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Jovem feminista é a aposta da esquerda carioca na eleição

O momento de crise e descrédito na política pelo qual passa o Rio de Janeiro exige certa renovação. Uma renovação que só pode vir do encontro da sociedade civil com os partidos políticos. É nesse contexto que a jovem feminista Tayná Paolino será lançada pelo PCdoB nesta sexta-feira, às 18:00, na Lapa, para uma vaga […]

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O momento de crise e descrédito na política pelo qual passa o Rio de Janeiro exige certa renovação. Uma renovação que só pode vir do encontro da sociedade civil com os partidos políticos. É nesse contexto que a jovem feminista Tayná Paolino será lançada pelo PCdoB nesta sexta-feira, às 18:00, na Lapa, para uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Com apenas 24 anos, Tayná já foi presidente da Associação Municipal dos Estudantes Secundaristas (AMES) e da União Estadual dos Estudantes (UEE-RJ). Hoje faz mestrado em ciência política na Unirio e é dirigente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Nessa entrevista Tayná fala sobre o cenário político nacional, as últimas movimentações pela unidade da esquerda e a crise política do Rio de Janeiro.

Cafezinho: Tayná, você foi presidenta da AMES, da UEE-RJ, acompanha bem a política nacional desde cedo. Como você tem visto a movimentação política da esquerda em torno de uma candidatura unitária?

Nesse momento de grave crise política e econômica é fundamental organizarmos todas as forças democráticas e progressistas, defensoras dos direitos sociais e da soberania nacional, ao redor de uma candidatura à Presidência da República e ao Governo do Estado do Rio. Nessa conjuntura crítica, nossos pontos de unidades se sobrepõem às divergências.
Precisamos dar um basta nesse cotidiano de ataques, desemprego e violência que os governos de Temer, Pezão e seus aliados impõem à classe trabalhadora. Manuela é uma jovem exemplar, a melhor liderança que a política formou nos últimos anos. Lula, Boulos e Ciro também são quadros importantes. Imaginem se estivessem todos numa mesma chapa, seria imbatível. Mas, infelizmente, ainda estamos num momento de fragmentação das candidaturas das esquerdas.

Cafezinho: Nesse cenário de fragmentação o seu partido terá como candidata Manuela D´ Ávila (PCdoB)? O que esperar da candidatura da Manuela?

O PCdoB sempre se colocou à disposição da construção da unidade que pudesse garantir direitos para os trabalhadores. Durante os governos de Lula e Dilma atuamos para ampliar as vitórias em áreas como o combate à miséria e o analfabetismo, investimento em educação, com a ampliação das universidades e ensino técnico, na saúde, no direito das mulheres e tantas outras. Hoje vivemos um estado de exceção com o candidato que está em primeiro lugar nas pesquisas preso sem ter tido tempo hábil de análise do seu processo. Por isso gritamos Lula livre, pois ele também deveria ter o direito de disputar a eleição. A nossa candidatura vem para apresentar um programa de desenvolvimento econômico soberano que se contraponha ao desmonte da Constituição de 88, da cadeia de indústria nacional, da educação e da ciência e tecnologia. Iremos revogar medidas impopulares como a PEC do Teto dos gastos públicos, que limita o investimento em áreas sociais, mas não limita a transferência de dinheiro para os bancos, e a reforma trabalhista, que ameaça direitos conquistados como: férias remuneradas, 13º, licença maternidade e impede a resistência dos trabalhadores com o enfraquecimento dos sindicatos.

Cafezinho: Aliás, a CAPES acaba de anunciar que a partir de 2019 não haverá mais orçamento para bolsas de pós-graduação como mestrado, doutorado e pós-doutorado…

Sim, e isso é consequência da PEC do teto de Gastos. Um governo de esquerda precisa revogar essa medida.

Cafezinho: Diferente do cenário nacional, no Rio de Janeiro parece que haverá uma unidade entre PT e PCdoB em torno da candidatura ao governo do estado da filósofa petista Marcia Tiburi. Como está essa construção?

O nosso partido é o mais empenhado na construção da unidade de esquerda no Estado do Rio de Janeiro. Desde as eleições de 2014, quando apoiamos a candidatura do Lindberg (PT) a governador demonstramos a necessidade de superar o PMDB e o seu projeto neoliberal. A situação só se agravou com o golpe que vivemos no âmbito nacional. Precisamos que as forças progressistas e democráticas assumam um papel protagonista nessas eleições. E só será possível se juntarmos as forças em torno de uma candidatura que possa retomar o desenvolvimento econômico e a esperança na política. Hoje o PCdoB apresenta a pré-candidatura ao governo do Leonardo Giordano, considerado por muitos o melhor vereador da cidade de Niterói. Já o PT apresenta a Marcia Tiburi e o PDT o Pedro Fernandes. Já o PSB está sem candidato. O ideal seria que os quatro partidos estivessem juntos nessa eleição. Acredito que até amanhã possamos resolver esse impasse, ao menos em parte.

Cafezinho: O Rio passa por uma situação atípica. O PMDB governou por 12 anos, mas sua direção está toda presa hoje. No entanto, Eduardo Paes, que era do PMDB, é agora um forte candidato ao governo pelo DEM. Como você encara essa candidatura do Paes?

O Estado do Rio de Janeiro é o laboratório das experiências catastróficas do PMDB, agora MDB. A Intervenção federal militar que deveria resolver o problema da segurança pública, na prática, deixa nosso povo a cada dia mais inseguro, com o aumento absurdo de homicídios e notícias todos os dias de mortes de jovens e crianças inocentes. Além disso, o plano de reestruturação do Estado do Rio de Janeiro, que tentou vender a CEDAE, quer colocar na conta dos servidores e dos trabalhadores que necessitam dos serviços de saúde e educação para garantir o pagamento das dívidas do ex-governador presidiário Sérgio Cabral. A candidatura de Eduardo Paes representa a continuação desse projeto e iremos para as ruas denunciar a falência do nosso Estado operada por ele e por seus aliados.

Cafezinho: As pesquisas mostram Paes (DEM), Romário (Podemos) e Garotinho (PRP) na frente em intenções de voto para o governo do estado. É possível para a esquerda do Rio furar esse bloqueio?

Sim. Se houver unidade, sim. Mas se repetirmos a fragmentação que tivemos na disputa pela prefeitura do Rio em 2016, então seremos derrotados mais uma vez.

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Theo Rodrigues

Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.

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