Mercados e lojistas em Flushing e Chinatown lidam com custos crescentes, temendo o impacto direto no bolso dos consumidores e na sobrevivência
Enquanto o tempo muda em Nova York, o movimento nos corredores dos supermercados asiáticos de Flushing – o quarto maior distrito comercial da cidade – segue intenso. A região, que abriga uma comunidade asiática em crescimento, tem visto um aumento incomum no fluxo de compradores, muitos deles preocupados com possíveis aumentos de preços devido às tarifas impostas pelo governo Trump sobre produtos chineses.
No supermercado Chang Jiang, as filas se estendem além do normal. “Olha a fila do caixa. Está muito maior que o habitual”, comenta Wu Jianxi, gerente do estabelecimento, em entrevista à Xinhua. Com 60% dos produtos vindos da China, ele teme que, quando os estoques atuais se esgotarem, os preços possam subir, afetando os consumidores.
Estoque limitado e preocupação com futuros ajustes
Muitos empresários estão correndo para estocar mercadorias antes que as tarifas elevem os custos. “Ainda não aumentamos os preços, mas depois de dois meses, o depósito pode ficar vazio”, alerta Wu. Ele recomenda que os clientes comprem itens não perecíveis, como alimentos secos e óleos, que podem ser armazenados por mais tempo.
Em Flushing, quatro grandes supermercados asiáticos são essenciais para a comunidade, oferecendo produtos diferenciados e preços competitivos. No entanto, a possibilidade de escassez e aumento de custos preocupa tanto lojistas quanto consumidores.
“Trump pode ter suas razões para incentivar a produção americana, mas, por enquanto, a oferta local não atende à demanda”, afirma Zhang, gerente do supermercado US 1. Ele alerta que, se as tarifas persistirem, a variedade de produtos pode diminuir e os preços subir, pressionando tanto empresas quanto clientes.
Impacto além de Flushing: Chinatown também sente os efeitos
Na Chinatown de Manhattan, lojas como a Red Apple Gift Shop, especializada em artigos tradicionais chineses, já sentem o peso das tarifas. Jennie Li, proprietária da loja, relata que os custos de envio subiram US$ 6 por libra. “Os produtos aqui já têm margens apertadas. Se os preços aumentarem, teremos que trabalhar mais horas para compensar”, diz ela.
Jasmine Baker, uma jovem de 20 anos que frequenta supermercados chineses em busca de itens exclusivos, teme pelo futuro desses estabelecimentos. “Isso me assusta. Muita gente depende desses lugares para comprar coisas acessíveis. Será que vão conseguir sobreviver?”, questiona.
Enquanto as tarifas continuarem em vigor, a comunidade asiática de Nova York se vê diante de um cenário incerto – entre estoques limitados, preços em alta e a preocupação com o futuro de negócios que são mais do que pontos de venda, mas parte fundamental da vida cultural e econômica da região.
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