neoliberais ingleses. E cobrei que não sabotassem meu comentário…..

henrique

07/05/2014 - 18h05

Brasileiros,

Bom mesmo era naquela época em a taxa Selic era de 45 % aa e os rentistas do UK aplicavam no Brasil fumando um charuto importado e tomando whisky nacional e rindo da nossa cara mais do que nós quando assistíamos um filme dos três patetas.
Esta época terminou em 2002, agora no governo trabalhista brasileiro ela é de 11,25 % aa dos quais descontando-se a inflação média anual de 6,5 % mais 2,5 % de taxação e impostos, sobram 2,25 % de rendimentos.
E é isso que incomoda os neoliberais daqui e de lá.
Vão de retro usurpadores.

Nikola

07/05/2014 - 17h23

É. O humor dos Marx era sofisticado. O dos Três Patetas era digno de patetas.

Urubulino Coimbra

07/05/2014 - 17h21

troll detected

Leonardo

07/05/2014 - 16h35

E nossa gestora vassala, vai falar alguma coisa ou vai esperar… o horário eleitoral? Vai a tv desqualificar e rir da cara dos vira-latas e do FT colocando estes dados do próprio PT, ou vai deixar essa opinião impedir as pessoas de pensarem além da matrix do pig?

Com certeza ela não dirá uma palavra. Assim como o fdp e golpista do zé eduardo nada fez com o agente da PF Danilo Balas (viram o nome?) fazendo treinamento de tiro com um desenho de Dilma. Nada falará contra a procuradora que tentou grampeá-la. Nada! Ela, na verdade, deve aguardar o golpe. Esse deve ter sido o script traçado pela máfia que – a meu ver – deve tê-la ameaçado de morte. Vai ver, coitada, ela não é vassala, apenas foi ameaçada de ser assassinada (fato que eu não descarto).


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