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Relatórios da Abin revelam riscos e extremismo durante crise golpista

Exclusiva Agência Pública desvenda relatórios da Abin que alertaram sobre riscos de violência durante a crise golpista, revelando a ignorância dos governos Bolsonaro, Ibaneis e militares diante da gravidade da situação. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), muitas vezes envolta em mistérios, emerge como uma figura central em um período conturbado da política brasileira. Documentos […]

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Imagem: Evaristo Sá/AFP

Exclusiva Agência Pública desvenda relatórios da Abin que alertaram sobre riscos de violência durante a crise golpista, revelando a ignorância dos governos Bolsonaro, Ibaneis e militares diante da gravidade da situação.

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin), muitas vezes envolta em mistérios, emerge como uma figura central em um período conturbado da política brasileira. Documentos obtidos com exclusividade pela Agência Pública trazem à tona os detalhes até então desconhecidos do papel desempenhado pela Abin durante a crise golpista que se desenrolou entre o término das eleições de 2022 e o fim do governo Bolsonaro (PL). Alertas oficiais, enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), evidenciam que tanto os governos Bolsonaro e Ibaneis Rocha quanto os serviços de inteligência das Forças Armadas foram informados sobre a ameaça da violência que pairava sobre Brasília (DF). O silêncio diante desses alertas levanta questões cruciais sobre a negligência governamental diante de uma situação potencialmente perigosa.

Em uma série de relatórios enviados à CPMI, a Abin destacou repetidamente a crescente radicalização e o potencial de mobilização para a violência por parte dos grupos extremistas. Alertou sobre o risco de vandalismo, danos à propriedade pública e privada, invasões a prédios e infraestruturas críticas, além de possíveis confrontos com forças de segurança. A presença de militares extremistas no acampamento em frente ao Quartel General do Exército também foi ressaltada, com indícios de mobilização para atos violentos.

Apesar desses alertas, os governos de Jair Bolsonaro e Ibaneis Rocha, bem como os serviços de inteligência das Forças Armadas, não tomaram medidas eficazes para mitigar a situação. A Agência Pública revela como a falta de ação resultou em uma crise crescente que culminou na tentativa de invasão aos Três Poderes em 8 de janeiro.

Os relatórios da Abin descreveram com precisão o cenário que se desenrolaria na futura invasão aos Três Poderes em 8 de janeiro. Alertas sobre o “elevado grau de radicalização” dos manifestantes e seu potencial para a violência eram evidentes. A presença de militares extremistas no acampamento foi destacada, levando à preocupação de que atos de violência fossem realizados com o uso de armas de fogo, inclusive aquelas construídas em impressoras 3D.

A tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em 12 de dezembro serviu como oportunidade para propaganda por parte dos extremistas violentos, segundo os documentos da Abin. A inteligência identificou a utilização de termos codificados, como a “festa da Selma”, para coordenar as invasões. No entanto, não houve um monitoramento eficaz desses termos nas redes sociais.

A análise da Abin também revelou uma mudança preocupante no panorama político. Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava envolvimento de grupos de supremacistas e neonazistas com pautas políticas ou manifestações. No entanto, a ascensão do bolsonarismo trouxe consigo adeptos de movimentos de deslegitimização do Estado, supremacismo branco e neonazismo. Esses grupos passaram a ser vistos como os vetores mais prováveis de ameaças extremistas ideologicamente motivadas, o que elevou o risco de ações violentas, incluindo o uso de armas de fogo.

Os documentos obtidos pela Agência Pública revelam uma série de alertas e relatórios enviados às autoridades responsáveis. No entanto, muitas vezes essas informações foram ignoradas ou não resultaram em medidas concretas para conter a situação. Mesmo com os riscos identificados pela Abin, a falta de integração entre as forças de segurança, como o Comando Militar do Planalto e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, contribuiu para a falta de ação coordenada.

A tentativa de invasão em 8 de janeiro resultou na queda da cúpula da segurança do Distrito Federal, com suspeitas de omissão por parte dos oficiais de alta patente. A Procuradoria Geral da República acusou esses oficiais de terem recebido informes de inteligência sobre os riscos de invasão e de não terem agido por alinhamento ideológico com os golpistas.

Os relatórios da Abin trazem à tona um retrato perturbador da falta de ação diante de alertas oficiais sobre riscos de violência durante a crise golpista. Os governos Bolsonaro e Ibaneis, bem como os serviços de inteligência das Forças Armadas, receberam informações detalhadas sobre a radicalização, o extremismo e o potencial para atos violentos dos grupos envolvidos. No entanto, a falta de coordenação, integração e medidas preventivas resultou em uma tentativa de invasão aos Três Poderes e na queda da cúpula da segurança do Distrito Federal. A negligência desses alertas levanta questões sobre a responsabilidade governamental em situações de crise e sobre a importância da inteligência na prevenção de eventos perigosos.

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Ruann Lima

Paraibano e Estudante de Jornalismo na UFF

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