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Wall Street explode em fúria contra ‘estupidez’ tarifária de Trump

Bilionários de Wall Street estão em uma posição incomum: observando de fora, frustrados, enquanto as tarifas alfandegárias avançam e o mercado de ações entra em colapso. Após ignorar os apelos de executivos financeiros para suspender suas políticas tarifárias, o presidente Donald Trump provocou uma onda de críticas públicas e movimentações nos bastidores do alto escalão […]

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Spencer Platt / Getty Images

Bilionários de Wall Street estão em uma posição incomum: observando de fora, frustrados, enquanto as tarifas alfandegárias avançam e o mercado de ações entra em colapso. Após ignorar os apelos de executivos financeiros para suspender suas políticas tarifárias, o presidente Donald Trump provocou uma onda de críticas públicas e movimentações nos bastidores do alto escalão do setor financeiro.

Desde ligações telefônicas e postagens em redes sociais até cartas formais a acionistas, executivos tentam convencer o governo a recuar. Após o anúncio do mais amplo pacote de tarifas da presidência, CEOs de grandes bancos — incluindo Jamie Dimon, do JPMorgan Chase — reuniram-se em Washington com o secretário de Comércio, Howard Lutnick. Segundo fontes, Lutnick não foi convencido.

No fim de semana, megadoadores da campanha de reeleição de Trump apelaram diretamente à chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, e ao secretário do Tesouro, Scott Bessent. Sem sucesso.

Na segunda-feira, bilionários de fundos de hedge começaram a criticar publicamente as tarifas. William A. Ackman afirmou no X que “a economia global está sendo destruída por uma matemática ruim” e pediu correções urgentes. Andrew Hall, trader de petróleo bilionário, elogiou Ackman por admitir o erro de apoiar Trump e criticou o silêncio de outros líderes financeiros.

Jamie Dimon, mais cauteloso, escreveu em carta a investidores que as tarifas podem prejudicar o sentimento de consumidores e investidores e reduzir o crescimento econômico. Laurence Fink, presidente da BlackRock, foi mais direto ao dizer, durante um evento em Nova York, que “a economia está enfraquecendo neste exato momento” e previu que os consumidores sentirão o impacto — até mesmo no preço de bonecas Barbie.

O cenário choca os financistas, acostumados a terem acesso direto a presidentes de ambos os partidos. Durante o primeiro mandato de Trump, ele celebrava os ganhos do mercado como sinal de sucesso. Agora, enfrenta resistência de seus próprios aliados econômicos.

Um breve alívio surgiu na manhã de segunda-feira, com rumores de que Trump recuaria nas tarifas. A notícia fez o mercado oscilar para o positivo, mas foi negada pela Casa Branca. Trump reafirmou seu compromisso com as tarifas, e o S&P 500 fechou em queda de mais 0,2%, acumulando queda de quase 18% desde fevereiro, à beira de um mercado de baixa.

Segundo Kush Desai, porta-voz da Casa Branca, o governo mantém contato com líderes empresariais, mas “o único interesse especial guiando as decisões do presidente é o do povo americano”, citando os déficits comerciais como emergência nacional.

A turbulência alarma Wall Street, pois um mercado estável é essencial para fusões, empréstimos e previsibilidade. Com a queda acelerada, similar à do início da pandemia, bancos e investidores monitoram riscos e perdas.

Um grande banco avalia a necessidade de reduzir o valor de empréstimos bilionários a empresas classificadas como seguras. Outro tema é o mercado privado de crédito, que cresceu desde 2008 e pode não suportar uma contração deste porte.

Apesar de parecerem distantes do cotidiano, os executivos financeiros alertam que as tarifas afetam a economia real, não apenas os mercados. A crise de 2008, iniciada com papéis hipotecários, levou a um colapso no setor imobiliário e anos de recuperação. Muitas empresas americanas dependem de exportações para países que agora ameaçam retaliações.

A equipe de Trump afirma que a turbulência é uma “disrupção temporária necessária” para gerar empregos de longo prazo em setores industriais. Um executivo com acesso à Casa Branca já orienta colegas a pararem de tentar adiar as tarifas e focarem em negociar exceções por setor.

O tom também mudou entre os executivos. Após nova reunião, o grupo de CEOs passou a discutir como proteger seus bancos, e não como convencer Trump. Na terça, Ackman recuou parcialmente em sua crítica, dizendo que apoia o combate a práticas comerciais desleais, mas que isso deveria ser feito de forma negociada para evitar danos desnecessários.

***

Rob Copeland é repórter de finanças do The New York Times, cobrindo Wall Street e a indústria bancária.

Maureen Farrell escreve sobre Wall Street, com foco em private equity, fundos de hedge e bilionários.

Lauren Hirsch cobre Wall Street, incluindo fusões, mudanças executivas e políticas que afetam os negócios.

Publicado em 8 de abril de 2025.
Fonte: The New York Times

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