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Em Londres, Dilma é calorosamente recebida pelo Labour Party

Dilma Roussef com o líder dos Trabalhistas Britânicos, Jeremy Corbyn e Emily Thornberry, porta-voz do partido para assuntos estrangeiros Foto: Fernando Donasci Dilma Rousseff esteve no Reino Unido na semana passada onde ela participou de um evento acadêmico o Brazil UK Forum, organizado pelos estudantes das prestigiadas universidades de Oxford e LSE, e também conversou […]

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Dilma Roussef com o líder dos Trabalhistas Britânicos, Jeremy Corbyn e Emily Thornberry, porta-voz do partido para assuntos estrangeiros

Foto: Fernando Donasci

Dilma Rousseff esteve no Reino Unido na semana passada onde ela participou de um evento acadêmico o Brazil UK Forum, organizado pelos estudantes das prestigiadas universidades de Oxford e LSE, e também conversou com a mídia, mulheres na academia e na política.

Talvez de maior relevância tenha sido o encontro de Dilma com a alta cúpula do Labour Party (Partido Trabalhista Britânico).

Parlamentares trabalhistas não só prestaram solidariedade à Presidenta em relação ao impeachment e a Lula, mas também se mostraram preocupados com a democracia no Brasil.

Emily Thornberry, portavoz do Partido em assuntos internacionais, twitou: “Hoje, tive a honra de me encontrar com Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil. Discutimos como a democracia em seu país está comprometida”.

Já o porta-voz de justiça do partido, Richard Burgon, foi mais contundente: “Uma honra me encontrar com a ex-presidenta do Brasil Dilma Rousseff. Muito preocupado em saber que um judiciário politizado exclui Lula, o líder progressista brasileiro, das eleições. Lula ganharia se as eleições fossem livres e justas. Todos que acreditam na justiça e que um judiciário politizado não deve interferir com o desejo democrático do povo, devem estar alertos para a situação no Brasil.”

Enquanto que o Parlamentar trabalhista, Chris Williamson, um dos maiores aliados de Corbyn disse: “O impeachment não democrático sofrido por Dilma Rousseff foi uma tragédia para o Brasil”

Aos britânicos, Dilma procurou explicar o golpe.

Referindo-se a sua experiência pessoal do golpe militar de 64, ela deixou claro que o golpe atual é um processo que não se restringe ao momento do impeachment e que poderia ser arrestado com as eleições de 2018, se estas forem livres e legítimas, com a participação ativa de Lula.

Disse também que uma das maiores provas que o golpe foi um fracasso político é a auto-implosão da centro-direita, o que em si é uma grande ameaça para o Brasil, já que a falta de centro-direita abre espaço para Bolsonaro.

Ela reiterou que como um dos objetivos do Golpe é a destruição de Lula e do PT, é imprescindível que Lula se mantenha candidato. A aceitação de Lula fora das eleições seria a vitória do Golpe.

Dilma fez uma defesa enfática do ex-presidente, apontando para as ilegalidades do caso.

Reconhecimento de erros e transição para uma nova política

Dilma argumenta que se as eleições forem livres e justas, elas seriam um primeiro passo para o Brasil se reencontrar. Seria necessário também o referendo revogatório das medidas tomadas pelo governo ilegítimo e uma Assembleia Constituinte para fazer a reforma política.

Outras reformas imprescindíveis seriam a reforma tributária que visasse a taxação da riqueza, sem a qual não seria possível fazer mudanças econômicas mais contundentes e continuar no caminho da redução da desigualdade, como também a reforma da mídia.

Dilma reconheceu erros em sua política econômica, principalmente as desonerações feitas durante seu primeiro mandato, que não tiveram o efeito esperado.

Estas declarações acontecem quando o campo progressista, de novo, parece divergir sobre os caminhos futuros. Num primeiro momento, a prisão de Lula parecia ter sido motivo de unidade, mas por um brevíssimo período.

Uns acreditam que ganhar as eleições seria a maneira mais fácil de botar o país nos eixos, enquanto outros se recusam a reconhecer um pleito que deixaria mais de 30% da população sem candidato natural à presidência da república. Entre estes últimos, se encaixaria Dilma, que acredita que nada explicita tão claramente a natureza golpista do atual processo do que a falta de representação de boa parte da população.

É importante observar que ambas posições incorrem riscos – inclusive o maior deles que seria a eleição de Jair Bolsonaro.

As últimas pesquisas mostram que a única pessoa capaz de barrá-lo é Lula.

Para aqueles que acreditam que a candidatura de Bolsonaro vai murchar, seria bom que se atentassem aos fenômenos do Brexit e da eleição do Trump.

Em ambos casos, a maioria dos analistas políticos não acreditavam que estes fenômenos tinham possibilidades de acontecer.

Como bem disse Dilma, a narrativa golpista exigiu que soltássemos nossos piores monstros da caixa de Pandora brasileira, com os seus ódios, racismos, violências, privilégios, etc.

Se deveríamos aprender algo com o golpe é que ele não se deu por motivos racionais.

A maioria dos gráficos econômicos que implicam na qualidade de vida das pessoas mostram que todos ganharam com os governos petistas, inclusive as elites, que continuaram a ganhar durante o governo Dilma.

Isso, acho eu, foi parte do erro da análise do governo Dilma: acreditaram demais no mito da racionalidade, bom-senso e republicanismo da elite brasileira.

Depois de tudo o que fizeram, apesar de não terem previsto ou quererem a ascensão de Bolsonaro, não duvidaria se a aposta Bolsonaro fosse mais atraente aos golpistas do que voltar atrás e se darem por vencidos.

Em outras palavras, se manter Lula fora do páreo leva a eleição do Bolsonaro, Bolsonaro será.

Quanto ao Labour Party britânico, sabendo a importância que a opinião pública brasileira dá a imagem do País nos Estados Unidos e na Europa, seria bom que Jeremy Corbyn denunciasse o Golpe com maior contundência em público, como sei que o faz em privado e através de seus porta-vozes.

Corbyn, atacado pela mídia, um tanto menos oligárquica e mentirosa que a brasileira, tem medo de se envolver em polêmicas que não o dizem respeito.

Já basta as controvérsias de suas ligações com os russos, os membros do IRA irlandês, suas conversas com o governo Iraniano no passado, e as acusações de anti-semitismo, não precisando também se envolver na defesa de líderes considerados corruptos, como Lula, em países longínquos, como o Brasil.

Mas a história nos mostrou que por onde o Brasil trilha, vários outros seguem e um Brasil não democrático, tendendo a extrema direita, não seria uma boa coisa para o mundo.

Espero, portanto, que as visitas que Dilma tem feito no exterior estejam surtindo efeito e conseguindo mudar a ‘opinião pública global’ sobre os acontecimentos no Brasil nestes últimos anos.

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Mariana T Noviello

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