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Procuradores se manifestam contra ameaças veladas do general Villas Boas

Teve (pouca, mas teve) gente de esquerda que achou “normal” a fala do general. Alguns até bateram palmas. Mas estão equivocados. Villas Boas cedeu à extrema direita chucra militar. A menção à impunidade, às vésperas do julgamento do HC de Lula, não admite interpretações enviesadas. O general se posicionou politicamente numa questão extremamente sensível, que […]

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Teve (pouca, mas teve) gente de esquerda que achou “normal” a fala do general. Alguns até bateram palmas. Mas estão equivocados. Villas Boas cedeu à extrema direita chucra militar. A menção à impunidade, às vésperas do julgamento do HC de Lula, não admite interpretações enviesadas. O general se posicionou politicamente numa questão extremamente sensível, que divide o país e o próprio STF. Não podia fazê-lo, sobretudo numa conjuntura de crescimento das violências políticas e da polarização. O fato da fala do general se dar imediatamente após uma outra declaração de um oficial da reserva, que obteve grande repercussão, com ameaças de golpe militar em caso do STF conceder o HC ao presidente, também não deixa dúvidas: Villas Boas cedeu aos latidos da cachorrada fascista da caserna e fora dela.

A prova de que as declarações do general Villas Boas não poderiam ser mais inoportunas é que, ao contrário do que pregam as próprias palavras do militar, elas produziram mais instabilidade e agitação. Os setores mais elitizados da direita, como os donos do Globo, também se posicionaram contra a manifestação do general, por um motivo simples: criou um mal estar no STF; se o habeas corpus a Lula for negado, ficará parecendo que cedeu às ameaças militares.

***

No site do coletivo Transforma MP

NOTA PÚBLICA

04/04/2018 – Quarta-feira, 04 de Abril de 2018

O Coletivo por um Ministério Público Transformador vem manifestar veemente repúdio às mensagens publicadas em redes sociais pelo General Eduardo Villas Boas, Comandante do Exército Brasileiro, no dia de 3 de abril de 2018.

Nas postagens, expressando-se de maneira a causar ambiguidade, a referida autoridade manifesta preocupação com “o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade”. É inevitável que as mensagens sejam interpretadas no contexto da véspera do julgamento do habeas corpus em que o Supremo Tribunal Federal apreciará a inconstitucionalidade da execução provisória de sentença condenatória penal.

A sociedade brasileira superou, a custa de muito sacrifício, mais de duas décadas de supressão da democracia pelo regime militar implantado em 1964. Atualmente, vivemos sob um estado democrático de direito e este tem, como um de seus pilares, a total submissão do poder militar às autoridades e instituições civis da República, tendo a Constituição Federal sido extremamente clara ao estabelecer, em seu artigo 142, que a missão institucional das Forças Armadas é “a defesa da Pátria, a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.

Não tem amparo na Constituição Federal qualquer pretensão de tutela ou supervisão de autoridade militar sobre o desempenho das atribuições institucionais dos poderes da República, inclusive o Poder Judiciário. O chamamento das Forças Armadas para eventual ação específica que objetive a garantia da lei e da ordem, ou para auxílio às atividades de quaisquer dos poderes, somente deve ocorrer por iniciativa do órgão do poder civil com competência constitucional para tanto, nunca por iniciativa espontânea de autoridade ou instância de poder militar.

A conduta que se espera dos militares neste momento histórico de intensa instabilidade e conflituosidade que vivenciamos, resultante dos desdobramentos do golpe de estado travestido de impeachment ocorrido em 2016, é de serenidade e de resguardo da legalidade, contribuindo assim para que a sociedade brasileira e suas instituições, estas no limite de suas atribuições, possam construir uma saída para a crise e para o retorno do País a um governo com plena legitimidade popular.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Das Geraes

05/04/2018 - 14h41

Brito, me ajude a esclarecer esta dúvida cruel que me abate. Para que servem as forças armadas? Deixaram os traidores entregarem nossas riquezas aos interesses imperialistas. Virou poeira nosso submarino nuclear para a defesa do pré-sal, que já não é nosso. A base de Alcantara foi pro espaço dos americanos. As fronteiras entregues aos traficantes de drogas e armas. Em breve, venderão também as nossas terras. Eu pergunto: para que servem as forças armadas? Tempos bicudos: nossos generais batendo continência para um analfabeto capitão que, há pouco tempo, queria explodir um quartel. Não precisamos de forças armadas. Quando precisarmos, basta chamar os americanos para defender o que já é de propriedade deles.

    Rita Andreata

    05/04/2018 - 20h17

    As forças Armadas, no Brasil, viraram milícia do Execito norte-americano. Deveriam todos bater continências para a bandeira norte-americana, como fez o Bolsonaro. Para o povo brasileiro, uma inutilidade perniciosa

Bruno

05/04/2018 - 13h23

Miguel,

Se levarmos em conta as palavras do Jucá, o General não estaria fazendo nada além de dar sua contribuição no “falei com as FFAA e eles garantem”. Depois de malas de dinheiro, gravações, e tantas outras excentricidades você acha que alguém deixaria de fazer algo por causa de imagem e repercussão negativa? O general faz o policial mau e a tv faz o policial bom e cobra a responsabilidade das declarações. A esquerda reage, e se identifica com a imprensa e ficam todos satisfeitos. Mas o estrago está feito.

Se a reação da imprensa, Mp e outros atores dos últimos acontecimentos foi uma repulsa verdadeira às declarações do general, isso seria apenas o cachorro defendendo seu osso de um outro cachorro que se aproxima.

Neusa Maria Corrêa de Sousa

05/04/2018 - 07h46

“Apesar de você, amanhã há de ser novo dia…”

HOCUS POCUS

04/04/2018 - 21h55

O LIXO FEDE ,QUAL A NOVIDADE ??

lc

04/04/2018 - 19h36

“A prova de que as declarações do general Villas Boas não poderiam ser mais inoportunas é que, ao contrário do que pregam as próprias palavras do militar, elas produziram mais instabilidade e agitação.”

Pois… Um aprendizado democrático. Vontade é o que mais se perde. Depois, oportunidade de ficar calado.

Hilário Sousa

04/04/2018 - 18h33

Não deve-se deixar esse cachorro do villas boas dizer o que quer, o que esse nojento quer, na verdade é estar no poder através de um novo golpe. Se candidate generalzinho de bosta.

    Bruno

    05/04/2018 - 13h28

    Ele falou e todos falam porque o clima é de porteira escancarada. Não é uma questão de ele ser punido ou não. Se o ambiente fosse de respeito, ele jamais teria audácia de falar tal coisa.
    O jogador dá uma voadora no atacante do adversário aos 47 do segundo tempo e o juiz expulsa. E daí? O time dele está ganhado e ele tomou mais 2 minutos do acréscimo que havia sido dado. Em seguida o juiz encerra….acabou o jogo!


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