China, Rússia e Paquistão apresentaram ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que exige o cessar imediato das hostilidades envolvendo o Irã. A proposta pede ainda proteção aos civis, respeito ao direito internacional e a retomada de diálogos diplomáticos.
O documento foi debatido em reunião emergencial do Conselho no domingo, 22 de junho, convocada após os recentes bombardeios dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas.
Segundo diplomatas que acompanharam as discussões, ainda não há uma data definida para a votação do texto. A aprovação depende de ao menos nove votos favoráveis entre os 15 membros do Conselho, sem vetos de nenhum dos cinco países permanentes: Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China.
Fontes diplomáticas informaram que os Estados-membros foram convidados a enviar comentários e sugestões até a noite da segunda-feira, 23 de junho. O conteúdo do projeto circula entre os representantes como tentativa de estabelecer uma posição comum sobre o conflito em escalada no Oriente Médio.
Durante coletiva realizada em Pequim, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, fez um apelo aos demais integrantes do Conselho para que respaldem o projeto apresentado.
“Conclamamos os membros do Conselho de Segurança para apoiarem o projeto de resolução e permitirem que o Conselho cumpra seu papel na manutenção da paz e da segurança internacional”, declarou o porta-voz.
Em pronunciamento paralelo, o embaixador da Rússia na ONU afirmou que o texto da proposta “faz um apelo por uma busca por uma solução diplomática em torno do programa nuclear iraniano”. Ele acrescentou que o documento é “curto e equilibrado”, e destacou que o objetivo é evitar novos confrontos armados na região.
O projeto de resolução surge em meio a um contexto de forte tensão geopolítica. Os Estados Unidos realizaram, no domingo, uma ofensiva contra as principais instalações nucleares do Irã, localizadas em Natanz, Fordow e Isfahan. De acordo com o governo norte-americano, os ataques visaram neutralizar a capacidade de enriquecimento de urânio da República Islâmica.
O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que “as principais instalações de enriquecimento de urânio foram completamente destruídas”. O Pentágono declarou que ainda avalia o impacto real da ação militar, mas não descartou a possibilidade de novos bombardeios caso o Irã mantenha o ritmo das retaliações.
Desde o início da crise, o Irã respondeu com ofensivas contra alvos considerados hostis, ampliando o risco de um confronto regional de grandes proporções. O governo iraniano também enviou comunicado oficial à ONU alegando que os bombardeios norte-americanos violam a soberania nacional e o direito internacional.
O esboço do projeto de resolução proposto por China, Rússia e Paquistão também enfatiza a necessidade de proteger a população civil e de interromper qualquer ação militar que possa agravar ainda mais a crise. Os signatários da proposta insistem que uma solução política, baseada em negociação, é o único caminho viável para estabilizar a situação.
A proposta não teve apoio imediato de todos os membros do Conselho. Em manifestações nas redes sociais, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, criticou a iniciativa. Segundo ele, os autores da resolução estariam tentando condenar os Estados Unidos e Israel por ações de legítima defesa.
A resposta de Israel ocorre no contexto de sua própria ofensiva militar contra o Irã. Desde 13 de junho, as Forças de Defesa de Israel conduzem ataques a alvos estratégicos iranianos, sob a justificativa de combater um suposto programa nuclear clandestino. Cientistas e militares iranianos foram mortos durante os bombardeios.
Com a crescente complexidade do conflito, o papel do Conselho de Segurança torna-se central na tentativa de conter a escalada. Apesar das divisões internas, representantes diplomáticos de vários países expressaram preocupação com a possibilidade de uma guerra regional envolvendo múltiplos atores estatais e não estatais.
A proposta de resolução será analisada nos próximos dias, mas diplomatas envolvidos nas discussões alertam que a divisão entre os membros permanentes pode dificultar a aprovação do texto. Caso haja veto de qualquer um dos cinco países com poder de bloqueio, a proposta será automaticamente rejeitada.
Enquanto isso, negociações paralelas continuam entre representantes da União Europeia e do Irã, que buscam reativar canais diplomáticos e reduzir o nível de confrontação. Não há, no entanto, indicativos concretos de que as partes envolvidas estejam dispostas a recuar das posições atuais.
A expectativa da comunidade internacional gira em torno das próximas movimentações no Conselho. A eventual aprovação ou rejeição do projeto poderá sinalizar os rumos que a crise tomará nos dias seguintes.
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