Estes programas têm sido utilizados desde muito antes da atual guerra em Gaza, particularmente na Cisjordânia ocupada.
A tecnologia avançada de reconhecimento facial desempenhou um papel de liderança no desaparecimento forçado e no rapto de dezenas de palestinos em Gaza por Israel.
Milhares de pessoas foram dadas como desaparecidas em Gaza desde o início da guerra terrestre israelense no final de outubro.
Uma reportagem de 27 de março do The New York Times (NYT) detalha o caso do poeta palestino Mosab Abu Toha – totalmente não afiliado ao Hamas – que foi sequestrado, vendado e arrastado para longe de seu filho pelas forças israelenses menos de uma hora depois de passar por um posto de controle na Faixa de Gaza.
“O Sr. Abu Toha entrou no alcance das câmeras incorporadas com tecnologia de reconhecimento facial”, disseram fontes anônimas da inteligência israelense ao meio de comunicação. Após a sua identificação, um programa de IA encontrou-o numa lista de pessoas procuradas por Israel.
Ele é uma das “centenas” de palestinos que foram submetidos a este método de sequestro, confirmam as fontes. Autoridades dizem que a tecnologia está sendo usada para procurar prisioneiros israelenses mantidos em cativeiro pelo Hamas.
No entanto, milhares de palestinos, muitos deles sem ligações à resistência, desapareceram sem deixar rasto.
“Um adolescente que vendia cigarros. Uma cantora em ascensão. Um engenheiro de uma fábrica de engarrafamento local estão entre os milhares de desaparecidos em Gaza”, noticiou o Washington Post em meados de março.
Acredita-se que estes e muitos outros tenham desaparecido nos postos de controle israelenses. Segundo o CICV, mais de 5 mil estão desaparecidos na Faixa de Gaza.
No mês passado, a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos (PPS) alertou que Israel comete repetidamente o “crime de desaparecimento forçado”.
“Até à data, a ocupação recusa-se a divulgar qualquer informação clara sobre o destino dos detidos em Gaza, embora as organizações internacionais de direitos humanos tenham apelado repetidamente à cessação deste crime”, afirmou o PPS.
Israel impulsionou a utilização de tecnologias avançadas, como a IA, particularmente para gerar milhares de alvos para atacar na sua guerra genocida na Faixa.
No entanto, Tel Aviv tem utilizado esta tecnologia desde muito antes da guerra em Gaza, particularmente para consolidar a sua ocupação da Cisjordânia.
A utilização do reconhecimento facial aumentou significativamente no ano passado com a utilização de um sistema conhecido como Red Wolf, destinado a restringir e vigiar o movimento palestino na Cisjordânia.
“Tanto em Hebron como em Jerusalém Oriental ocupada, a tecnologia de reconhecimento facial suporta uma densa rede de câmaras CCTV para manter os palestinos sob observação quase constante… esta vigilância faz parte de uma tentativa deliberada das autoridades israelitas de criar um ambiente hostil e coercivo para os palestinos”, informou a Anistia Internacional em maio de 2023.
Publicado originalmente pelo The Cradle em 27/03/2024
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