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Regulação da mídia é o “voto impresso” do PT

O professor Wilson Gomes matou a charada. A proposta de regulamentar a mídia, ressuscitada pelo ex-presidente Lula, lembra muito o tiro no pé que foi a defesa pelo “voto impresso” por alguns setores desorientados da esquerda. É semelhante em vários aspectos. Em primeiro lugar, assim como o voto impresso, é cringe. Ou seja, é uma […]

35 comentários
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O professor Wilson Gomes matou a charada. A proposta de regulamentar a mídia, ressuscitada pelo ex-presidente Lula, lembra muito o tiro no pé que foi a defesa pelo “voto impresso” por alguns setores desorientados da esquerda.

É semelhante em vários aspectos.

Em primeiro lugar, assim como o voto impresso, é cringe.

Ou seja, é uma ideia que soa cafona e velha, por ecoar um debate da década de 90 e anos 2000, atropelado hoje pela revolução tecnológica.  

O tema em si, por outro lado, é mais atual que nunca. Não há outro setor que se desenvolva com mais velocidade, que gere mais empregos, mais oportunidades de renda, do que o de comunicação. 

Mas o jovem (ou qualquer um) que se interessa por comunicação, hoje, está mergulhado nos desafios das novas tecnologias: quer lançar seu canal de youtube, sua página no TicTok, desenvolver um programa de entrevistas para o Instagram, e por aí vai. Não está mais preocupado com uma regulação de mídia que irá proibir a propriedade cruzada, dar cota para mídias alternativas ou coisa parecida. 

O argumento de que a regulação da mídia existe no “mundo inteiro” é o mesmo usado pelos defensores do voto impresso.

O esquecimento de que o Brasil não é “o mundo inteiro” também é parecido…

Os defensores do voto impresso lembravam que a urna alemã imprime um comprovante do voto. Os defensores da regulação da mídia mencionam a existência de leis de mídia na… Inglaterra.

O assunto voltou à tona por causa de uma postagem do ex-presidente Lula no twitter.

O comentário de Lula foi infeliz em vários aspectos, inclusive no diplomático, ao mencionar a China como um exemplo a não ser seguido. 

Não é algo que um candidato com perspectivas promissoras de ser o nosso próximo presidente da república deveria falar sobre a maior parceira comercial, e país com o qual contamos muito, hoje, para o estabelecimento de parcerias de transferência tecnológica – inclusive no campo da tecnologia de informação – que permitam reduzir o nosso atraso em relação ao mundo desenvolvido.

A inoportunidade política é semelhante. Neste exato momento, a maioria dos meios de comunicação tem se distanciado cada vez mais de Bolsonaro, incluindo os que mais lhe apoiaram em 2018.

Até mesmo Paulo Guedes deixou de ser a unanimidade que era. Suas tiradas “bolsonáricas”, como a de que não haveria problema na alta do preço da energia, foram reunidas em reportagem recente da Record.

Ou seja, até a Record, um dos últimos bastiões do bolsonarismo nas concessões públicas de TV, sinalizou que não está disposta a se lançar no abismo da impopularidade junto com a dupla Bolsonaro/Guedes.

Fazer pouco das dificuldades terríveis que as famílias estão enfrentando com a alta no preço da energia (luz, gasolina, gás, etc), é de um elitismo tão desumano e repugnate que não tem como uma emissora cujo público alvo são justamente as famílias de baixa renda, as mais afetadas por esse tipo de inflação, continuar blindando…

O Estadão, um dos jornais mais conservadores do país, tem publicado quase todos os dias, editoriais fortemente hostis ao governo Bolsonaro. Neste sábado, 28, voltou a carga, num editorial com título sugestivo de “A estupidez e suas consequências“.

Neste quadro, não é inteligente desviar os debates para a tema regulamentação da mídia. 

O debate do voto impresso nos ensinou uma coisa. Seus defensores ficaram completamente isolados. De um lado, bolsonaristas e a ala cringe (infelizmente majoritária) do PDT; de outro, o centro, a direita não-bolsonarista, os liberais e a maioria da esquerda. 

No caso da regulação da mídia, é um discurso defendido por setores da esquerda, embora a maioria nem saiba direito do que se trata, mas rechaçado pelo centro, pelos liberais e pela direita não-bolsonarista, e pelo… bolsonarismo. 

Ou seja, é um discurso que isola a esquerda, e ajuda a tirar o bolsonarismo do isolamento.

Os governos petistas não defenderam isso, e sobretudo não fizeram nada, quando Lula tinha mais de 80% de aprovação. E não fizeram porque entenderam que não havia correlação de forças favorável neste sentido. E naquele momento, o debate não era cringe. Não era ultrapassado. 

Hoje a esquerda enfrenta um governo fascista, cujos tentáculos se estendem por governos estaduais, prefeituras, polícias e forças armadas. 

Ah, então devemos esquecer o tema? Devemos engavetar qualquer discussão sobre regulamentação da mídia?

Não. 

Reitero que o tema nunca foi tão importante. Só que Lula, pelo jeito, não está bem assessorado. A regulação da mídia já está acontecendo. 

Quando o judiciário determina, por exemplo, que as plataformas desmonetizem sites e canais de youtube que promovem fake news, isso já é uma severa regulamentação da mídia, com a vantagem que não é uma iniciativa do Executivo, o que ajuda a despolitizar esse debate. 

O tema da comunicação deve ocupar um lugar central num projeto nacional, mas a abordagem precisa ser atualizada. 

Se a expressão e o conceito de “regulamentação da mídia”, entendidos como um conjunto de regras proposto pelo governo federal e, em seguida aprovado pelo congresso, produzem uma quantidade tão avassaladora de menções negativas, se são defendidos apenas por setores mais radicais da esquerda, se não possuem nenhum apelo popular, e se não há nenhuma perspectiva pragmática de que se materialize efetivamente, então é perda de tempo. 

É um novo voto impresso, uma bandeira que apenas atrasa o debate.

Vamos mudar o enfoque, a narrativa, a abordagem, as expressões?

Vamos falar de economia da informação?

Vamos falar de empregos para a juventude no setor de informação?

Vamos falar de ampliar a segurança empregatícia, financeira, previdenciária, do jornalista?

Vamos falar em ampliar a proteção às liberdades de informação?

Vamos falar em aumentar a diversidade?

Ah, mas a regulamentar a comunicação não é censura!

Pois é, mas quando para defender uma bandeira como essa, você precisa repetir esse tipo de coisa, isso é sinal que você já perdeu o debate.

Quando os defensores do voto impresso – e falo daqueles bem intencionados – se esgoleavam nas redes para explicar que o eleitor não poderia levar para a casa nenhum comprovante impresso, eles já tinham perdido o debate.

Apenas ao dizer isso, eles já ajudavam a criar, na cabeça do eleitor, a ideia de que o seu voto impresso poderia ser visto por alguém, e que isso poderia implicar em risco para sua segurança, caso fosse morador de áreas controladas por milícias. 

A mesma coisa vale para a “regulamentação da mídia”. Quando antes mesmo de você explicar a sua ideia, você se sente obrigado, como fez Lula, a falar que não será aplicado no Brasil o sistema cubano ou chinês, você está difundindo, no debate político, o medo do sistema… cubano e chinês.  E isso é tudo que não precisamos nesse momento em que estamos conseguindo isolar Bolsonaro!

A última esperança de Bolsonaro é justamente pintar a esquerda brasileira como um campo político totalitário, disposto a aniquilar as liberdades, e implementar no Brasil um regime… cubano ou chinês. 

O que fazer, então?

Não há mistério. Se a meta é assegurar mais liberdade de imprensa, como é o objetivo de uma regulamentação democrática da mídia, então que se evite o termo “regulamentação” e se fale apenas em “assegurar mais liberdade de imprensa”. Se a meta é ampliar a independência e a segurança do profissional de imprensa, então que se fale apenas isso. 

Por exemplo, se uma das ideias de um “regulação da mídia” é dar mais segurança e apoio às rádios comunitárias, então que se crie um plano de incentivo às rádios comunitárias. 

Um governo progressista e democrático precisará reconquistar, para si, além das cores da bandeira, além do discurso de segurança pública, além da narrativa de que defende a transparência e a confiabiliade das urnas, também o discurso da liberdade de imprensa e de expressão!

Um Plano Nacional pela Liberdade de Imprensa, com princípios claros, transparentes, que deixe evidente que o objetivo do novo governo é propor um marco regulatório que amplie os direitos e as liberdades do profissional de comunicação, seria um conceito político muito mais agregador e persuasivo!

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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O Demolidor

30/08/2021 - 23h46

O argumento do oligopólio reclamando de censura só poder ser piada de mau gosto depois do que começou em 2013…..a mídia necessita sim de regulação econômica…..não me incomoda somente as oligarquias……mas também as igrejas ….

Sem contar o histórico da “auto-censura” praticado convenientemente pelas oligarquias da mídia de mercado.

Vimos recentemente a parca repercussão do protesto indígena contra o marco temporal…..muito pela “contenção” da repercussão nos meios de comunicação por parte do aporte financeiros dos ruralistas.

Alexandre Neres

30/08/2021 - 01h42

Hesitei um pouco em comentar sobre este texto.

Para quem não quer tratar apenas da espuma da superfície, tem que mirar com olhos bem atentos.

A mídia está devidamente regulamentada nos Estados Unidos, Inglaterra, Itália, França, Holanda, Espanha etc. Os modelos são vários, com seus acertos e desacertos. Nenhum modelo é perfeito. Quem acha que liberdade de imprensa não combina com regulamentação da mídia, que seria uma espécie de censura, não entendeu nada. Vai ser difícil avançar no debate, pois já come nas mãos da Globo e caterva. Já foi catequizado.

Basta ler o art. 221 da CF de 1988 e ver que a imprensa tupiniquim não cumpre o que está ali disposto, pois não é diversa, plural, nem atenta para as regionalidades. Eis a farra na distribuição das rádios que vem desde o governo Sarney, quando conquistou o mandato de 5 anos. Todo político que tem um pouco de destaque tem uma rádio para chamar de sua.

Suponho que quem seja contra a regulamentação da mídia é porque ache que devemos deixar o mercado que se autorregulará. É nítido o viés neoliberal. Um caso gritante é o da propriedade cruzada do Grupo Globo, que tem concessão de tevê e rádio, bem como um jornalão, denotando uma concentração dos meios na mão de poucas pessoas. Existe uma série de questões que deve ser debatida, é imperioso discutir o assunto. Por exemplo, famílias que detêm meios de comunicação, podem possuir bancos e construtoras?

Um dos casos mais clássicos de que a imprensa dita profissional não cumpre a contento sua função foi sua relação com a Lava Jato. A imprensa abdicou de sua tarefa de investigar e passou a ser mera correia de transmissão da força-tarefa. Aquilo ali não foi jornalismo, a imprensa de forma geral passou a ser RP. A imbricação da Lava Jato e de Moro com a Globo e com um certo blogue do Estadão foi vergonhosa. Desde a matéria que saiu a notícia de fato n”O Globo em 2011 até o livro laudatório do filho da Leitão, exaltando-o até por trocar fralda dos filhos, tentaram criar um super-herói que se transformou em um santo do pau oco. Hoje uma outra biografia de Moro está sendo vendida por 3 reais na Amazon.

Querer atribuir isso a uma questão pessoal de Lula e não a um problema existente em nossa sociedade, olvidando-se do lawfare e da instrumentalização da Justiça para a persecução de fins políticos, retirando do páreo o candidato favorito das pesquisas de 2018, desvela a mesquinhez e uma falta de visão para compreender a deturpação da nossa democracia. Não conseguir ver que esse caminho nos jogou no colo de Bolsonaro é de uma miopia a toda prova. Dentro do próprio segmento progressista está repleto de pessoas conservadoras, moldadas em um modelo escravagista, que se traem nos seus comentários atávicos e deixam entrever por que Bolsonaro foi eleito presidente da República.

Não me parece sério um veículo que exigia uma autocrítica do PT diuturnamente passar pano para a regulamentação da mídia. Não exigir exatamente de quem detém mais poder que preste contas. No frigir dos ovos, é aquela velha lógica de falar grosso com os fraquinhos e falar fino com os grandões. Outro aspecto que não pode ser negado é que ao longo do tempo as coisas vão mudando de posição. Quando a imprensa foi criada, tínhamos um Estado forte que quando era contrariado, subjugava completamente a imprensa e a calava. Os incautos não se aperceberam que no decorrer dos séculos essa correlação de forças mudou. Sob o paradigma neoliberal, o Estado está sob ataque e cada vez mais fraco, ao passo que empresas transnacionais e certos conglomerados da mídia se tornaram não raro mais poderosos que o próprio Estado.

Voltando a Lava Jato, no começo a imprensa internacional comprou pelo valor de face o que dizia a imprensa tupiniquim, cuja fonte de informações era a força-tarefa. Com o tempo, se deu conta de que havia algo muito errado ali e passou a aprofundar a discussão e distribuir matérias com teor crítico, furando a bolha construída em torno da Lava Jato pelos jornalões. El País, Guardian, Le Monde, New York Times deram o golpe de misericórdia na força-tarefa que morreu de morte morrida. Merval disse que a imprensa internacional não entendia direito o que acontecia no Brasil, que só nós compreenderíamos melhor o que houve por essas plagas. O mesmo Merval que tratou hoje do “bilau pressentido do Lula”. Vera Magalhães partiu pra cima do octogenário Martinho da Vila, postou um tuíte se gabando que ele desconversou sobre a ligação das Escolas de Samba com a milícia. A mesma jornalista, no mesmo Roda Morta, não apertou o ministro da Justiça Sergio Morto acerca das vinculações públicas e notórias do governo federal com a milícia. As perguntas e as formas pelas quais e a quem são feitas dizem mais do caráter do jornalista do que do entrevistado.

Como diria Millôr Fernandes, o Brasil tem um imenso passado pela frente. Querer tratar da democratização da mídia, sobretudo a digital, sem antes ter feito a regulamentação é querer passar o carro na frente dos bois. É a cara do Brasil. Isso parece quando eventualmente surge uma campanha para levar a banda larga, o 5G, para 100% da população num país em que grande parte não tem saneamento básico. Não fizemos nem o básico e já queremos dar um salto para o que há de mais modernoso. Não à toa estamos sempre ficando pelo meio do caminho.

Por outro lado, concordo que o tema seja inoportuno. Se o PT quando estava por cima da carne seca não levou adiante o debate, não será agora que o fará. O PT está voltando a ser aceito no grand monde da política depois de ter sido praticamente proscrito, está tendo que articular com todos os atores políticos devido à posição de destaque que Lula ocupa no atual momento. Para a mídia dita profissional que já está orquestrando editoriais para atacar Lula, seria muito fácil associar a regulação da mídia com os atos antidemocráticos de Bolsonaro, fazer um elo com censura, reforçando a tese da falsa equivalência entre ambos que sempre captura ingênuos e imbecis que não conseguem separar alhos de bugalhos. Lula tem a sorte de Bolsonaro servir de anteparo, se não fosse o boçal-ignaro o partido da mídia já tinha ido pra cima dele com unhas e dentes.

Não é hora de trazer à baila este assunto, até porque o que precisamos é derrotar a barbárie e para tanto não podemos contar só com os progressistas, temos de ampliar nosso leque de apoio. A correlação de forças e a eventual vitória do PT terão que lidar com um cenário bem mais complicado do que outrora, pois o país está em petição de miséria, com um bando de famintos e desempregados, alimentos, combustíveis e tarifas públicas nas alturas, entrementes ao mesmo tempo temos que resgatar nossa democracia que foi sendo solapada desde o golpe de 2016 e com maior gravidade após esse desgoverno inconsequente.

Não acho correto comparar a regulamentação da mídia com o voto impresso, no caso específico daquela deve ficar para ser debatida em um momento ulterior no qual a nossa democracia já esteja normalizada, mas o debate em si deverá em algum momento ser estimulado para aprimorarmos nossa legislação em um ponto em que deixa a desejar. Não podemos confundir liberdade de imprensa com liberdade dos donos de empresa fazerem o que bem querem, não podemos ser pautados por meia dúzia de famílias que impedem um debate mais plural. Lógico que temos a internet, que avançou bastante em alguns aspectos e permitiu que a discussão não fosse bloqueada pelo PIG, ao mesmo tempo em que foi infestada de fake news. Junto com as redes sociais foi um terreno fértil para que a alt right deitasse e rolasse. Não podemos simplesmente deixar de lado porque por causa da conjuntura atual favorável o Judiciário chamou para si a responsabilidade e circunstancialmente está desmonetizando canais que usaram e abusaram do direito de atacar os pilares do regime democrático. Temos que olhar com muito cuidado para as big techs e os interesses que estão por detrás.

Por fim,discordo de que o tema da regulamentação da mídia esteja ultrapassado. Fatos recentes provam o contrário. Conquanto concorde com as ponderações do Miguel no sentido de ser inoportuno no momento atual, daí a querer interditar o debate são outros quinhentos.

EdsonLuiz.

29/08/2021 - 17h15

Na respostas abaixo, leia-se:
*Se alguém percebe e denuncia (e não ‘denúncia’, como está escrito). e;
*Eles podem alertarem os seus para não ass… (e não ‘acertarem).

EdsonLuiz.

29/08/2021 - 16h53

Sempre a ameaça do autoritarismo.

O que mais me incomoda nisso é o tipo de espectro que ronda a nossa cultura política. Sempre sob a má promessa do totalitarismo.

Vejam-se as manifestações de petistas aqui. As manifestações de petistas são, em geral, no sentido de que não deve falar em formas de extinguir a imprensa, por que é disso que se trata quando ameaçam com controles, porque falar em acabar com a imprensa assusta a nós, defensores da democracia, antes de dar tempo de eles dominarem o poder, quando então sim, irão ter força suficiente para cumprir a ameaça de acabar com a imprensa livre e deixar apenas sua Imprensa171. Se nos assustarem antes, nós progressistas poderemos nos tomar de pânico e, por desespero, conseguirmos juntar força suficiente para reagir à ameaça de totalitarismo pela extrema-esquerda, em uma democracia já bastante ameaçada pela extrema-direita.

Isso, em toda a sua forma insidiosa, é a manifestação de uma cultura política. Uma cultura de controle autoritário, de poder autoritário, de mando autoritário, uma cultura ‘verdadosa’ autoritária, totalitária, ameaçadora.

Mesmo após uma centena de anos da morte de Lênin, mesmo com o povo que viveu o terror da experiência leninista tendo soterrado o leninismo sob os escombros da derrubada dos muros e das estátuas daqueles Mitos tenebrosos naqueles países que um dia venceram o terror do totalitarismo, por aqui eles, de tão mal formados politicamente, nunca aprendem. Com toda a pedagogia que tem a política, se valendo da boa sociologia, da boa geografia, da boa filosofia, da boa antropologia, da boa história, eles não aprendem e não aprenderão. Os autoritários, sejam de ultra-direita, sejam de ultra-esquerda, nunca aprenderão a pedagogia da política porque nunca se valerão do diálogo. Um extremista de direita ou um extremista de esquerda jamais aprenderá nada a não ser a reproduzir contra a sociedade o seu projeto falido de poder. Sempre tentarão reproduzir o fracasso da experiência vivenciada em já mais de meia centena de países, Rússia, Ucránia, Tchecoslováquia, Usbequistão, Cuba, Iemêm, Polônia, Hungria, Romênia… Só para citar algumas das experiências estarrecedoras à esquerda. As experiências totalitárias à direita não são nem um pouco menos terríveis, a começar por países que estão vivendo esse terror mais recentemente, em estágios diferentes de pavor, as Filipinas, El Salvador, Turquia, Hungria, Polônia, Rússia (as três últimas, agora à direita, coitadas! Deve ser sina!).

Eles, os autoritários anti-política, antidemocrata, seguem uma cartilha:
Pimeiro passo, conquistamos o poder; Segundo passo, acabamos com a imprensa livre e criamos um monopólio tipo País171; Terceiro passo…

Precisamos nos acautelar!
Nós progressistas precisamos nos acautelar!

Aliás, um dos disfarces dessa gente é se dizer democrata e progressista: vide bolsonaro, que a todo o tempo manifesta ódio ao negro, ao índio, ao homossexual, às instituições, mas se diz democrata. Outro disfarce deles é se dizerem PROGRESSISTAS. Fazem isso na cara dura, sem sentirem um fio de arrepio de vergonha: misturam junto uma defesa da ditadura cubana e uma declaração de que são progressistas, uma ameaça de que acabarão com a imprensa livre junto com a declaração de que são progressistas; um elogio ao torturador Brilhante Ustra (melhor ‘brilhante ustra’) e uma declaração de que são DEMOCRATAS.

A ameaça totalitária não se dá só em um lado. A ameaça à democracia não vem só à esquerda, vem à direita também.

Uma diferença entre as formas de se manifestarem é que a ultra-direita não tem a esperteza de disfarçar seu projeto autoritário, e nem se esforça para disfarçá-lo. Já a ultra-esquerda joga tudo no disfarçar para não assustar aqueles que podem resistir. Se alguém percebe e denúncia os disfarces, passam a exercer sobre esse alguém todo o ódio possível, e com grande leviandade, chamando descabidamente de fascista e outros “elogios” odiosos.

Nós progressistas precisamos nos acautelar.
Não podemos cair na armadilha dos extremistas.
Eles podem acertarem os seus para não assustarem os progressistas agora, falando em acabar com a imprensa livre, mas nós, ao contrário deles, precisamos desde já denunciá-los, denunciar a ameaça que eles significam e disfarçam.

(Façam novamente a leitura das respostas abaixo para ver como eles escrevem que NÃO É HORA de falar em acabar com a imprensa agora. Mas nenhum afirma que a imprensa livre ė sagrada e o primeiro fator para existência e aprimoramento da democracia. Os que afirmam a primazia da imprensa livre, esses são os progressistas e democratas verdadeiros e você não os verá defendendo ditaduras).

Edson Luiz Pianca.
edsonmaverick@yahoo.com.br

Cristiano

29/08/2021 - 11h22

Miguel, com o argumento de vários que se pronunciaram aqui, você ainda tem dúvida de que Petistas e Bolsonaristas são os mesmos?. Estamos no fundo do poço, seja, pela “Extrema direita ” Bolsonarista e pela falsa “esquerda” Lulopetista….São mais do mesmo, NÃO existe mais retorno para o Brasil….

    EdsonLuiz.

    29/08/2021 - 20h45

    Achei o seu comentário perfeito, Cristiano

Luiz Carlos Iasbeck

29/08/2021 - 11h16

Concordo com quase tudo. Alguns viéses no seu raciocínio, entretanto, nos levam a entender que uma esquerda totalitária seria pior do que essa direita fascista. Nunca! Os propósitos são totalmente diferentes ainda que ambas sejam condenáveis. E que tal distinguir “regulação” de “regulamentação”. No texto aparecem como sinônimos. A diferença entre essas práticas distingue também o modo de intervenção na mídia!

Garru João Luiz Garrucino

29/08/2021 - 11h02

Fiquei curioso e achei inoportuno o título do texto e resolvi ler inteiro o que é raro de acontecer de me interessar por entrar e ler algo…Sempre fui a favor da regulação democrática das mídias sendo o maior erro do PT não ter feito isto e agora pagando elevado preço por não ter se preocupado com conseguir maioria de esquerda no Congresso e governar com o centrão ou direita…E naquela época PT ainda tinha melhores chances no Congresso do que atualmente até com extrema direita babando e espumando…Mas no geral achei coerente preocupações do articulista em relação a forma de usar o discurso a favor da regulação sem dar milho para bode neste momento já conturbado em que qualquer deslize do Lula ou do PT e da esquerda serão utilizados para campanhas de fake news e destruição da esquerda devido o fascismo crescente em nossa sociedade fruto da alienação e falta de maturidade para com a democracia efetiva e nos países sérios democráticos as mídias são reguladas. Sempre sugeri uma regulação de mídia ampla, que não toque nas mídias atuais, para não terem desculpa furada alguma, mas ampliando uma rede de canais de tv públicos e mesmo privados aumentando a concorrência em geral para as atuais mídias de tv…No campo público prever funcionamento de diversos canais sendo um para cada área da ciências, como engenharia, direito, agronomia, arquitetura, etc., e para o campo da medicina um canal para cada especialidade já que assunto do maior interesse popular…E canais nacionais com horários também regionais nos Estados e nas cidades a depender de universidades locais…Além dos atuais canais de cada poder da república como o canal do judiciário também nacional com partes regionais e municipais, o canal do Congresso ou da Câmara e outro do Senado, e o canal do executivo cobrindo a parte nacional, os Estados e os municípios…Canais até para áreas sindicais diversas ou para os diversos setores de trabalhadores e profissionais liberais…A regulação preveria maior facilidade de canais de tv tanto privados quanto públicos a níveis locais e regionais para evitar monopólios ou concentração dos meios de comunicação nas mãos de meia dúzia de senhores barões ou feudais…E precisa acabar com influência política na concessão de canais de tv como ocorre atualmente criando uma casta ou feudo no setor…As autorizações para abertura e funcionamento de canais precisam serem eminentemente técnicas apenas tanto para rádios quanto para canais de televisão…É preciso criar uma agência reguladora tipo Anvisa para conceder canais de tv e rádios tanto a nível nacional quanto estadual e local. Mais ou menos isto seria a ideal geral que aposto não criaria problemas ou ameaçaria ou atuais donos de tvs…É preciso acabar com este senhorio feudal do governo federal poder autorizar ou não uma concessão de tv o que certamente seria do agrado dos atuais canais como Globo ameaçada pelo Bolsonaro claramente de fechamento na próxima renovação da licença feudal….

José Ricardo Romero

29/08/2021 - 08h43

Lula é um ressentido e quer vingança pelo sofrimento das condenações que ele afirma serem injustas, tendo até o levado à cadeia. A pergunta é: o que nós, brasileiros temos a ver com a raiva, o ranger de dentes e o desvario de Lula? O personalismo é cego e burro. O Lula que se vire com a justiça (e parece que está levando a melhor… o que mais ele quer? Que todo mundo pule no pescoço dele e o beije apaixonadamente?). Precisamos de políticos que nos represente, que nos ouça e façam aquilo que desejamos e precisamos e não políticos tipo Lula, um caudilho de velha cepa, que fica esperando que todo mundo, os idiotas, é claro, o sigam.

    Francisco

    31/08/2021 - 13h10

    Cara…, impreCionante narrativa!

    Faz jus ao ‘Tiozinho de Ouro’ do ano, no ‘Zap-Zap’.

    E pensar que mesmo escancarada tanta … [livre escolha] assim, tem quem ainda não entenda porque, de formas direta e omissa, elegeram Bolsonaro para desgovernar o Brasil.

    Toca o berrante e segue a comitiva tangendo-os rumo ao matadouro, conforme a secular rotina, entre Aquarela e Querelas, a alegria do pandeiro e o lamento gemido da cuíca:

    ‘Brasil, meu Brasil brasileiro, meu mulato inzoneiro…’

    ‘O Brazil não conhece o Brasil, O Brasil nunca foi ao Brazil…
    O Brazil não merece o Brasil, O Brazil tá matando o Brasil…’

    ‘É o fundo do poço, é o fim do caminho
    No rosto um desgosto, é um pouco sozinho…

    É a vida, é o sol…
    É o pé, é o chão, é a marcha estradeira,
    Passarinho na mão…
    E a promessa de vida no coração.’

    luiz rodrigues

    04/09/2021 - 13h52

    e também prrecisa-se de pessoas que escrevem corretamente o português!!

Ronei

29/08/2021 - 08h24

Viva a Terra plana e seus seguidores mangolóides kkkkk

dcruz

29/08/2021 - 07h51

Também acho extemporânea esse pronunciamento, mas necessária a medida desde que na hora certa. Para derrotar o bozo vale tudo, até agir como o bozo. E tem mais: vale qualquer um no poder desde que não seja o bozo, até o Ciro, “sempre haverá Paris”. A angústia de uma possível reeleição do genocida é que está acabando com a saúde da parte saudável do povo.

Batista

28/08/2021 - 20h32

Tô contigo nesse contraditório, Redação.

A hora não é de regulamentação e sim de derrotar Talibolso e desregulamentar a DESIGUALDADE, regulamentada pela Classe Dominante para manter o Brasil no ATRASO e ela na ABUNDÂNCIA hereditária colonial.

O resto é Talibolso sem conflito, feijão sem arroz, fuzil sem bala e Narciro sem tiro no pé.

José Carlos

28/08/2021 - 20h20

Caro Miguel, o comentário do Lula foi realmente inapropriado, há temas muito mais importantes a serem tratados. A inflação, por exemplo, que diariamente bate na porta e na mesa dos brasileiros. Mas que realmente também é necessário é a regulamentação dos meios de comunicação, não há dúvidas.

Tony

28/08/2021 - 18h44

Fake news que matam pessoas….kkkkkkkk

Além de decidir para os outros o que podem dizer você também divide o que mata as pessoas ou não…?!?! Kkkkkkk

Tem hora que ainda me surpreendo com esses comunistoides mau enrustido.

Nilson Martins

28/08/2021 - 17h33

Concordo com o Cafézinho, nosso Presidente precisa deixar certos temas para quando sentar na cadeira, até pra não dar munição para os adversários de sempre ( PIG ), o foco agora (quem sou eu pra ensinar ele a fazer política) tem que ser tirar o fascista , apontar o genocídio, a falta de planejamento do Guedes, etc…, depois que ele sentar na cadeira, aí é outra história, aí seremos nós que teremos que ir pra rua e pressionar ele pra pegar essa turma de golpistas e enquadrar todos eles.

Batista

28/08/2021 - 15h34

Fake news tem q ser combatido com um negocio chamado credibilidade. Impedir quem quer q seja de dizer o que quiser, mesmo q mentiras, é censura!

    Batista

    28/08/2021 - 20h48

    Da série, ‘Depende do Lado que Se Olha’:

    E impedir quem quer q seja de saber o que quiser, mesmo q não mentiras, o que é?

PASQUIM 21

28/08/2021 - 15h05

A mentira é uma das principais responsáveis pela situação que o país está passando. Então pra vc países como EUA, INGLATERRA, PORTUGAL E OUTROS, ESTÃO CENSURANDO? AH” BRASIL.

    Fanta

    28/08/2021 - 18h32

    Pasquim,

    se vc não consegue entender o que é a liberdade de expressão (ou finge não entender para tentar impor a sua….) eu não posso fazer nada.

    Ronei

    28/08/2021 - 18h38

    Essa palhaçadas de fake news, negacionismo e outras asneiras são as últimas invenconices de quem não aceita opiniões diferentes da própria e tenta impor algo aos outros….coisa de esquerdistas de terceiro mundo.

Daniel

28/08/2021 - 14h57

Miguél do Rosário… não entende mesmo que o que vc diz é censura ?

Não é difícil entender mas entendo que para esquerdistas a moda tupiniquim é mais complicado…

Galinzé

28/08/2021 - 14h53

Isso mesmo…censura desfarçada.

Fanta

28/08/2021 - 14h38

Mentir não significa nada, ninguém é dono de verdade nenhuma e cada um de nós acredita no que quiser….o resto é censura.

PASQUIM 21

28/08/2021 - 14h37

Miguel, então você e o professor Wilson Gomes estão comparando uma bandeira legitima da regulamentação da mídia com arroubos autoritários do Bolsonaro? Então por exemplo o PHA estava errado quando defendia com unhas e dentes essa bandeira? Lula está correto, com a mídia do jeito que está, cedo ou mais tarde haverá outros golpes no Brasil. Você sabe muito bem que países democráticos pelo mundo afora tem suas mídias regularizadas. claro que essa mídia formada por um monopólio irá gritar que isso é censura etc. Bem, agora isso terá que ser feito com um grande debate na sociedade, como foi feito recentemente na Argentina, lembra? Aliás todos os países democráticos que fizeram a regulamentação provavelmente houve um grande debate na sociedade. Bem até porque se não houver esse esclarecimento, aí sim, os golpistas de sempre irão distorcer os fatos e tentarão jogar a sociedade contra.

    Miguel do Rosário

    28/08/2021 - 14h46

    Pasquim, mais uma vez, os argumentos parecem os do voto impresso. Ao invés do “Brizola defendia o papelzinho”, PHA. PHA estava certo. Mas estamos em outro tempo. A abordagem precisa ser atualizada! É muito cringe e apenas desvia o debate e ajuda Bolsonaro!

      PASQUIM 21

      28/08/2021 - 15h37

      SOBRE O BRIZOLA ERA UMA ANÁLISE DIFERENTE SOBRE O VOTO, ERA RELATIVAMENTE RECENTE A URNA ELETRÔNICA, CLARO QUE O BRIZOLA ERA UM HOMEM DEMOCRÁTICO, NÃO UM DITADOR E CHEIO DE SEGUNDAS INTENÇÕES COMO BOLSONARO. SOBRE O PHA, ELE ESTAVA CERTO LÁ ATRÁS E CONTINUA CERTO, SE NÃO HAVER REGULAMENTAÇÃO DA MÍDIA, O BRASIL SEMPRE SERÁ ALVO FÁCIL DE GOLPES. NO COMENTÁRIO QUE FIZ FICA CLARO QUE DEVE SER FEITO COM UM LONGO DEBATE.

      OBS: COLOQUEI EM CAIXA ALTA, POIS PREFIRO ASSIM. TODOS OS COMENTÁRIOS COLOCAREI EM CAIXA ALTA.

Marco Vitis

28/08/2021 - 14h35

As manifestações públicas de Lula são planejadas. Portanto, a quem Lula quer agradar ao criticar Cuba e China ?

Galinze

28/08/2021 - 14h30

Espalham mentiras…Lula disse isso ? Kkkkkkkkkkk

William

28/08/2021 - 14h28

O que STF fez com deputados, presidente de partido, jornalista e canais de direita fez é censura ou não ?

Galinzé

28/08/2021 - 14h26

Mas vc não gosta de liberdade de expressão prezado Rosário…a primeira coisa que a associação a qual esse site faz parte fez foi pedir uma censura e a segunda apoiar uma censura múltipla.

    Miguel do Rosário

    28/08/2021 - 14h48

    Não pedimos censura, e sim combate a fake news que matam pessoas ao promoverem negacionismo na covid, além de promover ataques a democracia.

Kleiton

28/08/2021 - 14h20

A internet acabou com o monopólio da informação e cortou as pernas da esquerda…por isso querem “calar a midia”.

A maioria dos brasileiros não são de esquerda mas internet e Bolsonaro deram voz a quem estava sufocado.

    Miguel do Rosário

    28/08/2021 - 14h49

    Comentário esquizofrênico. A direita domina com mão de ferro o monopólio. A extrema-direita fascista e delirante é que conquistou uma espaço que não tinha antes.


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