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Empresas dos EUA preferem se manter na China mesmo com o tarifaço de Trump

Apesar das tarifas comerciais severas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de enfraquecer economicamente a China, muitas empresas americanas continuam a manter sua presença no país asiático. O movimento, que foi inicialmente visto como uma tentativa de forçar a reindustrialização dos EUA, gerou o efeito contrário, com muitas empresas optando […]

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Zhang Jingang/Xinhua

Apesar das tarifas comerciais severas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o objetivo de enfraquecer economicamente a China, muitas empresas americanas continuam a manter sua presença no país asiático.

O movimento, que foi inicialmente visto como uma tentativa de forçar a reindustrialização dos EUA, gerou o efeito contrário, com muitas empresas optando por reforçar sua base de operações na China, em vez de diversificar para outros países.

De acordo com reportagem do The New York Times, citada pela Folha de S. Paulo, a estratégia de Trump visa aumentar as tarifas sobre produtos chineses, ultrapassando 100%, em retaliação a práticas comerciais de Pequim.

A administração Trump busca repetir a estratégia de seu primeiro mandato, pressionando a indústria americana a retornar para os EUA. Entretanto, a medida foi expandida para incluir países asiáticos como Vietnã, Tailândia e Índia, que anteriormente eram considerados alternativas para a cadeia de produção global.

O resultado, no entanto, tem sido diferente do esperado pela Casa Branca. Empresários e especialistas apontam que a previsibilidade dos fornecedores chineses, combinada com a complexidade logística de reestruturar cadeias produtivas, tem levado as empresas a manter suas operações na China, em vez de transferi-las para outros locais.

A China como Escolha Racional

Travis Luther, fundador da MOSO Pillow, uma empresa especializada em produtos de cama feitos com fibra de bambu, comentou que a decisão mais racional tem sido continuar com os fornecedores chineses. Durante uma conferência recente com outros empresários dos Estados Unidos, Luther relatou que a maioria das empresas não está buscando alternativas fora da China.

“Permanecer na China e fazer a China funcionar é a estratégia de todos agora”, afirmou Luther, destacando que, além do custo, a China oferece processos de fabricação e engenharia altamente sofisticados.

A instalação de uma planta de processamento nos EUA, segundo Luther, exigiria investimentos significativos — cerca de US$ 6 milhões (R$ 35 milhões) — e levaria anos para se concretizar, além de ser necessário importar a matéria-prima durante esse período, sujeito às tarifas em vigor.

A Incerteza Política Como Obstáculo

A volatilidade das decisões comerciais de Trump tem criado um ambiente de incerteza, dificultando investimentos de longo prazo. Kit Conklin, chefe global de risco e conformidade da Exiger, uma empresa especializada em mapeamento de cadeias de suprimentos, comparou o cenário atual a uma “névoa da guerra comercial”, onde a falta de previsibilidade das políticas impede que a indústria reaja adequadamente. “Tem que haver certeza política para que a indústria reaja”, afirmou Conklin.

A frustração é compartilhada por outros executivos, como um de uma multinacional, que falou sob anonimato. Ele expressou sua insatisfação com a imprevisibilidade das regras comerciais: “As regras do jogo parecem mudar todos os dias. Parece que não temos opção a não ser esperar.”

Durante a guerra comercial anterior, muitas empresas transferiram parte da produção chinesa para países vizinhos ou para o México, tentando evitar as tarifas. No entanto, com a nova rodada de tarifas, que afeta mais de 60 países, incluindo o Vietnã, Tailândia e Índia, o incentivo para relocação de fábricas foi praticamente aniquilado.

A Manutenção das Cadeias de Suprimentos

Uma nota do banco japonês Nomura Securities observa que, embora as tarifas sobre a China permaneçam elevadas, as tarifas abrangentes impostas a outros países podem, paradoxalmente, preservar a posição da China nas cadeias de suprimentos globais. De acordo com o banco, a uniformização temporária das tarifas em 10%, válida por 90 dias, pode ajudar a manter o status quo.

Sarah Massie, consultora especializada em comércio internacional, explicou que o cenário atual, onde todos os países estão sendo afetados por tarifas, tende a favorecer a manutenção das parcerias comerciais existentes.

“Se todo mundo está sendo atingido, então isso definitivamente está parando algumas das buscas. Porque as pessoas pensam que, pelo menos, já sabemos o que esse fornecedor nos dá e estávamos felizes com eles antes das tarifas atingirem, então por que não continuaríamos felizes?”, afirmou Massie. No entanto, ela alertou que nem todas as empresas conseguirão manter esses custos no longo prazo.

O Impacto na Indústria Americana

Apesar dos esforços de Trump para recuperar a indústria nacional, especialistas apontam que os EUA enfrentam obstáculos significativos para competir com a capacidade produtiva da China.

Mesmo sob a pressão das tarifas, a China continua a ser um centro vital para a produção global, devido à sua infraestrutura e eficiência na fabricação de produtos.

Além disso, as decisões políticas volúveis do governo Trump tornam ainda mais difícil para as empresas americanas tomarem decisões de longo prazo em relação às suas cadeias de suprimentos.

A situação revela um dilema para a administração Trump: enquanto a retórica política continua a defender a reindustrialização dos EUA, a realidade econômica e a complexidade das cadeias produtivas globais dificultam a execução dessa estratégia.

As empresas continuam a apostar na estabilidade e previsibilidade da China, colocando em xeque a eficácia das políticas comerciais agressivas do governo norte-americano.

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