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Os problemas da Nicarágua. Ajude-nos a entender

Uma dileta amiga, nicaraguense, de esquerda, de uma família sandinista, tem me enviado artigos e links sobre a situação na Nicarágua. Aparentemente, apesar de setores da esquerda ainda se recusarem a acreditar, o governo de Daniel Ortega está patrocinando, ou sendo criminosamente omisso, com uma repressão assassina contra manifestantes. Eu ainda não me sinto seguro […]

24 comentários
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Uma dileta amiga, nicaraguense, de esquerda, de uma família sandinista, tem me enviado artigos e links sobre a situação na Nicarágua. Aparentemente, apesar de setores da esquerda ainda se recusarem a acreditar, o governo de Daniel Ortega está patrocinando, ou sendo criminosamente omisso, com uma repressão assassina contra manifestantes.

Eu ainda não me sinto seguro para me posicionar. Publiquei há alguns dias um artigo do Eric Nepomuceno, colunista do La Jornada, principal jornal da esquerda mexicana, e do Nocaute, blog do Fernando Morais, que traz acusações pesadíssimas ao governo Ortega.

Peço aos internautas que me ajudem nesse debate. Leiam os artigos e dêem sua opinião. Segue alguns links para nos ajudar a tomarmos posição. Se alguém tiver mais informações sobre o que acontece, favor postar nos comentários.

O escritor Boaventura de Sousa Santos, muito respeitado no Brasil, em especial pelo campo progressista, pela presença sempre constante e corajosa em nossas lutas democráticas, tomando partido contra o golpe, pela liberdade de Lula, contra as reformas de Temer, assinou também um texto bastante crítico sobre Ortega, e cobrando o posicionamento da intelectualidade latino-americana sobre a situação no país.

As Veias Abertas da Nicarágua, por Boaventura de Sousa Santos

Este silêncio da esquerda é explicado em termos duros, por um colunista do La Jornada, num artigo também muito severo contra o governo Ortega:

En medio de la descomposición cada vez mayor del régimen Ortega-Murillo en Nicaragua, una buena parte de la izquierda internacional se aferra a la patética ilusión de que la crisis de algún modo es un complot urdido por Washington para desestabilizar a una revolución. En estos momentos, se libra una batalla sobre el desenlace del régimen y el futuro del país.

Ao final de junho, a Comissão de Direitos Humanos da OEA (Cidh) publicou um informe com denúncias graves de violações e violências cometidas pelo governo da Nicarágua.

E hoje minha amiga me envia novo link, de matéria no site da Anistia Internacional, com mais denúncias contra violências do governo contra manifestantes.

Abaixo, uma reportagem sobre a “Marcha das Flores”, um protesto contra a repressão e a morte de manifestantes. O âncora da matéria é um jornalista muito respeitado na Nicarágua.

Neste documento aqui, há uma série de links com vídeos e reportagens sobre o que ocorre no país.

Entendo que a esquerda brasileira e mundial, em especial após a Primavera Árabe e as Jornadas de Junho, e com todas as denúncias sobre as novas táticas da “guerra híbrida” promovida pelo imperialismo, esteja consumida por teorias de conspiração e paranoia política.

Nunca foi tão difícil obter informação e, mais ainda,  entender corretamente a conjuntura.

Mas o fato de ser difícil não pode nos eximir de fazer o esforço máximo para assumirmos posições firmes e justas sobre os acontecimentos mundiais.

O que acontece, de fato, na Nicarágua? Como podemos ajudar nossos irmãos a encontrar uma saída pacífica e democrática?

Que lições, para o Brasil e para o mundo, podemos tirar do que acontece lá?

Ajude o Cafezinho a promover um debate justo e necessário sobre o que acontece na Nicarágua. Leia os artigos, informe-se, faça um comentário, participe!

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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William

12/07/2018 - 09h49

A crise num pequeno país, aparentemente sem importância, como a Nicarágua está testando a vocação democrática da chamada esquerda e seus esquemas rígidos e maniqueístas de análise. A realidade é muito mais rica e complexa que os referenciais dos partidos e dos intelectuais de esquerda. É muito simples defender a tese da conspiração. É muito fácil,optar pela tese antes que pesquisar e ver o que realmente está acontecendo. A realidade na Nicarágua supera os esquemas rígios, a respostas prontas. Há um certo ineditismo na revolta de abril na Nicarágua. Essa rebelião ou revolução pacífica não está escrita nos manuais de cabeceira dos militantes de esquerda. Como é possível que de uma revolução como a sandinista de 1979 tenha surgido uma ditadura? uma ditadura igual ou pior daquela que em julho de 1979 a FSLN e o povo derrotou: a ditadura de Somoza?. è difícil ter uma explicação ligeira, haveria que mergulhar nas contradições do processo histórica para analisar esta metamorfose.

Benoit

11/07/2018 - 14h06

Não tenho acompanhado o que acontece lá para poder dizer alguma coisa. Acho que uma fonte boa de informações em geral poderia ser o Zcomm znet e na página deles pôr o nome do país no espaço para buscas que fica em cima do lado direito. Uma parte do link: //zcomm.org/znet/

Ana Mercedes

11/07/2018 - 11h44

Acho que a “dificuldade” de acreditar nas posições que desde a esquerda criticam o governo do Daniel Ortega e apoiam a revolta popular tem a ver mais com crenças e convicções do que com argumentos propriamente ditos. É compreensível, porque se mobilizam todos os imaginários já construidos sobre “governos de esquerda atacados pelo imperialismo utilizando-se da manipulação do povo através de suas oligarquias locais”. Para que buscar outras explicações, se tudo encaixa tão bem? É um tema complexo, do ponto de vista da análise racional e duro, do ponto de vista das emoções e das convicções que nos mobilizam. Não é possível se aprofundar nos limites deste comentário, mas gostaria apenas de pontuar algumas coisas:
1. Para além da obviedade de que os interesses dos Estados Unidos estão por todas partes, não é possível explicar a revolta popular a partir do argumento “trama da CIA”. Aqueles que repetem a explicação de que tudo se origina nos interesses geopolíticos relacionados à construção de um canal interoceanico (os primeiros comentários nesta página), ou estão desinformados ou usam esse argumento deliberadamente para confundir pessoas de boa fé. Porque essa construção não prosperou. A empresa que iria construir, a HKND, é liderada por um empresário chinês chamado Wang Jing, que quase faliu em 2015, pela queda na bolsa das ações de outra empresa de sua propriedade. E os chineses parecem estar mais interessados em projetos de ampliação do Canal de Panamá. Nem vamos entrar no debate sobre o que significaria essa suposta grande obra do progresso para as populações e o ecossistema da Nicarágua. Apenas registrar que os camponeses que iam ser afetados tinham todo o direito de se organizar e protestar e que estes são uns dos atores principais da atual rebelião. (Em tempo, as organizações que os apoiam têm buscado aprender de experiências tão “imperialistas” como as do MST).
Vale também registrar que o governo do Daniel Ortega tem se sustentado com apoio dos EUA, com os quais negocia sem asco. Uma mostra disso foi a resolução conjunta EUA- Nicarágua apresentada em 5 de junho, na sessão plenária da OEA, quando o governo de Ortega se absteve na votação contra a Venezuela. O discurso de ambos é virulento, mas a realidade é bem menos evidente. Os EUA não confiam nos rebeldes nicaraguenses, a garantia de seus interesses não exclui a negociação com Ortega.

2. A defesa do Daniel Ortega e da FSLN desde a esquerda é insustentável. Já há vários argumentos nesse sentido em comentários anteriores, mas é importante ter isso bem claro. Como defender um estuprador (denuncia feita por sua entrada em 98 e que muitos preferem esquecer)? Como defender a aliança com a Igreja ao custo de penalizar o aborto terapêutico e alçar o cristianismo quase a religião oficial? Como defender a aliança com Arnoldo Alemán, o mais corrupto dos presidentes e com seu partido somocista e com todos os partipartidos da direita? Como defender sua concentração de poder familiar, Rosário Murillo, sua esposa vicepresidenta, seus filhos controlando as redes de TV e rádio, seu consogro de chefe da Polícia Nacional? Como defender seu pacto com o grande capital, os trabalhadores ganhando uns dos menores salários da América Central, as zonas francas, o FMI parabenizando pela boa condução da economia? Nem vou entrar na corrupção, nas fraudes, na perseguição dos partidos que lhe fazem oposição, no aparelhamento de todos os poderes do Estado, na aliança com as forças da direita mais recalciteante, a perseguição aos meios de comunicação, porque sei que a esses argumentos a esquerda torce o nariz. Mas que tem tudo isso, tem.
E não dá para defender o Daniel Ortega criminalizando o protesto social, transformando todos os que protestam em delinquentes, armando os paramilitares e assumindo-os como necessários para auxiliar a policia, matando sem asco o povo atrás das barricadas e se vitimizando como sendo o atacado, utilizando os órgãos estatais em todos os níveis , até os hospitais e as ambulâncias, como parte das forças paramilitares, citando Jesus Cristo e fazendo posse de Pastor. Sugiro ler a entrevista do seu secretário de relações internacionais e analisar seus frágeis e inacreditáveis argumentos. Defender e justificar o uso dos paramilitares, até onde chegamos? Até onde chegaremos?

3. Entender as forças sociais que estão sublevadas, seus motivos e dinâmicas, é o grande desafio. Os argumentos que as transformam em meros agentes do Império e das oligarquias, em manipulados, em delinquentes, são burdos e inconsistentes. Transpor tudo às guarimbas venezuelanas é desconhecer a tradição de luta de um povo que 39 anos atrás estava prestes a derrubar uma ditadura que parecia indestrutível.
A novidade, potencia, diversidade, extensão e falta de organicidade dessas forças é imensa, é aí onde radica sua força e sua fragilidade. Sim, não há um projeto político, nem uma direção que possa “acalmar a esquerda” sobre suas “verdadeiras intenções” (aliás, isto vale para as forças transnacionais e imperialistas também).As tentativas de busca de apoio e solidariedade da “esquerda” esbarram na mesma suspeita que é confessada no início deste blog:”não me convencem, vou pensar”.
É bom pensar, analisar, mas vale lembrar que, enquanto isso, os mortos já estão se contando em dois dígitos por dia. Um povo levantado contra uma ditadura que o mata igual que fazia Somoza não pode? Um governo que usa paramilitares para massacra-lo pode? E se fossem da direita, ai sim, poderia? Em nome de que projeto, do projeto de poder do Daniel Ortega?

    Benoit

    11/07/2018 - 18h36

    Quais são as suas fontes de informação acerca do país?

Reginaldo Gomes

11/07/2018 - 10h30

O golpe da Nicarágua odeia com todas as forças das profundezas do inferno a direita , esquerda , políticos, empresários , mídia, jornais, pig, judiciário, povo, crianças, idosos, ricos, pobres, etc. O golpe híbrido quer que todos esses idiotas se matem , briguem, mutilem, em terrível guerra sangrenta; assim , o golpe híbrido terá a paz e tranquilidade necessários para roubar tudo que quiser sem ser incomodados.

    Edgar Sarria

    11/07/2018 - 17h34

    Igual dá para argumentar que o povo Nicaraguense é vítima, de uma guerra híbrida por parte do governo do Ortega. Pensemos nos componentes desta, e lá estão eles! Ou é que a guerra híbrida é de uso exclusivo do Imperialismo?

gN

11/07/2018 - 09h20

Essa esquerda… Se dizem democráticos mas sempre defendendo regimes autoritários ao redor do mundo…

Curió ( De capacete )

11/07/2018 - 08h52

A lição é que lá naquele minúsculo país o povo se rebela enquanto que aqui no Brasil a massa é ignara, amorfa, fascista, mas, morre aos milhões nos hospitais, no trânsito, ao ir para a escola… muito mais gente morta do que nos conflitos armados do oriente médio…
Além do mais temos muitos intelectuais que para tudo tem esse bizarro diagnóstico de teoria da conspiração, para repudiar o golpe temos paranoia política. Isso é uma verdadeira infiltração na esquerda para implodi-la. Com gente que sabe ler e escrever muito bem em inglês.
Viva la revolucione!!! Lula livre! Lula ou nada!!!

Luciano

10/07/2018 - 22h59

Vou resumir a trama para quem não sabe o que está ocorrendo: Durante os últimos 100 anos o canal do Panamá foi dominado pelos Estados Unidos através de um tratado com o país. Por volta de 2002 a Russia e China começaram a pressionar os americanos e governo do Panamá para aumentarem a largura do canal e fazerem reformas para permitirem que navios maiores passassem de forma mais rápida para melhorar o comercio mundial. Os norte-americanos se recusaram a atender os pedidos e a Russia começou a negociar a construção de um novo canal com o governo da Nicarágua onde passariam navios de até 250 mil toneladas, além da construção de uma uma estrada de ferro e um oleoduto ao custo de 40 bilhões de dólares custeado totalmente pelo governo chinês. O projeto e o acordo estavam para ser assinados e iniciou-se as tratativas para a construção, nesse momento os americanos iniciaram um movimento de guerra hibrida na Nicarágua, algo com incitação nas redes sociais contra o governo e incentivo a tumultos generalizados. O resultado é a atual crise. Grupos estão sendo usados como massa de manobra para prejudicar o projeto e manter as rotas comerciais sobre controle dos Estados Unidos. Tomem cuidado com o que a mídia publica sobre esse assunto, pois o interesse dos grandes grupos financeiramente poderosos é esconder esse fato.

https://static.scientificamerican.com/espanol/assets/Image/VOZSANDIRUTA.jpg

    Edgar Sarria

    11/07/2018 - 11h31

    Não é bem assim. 1) Por um lado, é justamente um chineses, que tem vínculos não muito transparentes com o governo Chinese, quem seria a cara pública do dinheiro na empreitada. 2) O governo da Nicarágua quer impor o Canal, cedendo incluso soberania nacional, sem ter feito estudos adequados do impacto ambiental, que seria desastroso para as reservas de água doce da Nicarágua e da América Central, além de, provávelmente não ser um Canal hidro-geológicamente viável . 3) O governo do Ortega não parou as expropriações forçadas de terra, a extração ilegal de madeira das regiões expropriadas e o reparto ilegal dessas concessões aos seus aliados. 4) Os EUA tem participado contra o Canal, mediante o oferecimento ao ditador Ortega de benefícios comerciais e económicos. 4) O canal de Panamá está concluindo a expansão que permitirá a utilização de navíos maiores. Só não terminaram porque há briga entre a construtora espanhola e o gvno do Panamá pelos custos, mas isso não tem nenhuma vinculação com do Canal pela Nicarágua. Por último, o governo está torturando e assassinando nicaraguenses diariamente, reprimindo ilegal e covardemente. É que isso não conta? Tão pouco valor tem o termo “crimes de lesa humanidade” para a esquerda? Os mortos são cidadãos! É esse o progressismo a defender?

Luciano

10/07/2018 - 22h56

Vou resumir a trama para quem não sabe o que está ocorrendo: Durante os últimos 100 anos o canal do Panamá foi dominado pelos Estados Unidos através de um tratado com o país. Por volta de 2002 a Russia e China começaram a pressionar os americanos e governo do Panamá para aumentarem a largura do canal e fazerem reformas para permitirem que navios maiores passassem de forma mais rápida para melhorar o comercio mundial. Os norte-americanos se recusaram a atender os pedidos e a Russia começou a negociar a construção de um novo canal com o governo da Nicarágua onde passariam navios de até 250 mil toneladas, além da construção de uma uma estrada de ferro e um oleoduto ao custo de 40 bilhões de dólares custeado totalmente pelo governo chinês. O projeto e o acordo estavam para ser assinados e iniciou-se as tratativas para a construção, nesse momento os americanos iniciaram um movimento de guerra hibrida na Nicarágua, algo com incitação nas redes sociais contra o governo e incentivo a tumultos generalizados. O resultado é a atual crise. Grupos estão sendo usados como massa de manobra para prejudicar o projeto e manter as rotas comercias sobre controle dos Estados Unidos. Tomem cuidado com o que a mídia publica sobre esse assunto, pois o interesse dos grandes grupos financeiramente poderosos é esconder esse fato.

    William

    11/07/2018 - 10h15

    Uma visão muito simplificada do mundo, além de um desconhecimento do processo histórico nicaraguense. Muito se deixam iludir com o argumento simplista de que o que ocorre na Nicarágua é resultado do imperialismo e a direita. Um vicio de interpretação, uma visão cheio de preconceito, sem a preocupação para entender as contradições nem a evolução de um governo que é reacionário, ainda que se chame de esquerda e socialista. Aliado do capital e da igreja conservadora. Alguns analistas se perdem e fazer uso de formula prontas. Nada falam do massacre, do uso de paramilitares, dos métodos fascistas usados por Ortega.

    Ana Mercedes

    11/07/2018 - 12h21

    “O projeto e o acordo estavam para ser assinados e ai os Estados Unidos…”. Você sabe quando foi essa assinatura, Luciano? A Assembleia Nacional da Nicarágua aprovou a construção desse canal em junho de 2013. Há cinco anos atrás! Ai você me vem com essa de “Nesse momento os americanos iniciaram um movimento de guerra hibrida na Nicarágua”: “nesse momento”, em 2018, quando iniciaram os protestos? Explique melhor a relação de uma coisa com a outra, porque essa informação que você tem não procede, já que tudo está parado, não prosperou. Você ouviu falar sobre o chinês Wang Jing e sua quase falência em 2015?.

Mordaz

10/07/2018 - 19h12

É decepcionante que tantos ainda se deixem enganar por uma fórmula já tantas vezes repetida: Protestos “pacíficos” a la Gene Sharp (que de pacíficos não têm nada), seguidos de repressão e de uma choradeira hipócrita sobre direitos humanos a servir de pretexto para uma mudança de regime. Já se foi o tempo em que estudantes eram a vanguarda do pensamento revolucionário. São soldados de uma luta de classes, sim, mas de uma minoria branca, privilegiada e antinacional, a serviço de seus mentores do Norte.

E o que querem os EUA com a Nicarágua? A resposta, como sempre, é geopolítica: “…os Estados Unidos pretendem desestabilizar o governo de Daniel Ortega, dentro de sua estratégia geopolítica global de secar as fontes energéticas chinesas. Por outra parte, a instalação, em abril passado, de uma estação de satélites russa em Managua, para “controlar o narcotráfico e estudar os fenômenos naturais” havia provocado o nervosismo do Pentágono, que acusa a Rússia de “estar usando a Nicarágua para criar uma esfera de espionagem militar”, mediante o Sistema Global de Navegação por Satélites (Glonass), o equivalente ao GPS estadunidense. Em consequência, o Congresso norte-americano aprovou recentemente o projeto de lei conhecido como Nica Act (Nicaraguan Investment Conditional, ou “Condicional de Investimentos na Nicarágua”), que segue a estratégia kentiana de congelar os empréstimos internacionais de instituições satélites dos Estados Unidos (Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento) à Nicarágua com o objetivo claro de provocar sua inanição financeira e posterior asfixia econômica.” (fonte: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Poder-e-Contrapoder/Os-militares-estao-voltando-a-dar-as-cartas-na-America-Latina-/55/39545)

    Ana Mercedes

    11/07/2018 - 13h47

    “Choradeira hipócrita sobre direitos humanos”, que coisa triste essa afirmação. Bem colocado seu nome, “Mordaz”. Então você acha que paramilitares é tudo de bom?
    E se os estudantes “são hoje uma minoria branca, privilegiada e antinacional, a serviço de seus mentores do Norte”, como explicar os pobres que estão nas barricadas e que estão morrendo, sendo presos e torturados por dezenas? Ah, sim, esqueci, eles são delinquentes, narcotraficantes e ainda por cima “de direita”? Merecem bala, plomo, tortura, não é? Transformar pobre em delinquente, não lhe parece familiar com o que acontece nas favelas do Rio e Brasil afora? Você tem então uma outra versão, ideologicamente justificada, do “bandido bom é bandido morto”! Parabéns.
    Veja a entrevista a seguir, do secretário de relações internacionais da FSLN, ai os argumentos estão claríssimos.
    https://elfaro.net/es/201807/centroamerica/22202/%E2%80%9CLos-enmascarados-son-de-los-dos-bandos%E2%80%9D.htm

    Edgar Sarria

    11/07/2018 - 17h41

    Caro anônimo Mordaz, pelo que entendi, a proposta de “ocafezinho” era um debate de ideias. Mas se realmente acreditas que os mortos, feridos e pessoas desaparecidas na Nicarágua é coisa de “choradeira hipócrita sobre direitos humanos” acredito que estás no lugar errado. Isso é Stalinismo, que é bem, bem próximo do fascismo, e ambos são tudo o que o mundo NÃO necessita.

BRUNO SEGALLA FILHO

10/07/2018 - 18h10

O jornal cubano Gramna e a Telesur venezuelana estão defendendo Ortega e denunciando tentativa de golpe na Nicarágua.
A Rede Globo manda contra o governo nicaraguense.
Calma ,Miguel. Ainda é cedo pra tomar uma posição.

    Antonio Carlos Lima

    11/07/2018 - 07h48

    A posição da Globo é um ótimo indicativo. Se a Globo está contra o governo nicaraguense, provavelmente este governo defende os interesses populares.

      William

      11/07/2018 - 10h22

      Que piada, o mundo simplificado, dualista, muito longe do que ocorre na realidade, incapaz de analisar os fatos, o processo histórico na Nicarágua. Ortega usa métodos fascistas e engana ainda alguns fingindo ser de esquerda.Cria ilusões, que alguns compram, e consumem sem crítica. Temos que denunciar o massacre, a violação aos direitos humanos. Ortega usa paramilitares, não só a polícia, para reprimir as manifestações pacíficas. . mais de 300 mortos, com disparos acima do peito e na cabeça, disparos a matar, a maioria são jovens, até crianças. quem não tem a mínima sensibilidade para denunciar estes crimes tem perdido a capacidade de enxergar de que lado estão os inimigos da democracia e do povo.

Edgar Sarria

10/07/2018 - 16h47

O governo do clã Ortega-Murillo está longe de ser de esquerda ou progressista ou revolucionário ou democrático, ou qualquer adjetivo que denote algo positivo. É o mesmo nome, é o mesmo sujeito, mas o Daniel Ortega atual involuiu e não resta mais do que retórica daquele que, nos 80, presidiu um governo que decidia coletivamente, e pelo bem coletivo, os destinos da Nicarágua. Para voltar ao poder literalmente “vendeu a alma ao demônio”: se aliou com a direita corrupta, comprou vontades e assaltou os outros poderes do Estado com os seus “comprados”; declarou inconstitucional (?) artigos da Constituição escrita na Revolução que proibiam a re-eleição; proibiu e penalizou o Aborto terapêutico (!!!); reprimiu e/ou comprou qualquer tentativa de oposição; reprimiu com violência qualquer manifestação social de rejeição às medidas anti-populares; fez aliança com o Capital e abraçou o neo-liberalismo duro, entanto ele e a sua família acumularam riqueza e poder político-econômico amparados na base da chantagem e a corrupção; liberou o extrativismo disque legal e mais o ilegal, cedeu a soberania do país a um empresário Chinese desconhecido…
Até os nicaraguenses cansarem e, pacificamente decidirem protestar massivamente e sem parar desde Abril 2018. E a resposta do governo auto chamado “cristão, socialista e solidário” foi a pior repressão na história recente, resultando em 300 mortos (sim 300!!), milhares de feridos, centenas de presos e desaparecidos. O serviço foi feito pela policia apoiada por grupos parapoliciais com armamento militar (não policial) que inclui lança-foguete RPG7, ametralhadoras médias PKM e granadas de ão, além de AK47. Do outro lado, pedras, estilingues, foguetes de pólvora e a voz.
Os líderes do movimento não são de um partido; eles vem de diversos setores sociais, políticos e econômicos, que espontaneamente se juntaram a protestar e juntos foram reprimidos. Há pluralidade, o que permite assumir que não está monopolizado e isso é bom sinal na hora que o Ditador saia.
É bastante difícil para mim entender por que a esquerda tradicional termina se parecendo tanto ao imperialismo ao dar maior importância em quem resultará dos protestos do que nas mortes, sumiços de pessoas e violações terríveis aos direitos humanos. O certo é que Ortega tem que sair e já! O apóio das forças progressistas é fundamental para que essa saída seja logo. O sangue que corre há 3 meses demandam uma postura ética.

    Luciano

    10/07/2018 - 23h02

    Não viaja.

William

10/07/2018 - 15h22

A rebelião dos jovens nicaraguenses surpreendeu o governo de Ortega. Desde que assumiu o governo em 2007, Ortega sufocou violentamente qualquer protesto social, desta vez não conseguiu e desde abril deste ano o povo está nas ruas, levantando barricadas, realizando manifestações pacíficas. O que começou com uma protesta contra a reforma da previdência social se tornou um forte movimento contra o autoritarismo do governo. O descontento da população, acumulado silenciosamente nestes últimos anos, explodiu em abril. Nicarágua não voltará a ser a mesma e Ortega se encontra acuado, mas como uma fera ferida massacra sem piedade à população. Até agora são mais de 300 mortos e mais de dois mil feridos, a maioria jovens. Ortega tem se beneficiado do capital simbólico derivado da revolução sandinista de 1979, mas tem traído seus ideais, tem se enriquecido, feito alianças com a empresa privada e o setor mais reacionário da hierarquia católica. Ironicamente Ortega se apresenta como um governo de esquerda. E por isso os setores progressistas e a esquerda da América Latina ficam perplexos e confusos. Alguns calam, outros têm se pronunciado a favor do governo de Ortega, condenando as protestas sociais por considerá-las parte de uma grande conspiração da direita e do imperialismo. Esta postura torna estes setores cúmplices dos crimes de Ortega. É difícil saber exatamente o momento em que ocorreu a metamorfose de uma revolução numa ditadura. Alguns afirmam que foi em fevereiro de 1990, com a derrota eleitoral da FSLN e a apropriação de bens do Estado de parte de um grupo de dirigentes sandinistas. Mais que uma derrota eleitoral, este ato significou uma derrota moral. Muitos destacados dirigentes, militantes históricos do sandinismo saíram das fileiras da FSLN.

Vicente Ferraz

10/07/2018 - 13h38

Boa tarde! Prefiro estar do lado de pessoas como Sérgio Ramirez, Ernesto Cardenal, Dora Maria Téllez, entre outros, do que o casal Daniel Ortega e Rosário Murillo.

Abaixo, a tragédia nicaraguense pelas palavras da cmdte Sandinista Dora Maria Téllez:

“Eu não vejo Ortega disposto a sair, mas nem Somoza estava disposto a sair. No final, ele teve que assinar sua renúncia “, disse Dora María Téllez, historiadora e ex-guerrilheira sandinista, a este jornal. “O ponto não é se Ortega está disposto ou não. O ponto é que ele e sua família sabem que têm um limite de tempo. O que acontece é que eles querem estender o máximo possível e, no prolongamento, querem cobrar do nicaraguense o preço mais alto possível, o preço em sangue ”

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/09/internacional/1531170330_741401.html


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