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59% dos eleitores de Ciro podem mudar de voto, diz pesquisa

Com a polarização entre Lula e Bolsonaro adquirindo uma dureza impenetrável, e esvaziada a terceira via liberal, as atenções se voltam para o que acontecerá com o capital eleitoral de Ciro Gomes. Segundo a nova pesquisa da BTG/FSB, 59% dos eleitores de Ciro Gomes disseram que podem mudar seu voto até outubro. Se eles realmente […]

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Lula e Ciro Gomes em 1998 (Foto: MARIE HIPPENMEYER/AFP via Getty Images)

Com a polarização entre Lula e Bolsonaro adquirindo uma dureza impenetrável, e esvaziada a terceira via liberal, as atenções se voltam para o que acontecerá com o capital eleitoral de Ciro Gomes.

Segundo a nova pesquisa da BTG/FSB, 59% dos eleitores de Ciro Gomes disseram que podem mudar seu voto até outubro.

Se eles realmente mudarem, para onde vão? Estamos falando aqui de 8% dos eleitores (uma oscilação de 1 ponto para baixo na comparação com a pesquisa de duas semanas atrás).

A mesma  pesquisa sinaliza a possível direção desse voto: perguntados em quem votarão num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, 58% dos ciristas responderam que devem votar em Lula e 16% em Bolsonaro; 24% disseram que não iriam votar e 2% que ainda estavam indecisos.

A conclusão mais óbvia, portanto, é que se esse eleitor decidir mudar seu voto, perto de 60%, devem migrar para Lula.

Essa é uma notícia excelente para Lula, porque amplia suas chances de vencer no primeiro turno.

Na mesma pesquisa, o petista tem 43% dos votos totais, ou 48% dos votos válidos. Qualquer migração que receba de outros candidatos, notadamente de Ciro, pode lhe valer a presidência já no dia 2 de outubro.

Um outro dado indica a fragilidade da candidatura Ciro: sua rejeição cresceu 3 pontos nas últimas duas semanas e chegou a 51%, sete pontos acima da rejeição de Lula, de 44%. Bolsonaro ainda é o campeão nesse quesito, com 57% de rejeição.

A pesquisa, realizada entre os dias  24 e 26 de junho, confirmou uma tendência de acomodação que se tem visto em quase todas as últimas sondagens.

Lula se encorpou nos últimos meses, e estacionou. Isso não é negativo, todavia. Estacionar com mais de 40% dos votos totais, e sempre próximo ou acima dos 50% de válidos, é um desempenho extraordinário, especialmente em democracias maduras, onde a polarização é sempre alta.

Bolsonaro havia experimentado um crescimento modesto, mas sólido, desde o início do ano, a partir do esvaziamento das últimas esperanças de uma terceira via liberal, cujos espólios ainda tem lhe rendido, em algumas pesquisas, um ponto ou outro de alta. Na pesquisa de agora, tem 33%.

É sempre importante olhar com atenção redobrada para a pesquisa espontânea, que reúne o eleitor mais decidido e informado, e portanto com maior potencial para difundir a sua opinião em seu meio.

Lula consolidou um patamar próximo de 40% de votos espontâneos, contra os 30% (um ponto acima ou mais ao longo dos meses) de Bolsonaro. Ambos tem um percentual de voto espontâneo similar ao que tem na estimulada, indicativo do alto grau de solidez de seus eleitores.

Já Ciro tem apenas 3% na espontânea, tendo inclusive desidratado um ponto desde abril.

No gráfico abaixo, com a série histórica da decisão do voto, confirma-se a solidez das candidaturas Lula e Bolsonaro, cujos eleitores se mostram fortemente seguros: em torno de 80% deles dizem que sua decisão “já está tomada, e não vai mudar”.

O mesmo não se dá com outros candidatos. O caso de Ciro, sobre o qual já falamos, é o mais emblemático. Apenas 40% de seus eleitores tem certeza de que votarão no candidato, o que é até uma melhora em relação a duas semanas atrás, quando eram apenas 32%.

Cenários de segundo turno

Os  principais cenários de segundo turno também mostram uma relativa estabilidade. O mais provável, um embate entre Lula e Bolsonaro, mostram vitória do petista por 15 pontos de diferença: 52% X 37%.

Mas Lula também venceria Ciro Gomes, com 31 pontos de vantagem: 50% X 29%. Com esta simulação de segundo turno, ficará cada vez mais difícil, para Ciro, vender a narrativa de que “só ele é capaz de vencer Lula”.

Digressão rápida: Ciro, até hoje, faz grande uso de pesquisas de 2018 que apontavam seu bom desempenho num eventual segundo turno contra Bolsonaro. Na verdade, a vantagem de Ciro não era tão fenomenal assim. Na verdade, nas primeiras pesquisas de 2018, antes de Haddad se tornar mais conhecido, Ciro apresentava, de fato, um desempenho superior a Haddad nos embates de segundo turno contra Bolsonaro, embora bem inferior ao de Lula Entretanto, conforme Haddad foi se tornando mais conhecido, o seu desempenho foi se ajustando ao de Ciro.

Na pesquisa Datafolha de 28 de setembro de 2018, por exemplo, Haddad já pontuava 45% versus 39% para Bolsonaro. O desempenho de Ciro não era muito diferente: 48% contra 39% para Bolsonaro.

Ainda haveria outras pesquisas antes do pleito. A última, realizada no dia 04 de outubro de 2018, trazia Ciro com 48% X 42% Bolsonaro, e Haddad 43% X 44% Bolsonaro.

Fim da digressão. 

Lula tem 71% do voto dos mais pobres, Bolsonaro lidera na classe média

Na segmentação por renda, no entanto, é que encontramos a explicação para a força avassaladora do ex-presidente Lula.

O petista é imbatível entre os mais pobres.

Em votos válidos, Lula tem 71% entre eleitores com renda familiar até 1 salário, contra 17% de Bolsonaro e apenas 2% para Ciro e Tebet. Nessa faixa, curiosamente, o terceiro lugar fica com Janones, que pontua quase 7%.

Bolsonaro, todavia, ainda é o candidato mais popular da classe média. Entre eleitores com renda acima de 5 salários, Bolsonaro tem mais do que o dobro dos votos de Lula: 51% X 24%.

Sobre a pesquisa

A quinta rodada da pesquisa BTG/FSB realizou 2.000 entrevistas telefônicas entre os dias 24 e 26 de junho. Foi paga pelo BTG, um banco de investimento, e custou R$ 128.967,83.

Você pode baixar a íntegra dela em dois formatos:

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Fanta

27/06/2022 - 15h32

Se são eleitores do Ciro votam para Ciro, caso contrário não seriam eleitores do Ciro.

100% dos brasileiros podem mudar de voto e 100% já sabem para quem irão votar.

Ugo

27/06/2022 - 13h27

A finalidade e puxar votos do Cirolipa e dar para o Larápio já no primeiro turno…a gente entendeu muito bem a tentativa.

Foda-se o Lula !!

Sip

27/06/2022 - 12h21

Mais uma semana, mais um texto imenso analisando uma pesquisa aleatória pra mostrar a “fragilidade” do Ciro.

Nada muda.


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