Caso tarifas sejam aprovadas, veículos elétricos podem ter aumento de preço e atrasar os planos de transição energética norte-americanos
O Departamento de Comércio dos Estados Unidos deu o primeiro passo para a imposição de tarifas antidumping sobre importações de componentes essenciais para baterias vindos da China, após concluir que os materiais receberam subsídios considerados desleais. A decisão preliminar marca um avanço no caso comercial que investiga o fornecimento de materiais para ânodos, cruciais para baterias de veículos elétricos, incluindo grafite e silício.
Produtores norte-americanos de grafite estiveram entre os que solicitaram as investigações, alegando que os pesados subsídios estatais chineses distorcem os preços e dificultam a concorrência. Caso as tarifas sejam elevadas significativamente, o custo dos carros elétricos fabricados nos EUA pode subir, justamente quando um plano tributário republicano pretende cortar incentivos fiscais para consumidores.
As tarifas preliminares anunciadas nesta terça-feira pelo Departamento de Comércio visam neutralizar os subsídios concedidos à produção chinesa, enquanto uma investigação paralela analisa possíveis práticas de preços injustos. As decisões finais devem ser divulgadas ainda este ano. Esses casos são independentes das amplas tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump a diversos parceiros comerciais, assim como dos planos de taxação sobre semicondutores, produtos farmacêuticos e outros bens.
O órgão norte-americano identificou que produtores e exportadores chineses se beneficiam de subsídios que podem chegar a 721%. Entre as empresas citadas estão a Huzhou Kaijin New Energy Technology Corp. e a Panasonic Global Procurement China Co., que não se manifestaram imediatamente sobre o assunto.
A China domina a produção global de grafite, e fabricantes de baterias dos EUA dependem do material chinês. Dados da BloombergNEF mostram que, em 2024, cerca de 56% da demanda norte-americana por grafite relacionada à transição energética foi atendida por importações da China.
O caso reflete as crescentes tensões comerciais entre Washington e Pequim, especialmente no setor de tecnologias verdes, onde os EUA buscam reduzir a dependência de fornecedores chineses. Enquanto isso, a indústria automotiva norte-americana enfrenta o desafio de equilibrar custos e competitividade em meio a possíveis mudanças na política tributária e barreiras comerciais.
Especialistas alertam que tarifas elevadas podem impactar a cadeia de suprimentos de baterias, encarecendo veículos elétricos em um momento crucial para a expansão do mercado. A decisão final do governo dos EUA será acompanhada de perto por investidores e pelo setor de energia limpa.
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