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O aborto segundo Katia Abreu

Como eu não sou candidato a nada, tenho liberdade para dar minha opinião sem medo de repercussões eleitorais, como já fiz tantas vezes aqui. Sou a favor do aborto, da legalização das drogas e do casamento gay. Entendo, porém, que o Brasil – e boa parte do mundo – ainda não está preparado para enfrentar […]

5 comentários
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Como eu não sou candidato a nada, tenho liberdade para dar minha opinião sem medo de repercussões eleitorais, como já fiz tantas vezes aqui.

Sou a favor do aborto, da legalização das drogas e do casamento gay. Entendo, porém, que o Brasil – e boa parte do mundo – ainda não está preparado para enfrentar estas questões.

No caso do aborto, creio que as novas tecnologias de prevenção, num futuro não muito distante, vão resolver a maior parte do impasse, ao criarem maneiras mais fáceis, baratas e modernas de se prevenir a gravidez indesejada.

Ainda no caso do aborto, apesar de ser a favor, entendo também que existe um profundo dilema bioético, e mesmo filosófico e religioso, nessa questão.

Sobre as drogas, os países ricos já iniciaram, desde alguns anos, um processo de legalização, ao menos da maconha, que mais dia menos dia, irá se refletir por aqui.

Os norte-americanos, malandros, já criaram uma indústria bilionária da maconha, e estão gerando empregos e impostos com os novos negócios. Em muitas regiões dos EUA, seus legislativos não apenas descriminalizaram a maconha, como legalizaram o plantio, o comércio e o consumo.

Quanto ao casamento gay, não há polêmicas. Sua proibição é simplesmente medieval. Tem de ser permitido integralmente, em toda a parte.

Hoje, aliás, a senadora Katia Abreu, vice de Ciro Gomes, deu entrevista a Folha dizendo-se absolutamente contra o aborto, mesmo em casos de bebês anencefálicos. É uma opinião horrível, reacionária, que os adversários de Ciro à esquerda, já estão usando.

Podem e devem usar. Política é assim mesmo.

Só não esqueçam que Lula nomeou, para o STF, o ministro Carlos Alberto Menezes Direito, um ultrarreaça católico do Opus Dei, ao invés de nomear… Nilo Batista, o nosso grande brizolista e um dos maiores criminologistas do país.

É muito melhor ter uma vice, função meramente decorativa, contra o aborto, do que um ministro do Supremo.

Se Lula tivesse optado por Nilo Batista, talvez nunca houvesse existido os golpes sucessivos do mensalão, Lava Jato e impeachment. E o aborto talvez estivesse sendo discutido com mais maturidade no país.

O importante é que Ciro, o candidato a presidente, é a favor da descriminalização do aborto, da legalização da maconha e do casamento gay, embora ele tenha que tomar muito cuidado ao falar disso, para não ofender o profundo conservadorismo do povo brasileiro nessas questões.

A cúpula do PT também é altamente progressista nesses temas, mas igualmente precisa manter a boca fechada para ganhar votos. Esse é um dos impostos mais altos que a esquerda brasileira precisa pagar para sobreviver num país tão conservador em termos de costumes.

A propósito, o senado argentino vota hoje a lei de despenalização do aborto, que já foi aprovada na Câmara dos Deputados.

Desejo sorte e força a todas as feministas da Argentina e do mundo em sua luta!

***

No Estadão

Senado argentino decide sobre aborto, e tendência é de rejeição

Projeto que permitiria interrupção da gravidez até a 14ª semana de gestação, aprovado pela Câmara em junho, tinha até esta terça-feira, 7, oposição de 37 dos 72 senadores, o suficiente para barrá-lo

Fernanda Simas, O Estado de S.Paulo

08 Agosto 2018 | 05h00

O Senado da Argentina decide nesta quarta-feira, 8, se aprova ou não o projeto que permite a interrupção voluntária da gravidez até a 14.ª semana de gestação. É a primeira vez que a discussão chega a essa instância na Argentina. As últimas sondagens mostravam a vantagem do “não”, com ao menos 37 dos 72 senadores votando contra a legalização, segundo levantamento do jornal La Nación.

As pesquisas sobre a votação na Câmara indicavam a mesma tendência e o projeto foi aprovado em junho por 129 votos a favor, 125 contra e 1 abstenção. A lei argentina prevê penas de 1 a 4 anos de prisão para a mulher que decide interromper a gravidez – exceto em casos de estupro e risco de morte da mãe. Segundo a última pesquisa Ipsos, 49% dos entrevistados eram contrários à legalização do aborto, enquanto 40% eram favoráveis e 11% não opinaram.

No primeiro grupo, está Marcelo Rossi, de 35 anos, voluntário da Fundação Elegí Sonreír (Prefira Sorrir). Ele integra a campanha contrária à descriminalização do aborto. “Somos contrários à prática, independentemente da questão econômica ou de classe social. Não se trata do direito a abortar ou não, se trata do direito da mulher, mas também de quem está por nascer”, argumenta. “Há vida desde o momento da concepção, então há uma parte que fica esquecida nesse projeto de lei”, argumenta.

Para ele, o projeto não coloca como prioridade a saúde da mulher. “Em 2016, último com cifras oficiais, morreram 525 mulheres por problemas nutricionais, milhares por doenças cardíacas e mais um monte por doenças que podem ser prevenidas. No entanto, por abortos clandestinos, as mortes foram 31, oficialmente. Cada morte é importante, cada pessoa é importante, mas essa lei não mostra a prioridade de milhares de mulheres que passam por alguma situação vulnerável. Se queremos ajudar as mulheres, comecemos por causas em que estão milhares delas.”

No grupo dos defensores da legalização está Elsa Schvarpzman, de 67 anos, socióloga e pesquisadora na Universidade de Buenos Aires. Ela trabalha na campanha a favor da legalização. “Direito ao aborto é uma questão de justiça social, sabendo que neste momento quem decide pelo aborto e tem condições de pagar não sofre nenhum tipo de consequência física, como as pessoas mais pobres que recorrem a práticas precárias”, argumenta.

Ao Estado, ela disse que dados que apontam a viabilidade da legalização foram passados a assessores dos senadores, mas admite que a aprovação será difícil. “A situação é muito complexa. É uma Casa mais difícil do que a Câmara dos Deputados, eles (senadores) têm muitos compromissos com os poderes eclesiásticos, econômicos e políticos.”

No fim de semana, a mudança de voto da senadora opositora Silvina García Larraburu pendeu a balança ainda mais para o lado do “não”. Um dos argumentos levantados por senadores indecisos é o peso econômico que a aprovação teria não apenas para o governo federal, mas para as províncias. O analista político argentino Ricardo Rouvier acrescenta que está em jogo o capital político dos senadores. “Eles sofrem a pressão do setor religioso. No interior da Argentina, o peso dos bispos e da Igreja continua muito importante.”

O ministro da Saúde, Adolfo Rubinstein, defende o projeto. Em apresentação ao Senado, ele mostrou estatísticas da redução do número de abortos em países onde a prática é legal e afirmou que na Argentina a medida pouparia os cofres públicos. Há, segundo ele, cerca de 50 mil internações anuais consequentes de abortos clandestinos.

Mesmo se rejeitado, o projeto pode voltar a ser apresentado no ano que vem. Uma peculiaridade do tema é ter colocado no mesmo grupo inimigos históricos no Parlamento. “A discussão causa divisões dentro dos partidos políticos, tanto do governista quanto o da oposição”, explica Rouvier.

Ele acredita que uma aprovação do aborto não ampliaria a base eleitoral do presidente Mauricio Macri. Pelo contrário, poderia prejudicá-lo com parte dos atuais partidários. “Os grupos que impulsionam o projeto de legalização do aborto não são, em sua maioria, eleitores de Macri”, explica. Na última semana de julho, uma das hashtags mais usadas na Argentina era #MacriConAbortoNoTeVoto, referindo-se a eleitores do presidente que deixariam de apoiá-lo.

Para Rouvier, a rejeição ao projeto também não seria vista com bons olhos por boa parte do país. “Ninguém pode acusar o presidente de ter ignorado o tema, ao contrário, ele tomou a iniciativa (de levar o projeto ao Congresso).” A ex-presidente Cristina Kirchner, que nunca levou a questão a votação e era contrária à legalização, mudou de posição.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Valmir

08/08/2018 - 10h45

Penso que deveríamos apresentar uma solução para a educação, a saúde e a segurança criando assim uma base social mais pronta para este tipo de discussão.

Sergio Sete

08/08/2018 - 10h28

Kátia Abreu contra o aborto.
Kátia Abreu a favor do armamento civil.
Kátia Abreu ruralista.

Ciro Gomes é à direita.

E agora, Miguel?

    Miguel do Rosário

    08/08/2018 - 10h35

    A Katia sim, o Ciro não.

ari

08/08/2018 - 10h26

“Só não esqueçam que Lula nomeou, para o STF”
Este argumento é de uma desonestidade intelectual absurda. Sempre eu poderei achar no meu crítico alguma coisa que, de alguma forma, inviabilize meus argumentos. Algo parecido como dizer que o PCO não poderia opinar por ter poucos votos e coisas similares que temos visto por aqui.
Eu não teria a Kátia como minha vice por uma razão básica: se eu viesse a faltar, por alguma razão, o país seria entregue nas mãos do latifúndio, um dos nossos mais graves problema pelo seu poder destrutivo. E por favor, não me venha contra argumentar que ela foi ministra da Dilma. Ministra é uma coisa, presidenta é outra. Ministro não define política

    Miguel do Rosário

    08/08/2018 - 10h39

    Você comete um erro esquerdista bobo. Confunde latifúndio com agronegócio. O agronegócio tem muitos problemas. Mas é o que sustenta o Brasil. O problema do Brasil não é o agronegócio. O problema do Brasil, hoje é a mídia, o lavajateiros do judiciário e os bancos. Não se pode é colocar banqueiro no ministério da fazenda.


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