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Relatório do 8/1 falsificado pelo ex-GSI de Lula ao ser enviado à comissão de inteligência do Congresso Nacional

Uma série de documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relacionados ao evento de 8 de janeiro, entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e apresentados aos parlamentares da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, prometem inflamar ainda mais a CPI dos ataques às sedes […]

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Uma série de documentos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) relacionados ao evento de 8 de janeiro, entregues ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e apresentados aos parlamentares da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso Nacional, prometem inflamar ainda mais a CPI dos ataques às sedes dos Três Poderes.

O conjunto de materiais é composto por dois relatórios da Abin sobre o referido episódio, e a comparação entre eles revela que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Lula, liderado pelo general Gonçalves Dias, adulterou o primeiro relatório de inteligência enviado ao Congresso, omitindo registros que mencionavam os crescentes riscos de tumulto e invasão de prédios públicos através de mensagens enviadas para o celular do general.

Parlamentares que tiveram acesso aos dois documentos em uma sessão secreta da CCAI confirmaram a informação. Esses documentos também serão enviados à CPI do dia 8 de janeiro.

A análise da situação revela que a escolha de quem liderará a CPI do dia 8 de janeiro é um fator crucial que o governo enfrenta. A estratégia atual é direcionar a atenção para Anderson Torres na referida CPI.

Os parlamentares notaram que o primeiro documento, entregue à comissão em 20 de janeiro e assinado pelo diretor-adjunto do GSI, Saulo Moura da Cunha, não incluía os onze alertas recebidos pelo ministro em seu próprio celular entre os dias 6 e 8 de janeiro, sobre os movimentos dos golpistas.

No entanto, esses mesmos alertas estão presentes em uma outra versão do mesmo documento, enviada pela Abin à mesma comissão em 8 de maio deste ano, quando o GSI já estava sob o comando de outro general, Marco Antonio Amaro dos Santos.

A primeira versão do documento foi enviada ao Congresso por solicitação da própria CCAI, logo após os eventos golpistas. Já a segunda versão foi entregue por ordem do ministro Alexandre de Moraes, em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República.

Na segunda versão do documento, assinada pelo atual diretor-adjunto da agência, Alessandro Moretti, constam 11 alertas enviados para o celular do ministro Gê Dias, incluindo três mensagens enviadas exclusivamente a ele. Quando lidos em sequência, esses alertas deixam claro que os agentes de inteligência do governo já haviam identificado o risco de ações violentas contra prédios públicos e autoridades.

De acordo com o documento enviado em 6 de janeiro às 19h40, destaca-se a convocação de caravanas por parte dos organizadores para o deslocamento de manifestantes, incluindo aqueles com acesso a armas e com a intenção declarada de invadir o Congresso Nacional. Além disso, menciona-se que outros prédios na Esplanada dos Ministérios poderiam ser alvos das ações violentas. Uma mensagem posterior, datada de 7 de janeiro, informa que 18 ônibus de diferentes estados chegariam a Brasília no dia 8, aumentando o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército. Também ressalta a continuidade das convocações para ações violentas e tentativas de ocupação de prédios públicos, principalmente na Esplanada dos Ministérios.

Uma das mensagens, enviada apenas ao general Gê Dias, alertou pela manhã do dia 8 que cem ônibus já haviam chegado a Brasília para os atos.

Após a divulgação de vídeos gravados pelas câmeras do Palácio do Planalto durante a invasão, o general Gonçalves Dias renunciou ao cargo. Nas imagens, anteriormente mantidas em sigilo pelo ministro do GSI, ele aparece vagando pelo Palácio sem tomar qualquer atitude contra os invasores, enquanto funcionários indicam a saída aos golpistas.

Em seu depoimento à Polícia Federal, o ministro negou ter recebido alertas da Abin sobre os riscos de invasão e ataques aos prédios dos Três Poderes. Mesmo quando a Folha de S. Paulo publicou o conteúdo dos alertas em primeira mão na semana seguinte, ele continuou negando.

As negativas do ministro intrigaram os investigadores da Polícia Federal e os membros da Abin, que conheciam apenas o conteúdo dos relatórios originais e não sabiam que os documentos enviados ao Congresso haviam sido adulterados.

A comparação entre os dois documentos agora revela por que Gê Dias manteve a versão de que não recebeu nenhum aviso. O relatório de inteligência, produzido pela Abin entre 2 e 8 de janeiro, apresenta uma tabela com três colunas: data e horário do envio, conteúdo das mensagens e nomes dos destinatários de cada mensagem.

Os parlamentares que analisaram as duas versões do documento na sala-cofre da CCAI afirmam que a diferença entre elas é bastante evidente. No entanto, apenas pela observação, não é possível determinar quem no GSI suprimiu as informações e como isso foi feito.

Os altos escalões da Abin também participaram da reunião secreta da CCAI e tomaram conhecimento da discrepância entre os documentos.

A adulteração dos documentos oficiais pelo GSI de Lula provavelmente se tornará o principal alvo de investigação da CPMI do golpismo de 8 de janeiro, que iniciou seus trabalhos no Senado e já recebeu quase 500 pedidos de requerimentos para ouvir autoridades relacionadas ao evento. Cerca de 300 desses pedidos foram apresentados pela oposição bolsonarista, tendo o general Gê Dias como principal alvo. Vários requerimentos solicitam a convocação do general.

Até o momento desta publicação, não obtive resposta do advogado de defesa do ex-ministro Gonçalves Dias, nem dos diretores-adjuntos da Abin, Alessandro Moretti e Saulo Moura da Cunha. O espaço permanece aberto para seus comentários.

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Ruann Lima

Paraibano e Estudante de Jornalismo na UFF

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