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‘Quero acreditar que somos uma organização de Estado, não de governo’, diz GDias sobre GSI

A atuação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança do governo Lula, vem sendo criticada por aliados do presidente nesta terceira gestão. Embora a oposição tenha sido a prioridade para questioná-lo, alguns governistas também tiveram posturas negativas frente ao militar durante a oitiva nesta quinta-feira (31) para a CPI do 8 de […]

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Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A atuação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete Institucional de Segurança do governo Lula, vem sendo criticada por aliados do presidente nesta terceira gestão. Embora a oposição tenha sido a prioridade para questioná-lo, alguns governistas também tiveram posturas negativas frente ao militar durante a oitiva nesta quinta-feira (31) para a CPI do 8 de janeiro.

“Golpista o senhor não é, traidor da República o senhor não é, mas não consigo encontrar uma saída para encontrar justificativa na forma como foi dada sua participação. Tem um ar, me desculpe a expressão, de ingenuidade, ar de incompetência, fraqueza, me perdoe o que eu estou dizendo, mas assim, me parece que esse pingo no oceano acabou virando comida para quem quer defender o golpe militar”, disse Rafael Britto (AL), deputado federal pelo MDB. “Talvez tenha sido um excesso de confiança na hierarquia do Exército.”

A relatora da CPI do 8 de janeiro e senadora, Eliziane Gama (PSD-MA, ouviu Gonçalves Dias por quase uma hora. Durante este tempo, foram expostas imagens do ex-militar usadas pela oposição para acusar o atual governo petista de omissão sobre os ataques golpistas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro nas urnas.

As filmagens das câmeras internas de segurança mostram Gonçalves Dias circulando pelo Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. Em detrimento dessas imagens, ele foi demitido do ministério. 

“No mesmo dia em que levaram ao ar na CNN imagens editadas e distorcidas das câmeras de segurança do terceiro andar do Palácio, o que estava nas respostas passou a alimentar novas versões, um pouco delirantes e criadas para distorcer o fato e as ordens do evento”, disse. “Não mandei ninguém adulterar nada”.

A relatora da comissão questionou o general a respeito dos alertas que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) encaminhou a GDias antes dos ataques. Segundo a Folha de S. Paulo, a agência havia enviado um alerta ao então ministro às 19h40 de 6 de janeiro, apontando um “risco de ações violentas contra edifícios públicos e autoridades”. Gonçalves Dias, no entanto, nega que tenha recebido diretamente as mensagens em questão.

“Eu repito aqui. Não mandei ninguém adulterar documento ou retirar meu nome dos relatórios. Apenas, tão somente, determinei ao senhor Saulo que organizasse as informações que deveriam ser dadas à CCAI [Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência], dentro de uma lógica única: os alertas de segurança com informações de fontes abertas haviam sido passados para um grupo de WhatsApp, constituído de órgãos públicos, e não com o meu nome”, disse.

A matéria da Folha indicava que G. Dias teria determinado que a Abin retirasse o nome dele do relatório enviado em 20 de janeiro. Este documento contava com informações de inteligência disparadas pela Abin entre 2 e 8 de janeiro, em mensagens a diferentes órgãos pelo WhatsApp. O ex-ministro afirma que não estava nestes grupos. Além disso, o documento também não exibia informes que, de acordo com a agência, haviam sido enviados diretamente ao general.

Outra pessoa a questionar o ex-ministro foi o senador Sérgio Moro (União-PR), que perguntou sobre as trocas de mensagens entre os responsáveis pela secretaria do GSI e pelo Centro de Operações do Planalto.

Gonçalves Dias disse não ter conhecimento que o reforço havia sido dispensado durante os ataques, alegando que pediu ajuda para proteger o Palácio do Planalto e negou que o órgão tenha se omitido na ocasião.

“Eu era ministro em nível estratégico, tem o nível tático lá em baixo. O senhor sabe disso porque comandou ministério”, continuou o militar.

Questionado pelo parlamentar Rafael Britto, Gonçalves Dias admitiu ter falhado em trocar com agilidade a equipe do GSI do governo Bolsonaro, o que pode ter favorecido os ataques terroristas.  “O tempo era exíguo e, historicamente, essas mudanças não eram drásticas. Talvez devesse ter feito isso, deputado”, declarou.

“Na primeira semana, foram mudadas nove pessoas. Tínhamos também um processo de mudança física. Depois de 8 de janeiro, comecei as trocas mais efetivas”, disse. “Do dia 8 ao dia 19 de abril, mudei cerca de 250 pessoas”, respondeu o ex-ministro a senadora Eliziane Gama sobre o mesmo assunto. Para ela, ele declarou que quer acreditar que não foi vítima de sabotagem.

Citando sua atuação no Exército por 44 anos, Gonçalves Dias contou que foi responsável pela formação de uma geração de cadetes. “As Forças Armadas são pautadas na hierarquia, disciplina e na cadeia de comando. Quero acreditar que somos organização de Estado e não de governo”.

O general deixou o comando do GSI a cerca de quatro meses, quando as imagens divulgadas pela CNN no dia 19 de abril mostravam Gonçalves Dias interagindo com autores dos ataques dentro do Palácio do Planalto em 8 de janeiro. A revelação também foi o ponto alto para que o governo criasse a CPI do Congresso em seguida.

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