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Espiando o poder – Comemorando a eleição, de olho na abstenção

[s2If !current_user_can(access_s2member_level1) OR current_user_can(access_s2member_level1)] Espiando o poder: análise diária da grande imprensa Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho Como no dia seguinte ao primeiro turno das eleições municipais, as edições dos jornais da grande mídia festejam hoje o resultado final do pleito municipal. Marcello Crivella, do PRB, venceu Marcelo Freixo, do PSol, no Rio […]

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Espiando o poder: análise diária da grande imprensa

Por Luis Edmundo Araujo, colunista do Cafezinho

Como no dia seguinte ao primeiro turno das eleições municipais, as edições dos jornais da grande mídia festejam hoje o resultado final do pleito municipal. Marcello Crivella, do PRB, venceu Marcelo Freixo, do PSol, no Rio de Janeiro, e acabou com a última esperança de uma vitória da esquerda numa grande capital. Em Fortaleza, o candidato de Ciro Gomes (PDT), o prefeito Roberto Cláudio (PDT), se reelegeu. A vitória, segundo a Folha de São Paulo, “fortalece projeto presidencial de Ciro”, mas o jornal não fala nada disso na primeira página destinada a, como nos concorrentes, celebrar o que a manchete classifica como “guinada à centro-direita” do País. “PSDB governará população recorde”, completa a manchete da Folha, enquanto o Estado de São Paulo põe os resultados na conta do atual governo, afirmando que o “2o turno consolida revés dos opositores de Temer”. “Para Planalto, resultados sepultam discurso de ‘golpe'”, diz o subtítulo da manchete do Estadão, e os dois jornais paulistas destacam na capa o que o Globo diz logo na manchete. “Crivella vence em eleição com recorde de abstenção”, afirma o jornal carioca, lançando mão de um trunfo que, talvez, quem sabe, pode vir a ser útil se mesmo com o apregoado fim do PT, com a derrocada decantada da esquerda, as eleições de 2018 representarem algum risco à consolidação do golpe.

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O Valor Econômico puxa a vitória do PSDB para a seara do jornal ao dizer, na manchete, que “tucanos ganham gestão de R$ 160 bi”. “O PSDB sai das eleições como a maior força política nos municípios brasileiros. Vai governar 806 cidades, sendo sete capitais, com 34,6 milhões de eleitores, e terá em mãos um orçamento conjunto de R$ 160,5 bilhões. Esse valor é 140% superior ao que os tucanos conquistaram em 2012”, conta o jornal. No meio de vitória tão estrondosa, os jornais não podem deixar de citar, no entanto, a derrota significativa de ao menos um tucano: o senador Aécio Neves.

“PSDB conquista sete capitais, mas Aécio é derrotado em Minas”, diz a chamada de capa do Globo. Derrotado por Dilma Rousseff na disputa à Presidência em 2014, mesmo ano em que viu Fernando Pimentel, do PT, ser eleito governador de sua Minas Gerais, Aécio agora não conseguiu eleger o candidato de seu partido a prefeito de Belo Horizonte, João Leite. O ex-goleiro do Atlético Mineiro ficou com 47,02% dos votos, atrás do ex-presidente do mesmo clube, Elias Kalil (PHS), que obteve 52,98% dos votos válidos. E a Folha, no subtítulo da manchete, afirma de maneira cabal que “Aécio perde em BH e Alckmin se fortalece para 2018.

Na primeira página do Estadão, a colunista Eliane Cantânhede ratifica que “o segundo turno confirmou que o governador Geraldo Alckmin é o grande vencedor da eleição”. Já com relação ao terceiro cacique tucano, também presidenciável, não há mais nem uma linha hoje, nos jornais da mídia familiar, sobre a denúncia que a Folha expôs na manchete três dias atrás. “Odebrecht afirma ter pago caixa dois a Serra na Suíça”, disse a Folha na ocasião, denunciando que a campanha do atual ministro das Relações Exteriores, José Serra, à Presidência em 2010 recebeu R$ 23 milhões da Odebrecht pelo caixa 2. Hoje a notícia já desapareceu das páginas, inclusive da Folha.

Nem o colunista Ricardo Noblat, que trata hoje da operação Lava Jato, citou o nome do ministro na coluna, cujo título é “O que de fato importa”. Noblat até fala em dado momento, mais pra parte de baixo de seu texto, que a delação da Odebrecht “atingirá cabeças coroadas de quase todos os partidos, algumas delas aspirantes à sucessão de Temer”, mas não cita nomes além, é claro, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O destino de Lula, por exemplo, será definido até o fim do ano ou início de 2017. O juiz Sérgio Moro, na segunda quinzena de novembro, tomará o depoimento de quem delatou Lula por corrupção”, avisa o colunista.

Noblat completa afirmando que, “a confirmar-se o que o próprio PT espera, Moro condenará Lula. Poderá mandar prendê-lo ou não. Se não prender, Lula aguardará em liberdade a decisão posterior do Tribunal Federal de Recursos com sede em Porto Alegre. Até aqui, o tribunal avalizou ou agravou as sentenças de Moro. Caso isso se repita, Lula deverá ser preso e, como ficha-suja, não disputará a eleição de 2018.” Em nenhum momento de sua coluna, Noblat fala da queixa da defesa de Lula aceita pela Organização das Nações Unidas (ONU), que, na prática, coloco Moro e os procuradores da Lava Jato como réus na corte internacional de Genebra, acusados de crimes contra os direitos humanos devido à implacável perseguição, sem provas contra o ex-presidente.

No Estadão, na coluna que decreta o fim do PT e da possibilidade de Lula ser candidato em 2018, Vera Magalhães chama a denúncia, avaliada, aceita e encaminhada a julgamento na ONU, como “lance patético”. O título da coluna dela é “PT Saudações”, e na chamada de capa a colunista afirma que “se alguém acreditava em Lula candidato a presidente, o eleitor mostrou: isso não vai acontecer”. “A derrota do PT é tão avassaladora que não permite nenhuma leitura atenuante”, diz Vera. “Não se salvou nada nem ninguém no partido”, completa.

Na Folha, Joel Pinheiro da Fonseca diz em sua coluna, sob o título de “A decadência de uma religião”, que “a derrota de Freixo para Crivella será especialmente sentida. O Brasil perde a chance de ter uma cobaia das ideias do PSOL na economia e na gestão, e a esquerda de maneira geral volta para onde ela fica mais confortável: na oposição, criticando tudo que existe em favor de utopias imaginárias”.

O PT acabou, a esquerda definha, não existe a mais remota possibilidade de Lula se candidatar em 2018, quanto mais ganhar, mas mesmo assim não se pode arriscar. E se as últimas pesquisas visando a disputa à Presidência da República indicam, todas elas, que Lula tem liderança até certo ponto folgada nas intenções de voto, apesar ou por causa de todo o bombardeio jurídico-midiático que vem sofrendo desde que a marcha do golpe se intensificou, não custa nada investir em outra carta na manga.

“TSE registra taxa recorde de brancos, nulos e abstenções”, afirma o Estadão na chamada de capa em que “as eleições registraram 14,2% de votos brancos e nulos, a maior taxa para o 2o turno das disputas municipais desde 2004, quando o TSE começou a divulgar estatísticas digitalizadas”. Ainda na capa,  José Roberto de Toledo informa que “pesquisa Ibope mostra que cresceu de 51% para 54% a taxa dos que são contra o voto obrigatório”. O Globo lembra, ao tratar da eleição carioca, que “caberá a Crivella assimilar uma mensagem clara das urnas, traduzida pelo alto número de abstenções e de votos em branco e nulos. A soma, em números absolutos, resulta em 334 mil votos a mais do que os que recebeu o prefeito eleito. Um resultado histórico, que indica um desalento dos cariocas com seus representantes.”

A Folha avisa logo abaixo da manchete que  “número de brancos e nulos supera 10% pela primeira vez”, e a sensação que fica é de que tamanho desinteresse da população, essa desilusão do eleitor em relação aos políticos pode ainda servir a algum propósito dos donos do poder. Se nos próximos dois anos, com o esperado agravamento da recessão, da desigualdade de renda histórica do País só atacada, pra valer, nos 13 anos de governo do PT, o jogo pode virar. Sem emprego, com fome, sem direitos trabalhistas e à mercê de um Judiciário muito bem entrosado com as classes mais abastadas da população, sobretudo os barões da mídia, o povo pode vir a se tornar um fator de risco. Será a hora de usar, talvez, a abstenção recorde dessa eleição como justificativa para que tudo se resolva indiretamente, sem obrigar o pobre eleitor a gastar um domingo de sua vida para ir às urnas. A conferir…

Enquanto isso, na Islândia, como diz o Globo, com resultado “abaixo do esperado, Piratas tentam coalizão”. Esperança de uma nova esquerda, como o Podemos, na Espanha, o Partido Pirata ampliou em três vezes sua presença no Parlamento ao conquistar dez cadeiras, mas não confirmou as expectativas de que poderia chegar em primeiro lugar.”Partido antissistema ficou em terceiro, e novo governo só será formado após série de negociações”, informa o Globo. Segudno o jornal, “a sigla esperava desempenho melhor para tentar liderar uma coalizão, mas não perdeu a esperança. ‘Há muitas possibilidades de nos coligarmos’, escreveu o deputado Smari McCarthy.

E se a Folha avisa na chamada de capa que a vitória de Crivella é só o começo, com a afirmação de uma especialista indicando que “evangélicos migram para o Executivo de olho no Judiciário”, na Islândia, pelo menos, ainda há esperança…

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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