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Mães de pessoas LGBTQIAP+ compartilham processos de aceitação e experiências de maternidade

A fotógrafa Yandra Lobo conta como foi acolher os novos caminhos da sua maternidade, a partir da chegada de Raul Publicado em 14/05/2023 – 15h26 Por Amanda Sobreira – Brasil de Fato – Fortaleza (CE) Brasil de Fato — O desafio de maternar uma criança, seja pela via biológica, seja pelo coração, gera uma série […]

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Jorge Silvestre/ Divulgação

A fotógrafa Yandra Lobo conta como foi acolher os novos caminhos da sua maternidade, a partir da chegada de Raul

Publicado em 14/05/2023 – 15h26

Por Amanda Sobreira – Brasil de Fato – Fortaleza (CE)

Brasil de Fato — O desafio de maternar uma criança, seja pela via biológica, seja pelo coração, gera uma série de expectativas próprias que podem aumentar o amor e o conflito na mesma medida. Mas ninguém prepara uma mulher para as frustrações da maternidade. Uma experiência de afeto e responsabilidade que vai muito além de características genéticas.

A pressão social aponta se a maçã cair longe da árvore e a falta de compreensão sobre a diversidade abala muitos vínculos. Na contramão, a fotógrafa Yandra Lobo foi em busca de acolher os novos caminhos que a sua família trilhou, a partir da chegada de Raul. Aos quatro anos, com toda verdade possível para a idade, ela se identificou para a mãe. “Raul pegou meu rosto e disse eu sou menina e não é só na minha imaginação”. Yandra começou, então, uma nova jornada, com doses extras de aprendizado sobre o papel social de uma mãe.

Na busca pela inclusão, Yandra encontrou coletivos de mães de pessoas pertencentes à comunidade LGBTQIA+ que lutam por direitos básicos para seus filhos e o primeiro deles é o acolhimento. “Hoje a minha militância é estabelecer essa narrativa de horizontes de possibilidades, da perspectiva da felicidade, de que é possível, de que eu existo, minha família existe”, ressalta.

Yandra faz parte do Associação Mães da Resistência, um coletivo que existe há dois anos, com mais de 300 mulheres em 16 estados brasileiros atuando no acolhimento, na garantia dos direitos básicos e discutindo políticas públicas que, além de proteção legal tragam segurança nas diversas construções da sociedade. A escola é um dos principais desafios. “90% dos estudantes LGBTQIA+ não concluem o ensino. A gente precisa discutir a evasão escolar da comunidade. Existe muito medo, muito receio, mas a recusa de tratar a fundo temas como esse só colocaram lenha na fogueira da extrema direita”, alerta.

Ter educação de qualidade, livre de preconceito é uma pauta imprescindível para qualquer sociedade democrática, mas está longe de ser uma realidade no Brasil. Embora o IBGE não traga dados consolidados ou recentes sobre a população LGBTQIA+, um levantamento feito em 2019, pela startup Todxs, mostra que sete em cada 10 alunos LGBTQIA+ do ensino médio não assumem a orientação sexual ou identidade de gênero durante a vida escolar e o bullying é o principal motivo. “As escolas não estão preparadas para disputar essa narrativa e isso contribui para a construção de monstros sociais, como esse terror sobre o uso dos banheiros. Eu acredito que o Ceará, como exportador de políticas públicas, especialmente na área da educação, poderia ser uma referência no Brasil”, aponta Yandra.

Documentário

A história da maternidade de Yandra é retratada no documentário cearense ‘Um Pedaço do Mundo”. Ela é uma das quatro mulheres, mães de pessoas LGBTQIAP+, que compartilham com o público suas vidas, seus processos de aceitação e suas experiências de maternidade. “É para celebrar a história de quatro famílias que têm uma vida alegre, de mães que escolheram abraçar seus filhos, filhas e filhes”, diz.

Filmado em 2021, o documentário foi premiado como melhor filme, melhor direção e melhor roteiro na 16ª edição do Festival For Rainbow (2022). Dirigido por Tarcísio Rocha Filho, Victor Costa Lopes e Wislan Esmeraldo, o filme busca levantar o debate sobre diversidade sexual e de gênero a partir do ponto de vista das mães. O diretor Victor Lopes explica que a ideia de gravar essa perspectiva surgiu a partir de uma conversa sobre a vivência de cada um dos diretores com suas próprias histórias. “A gente teve a ideia de trabalhar em um projeto que trouxesse essa relação da maternidade, porque nós, como LGBTQIA+, a gente pensa muito do ponto de vista do filho, que é a nossa experiência, e uma coisa que eu observei no processo da minha mãe é que as famílias também precisam de um tempo para sair do armário”.

Um segundo aspecto do filme, segundo Victor, foi colocado quase como estratégico para trazer o amor materno, tido como supremo e universal, como potência para acessar outros espaços. “O que as pessoas vão ter contra um filme que fala do amor das mães pelos seus filhos. Acaba entrando em espaços que os discursos mais radicais sobre a diversidade sexual não consegue acessar”, explica.

Cena do filme “Um Pedaço do Mundo”. – Foto: Divulgação

No próximo dia 22, o documentário ganha asas para alcançar novas mentes e possibilidades, “Um pedaço do mundo” estreia na TV por assinatura, no GNT. Expectativa e ansiedade para quem conta experiências tão complexas. “Acho que a arte, de forma geral, no nosso caso o cinema, tem muito a acrescentar nesse compartilhamento de experiências que às vezes as palavras não dão conta. Estamos muito ansiosos para saber como o filme vai impactar as pessoas.

Sobre o filme

Sinopse: Quatro mulheres distintas e mães de pessoas LGBTQIAP+ compartilham suas vidas e suas experiências em relação à maternidade.
Duração: 75 minutos
Gênero: Documentário. Ano de lançamento: 2022
Classificação indicativa: Livre.

Edição: Francisco Barbosa

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Comentários

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Paulo

14/05/2023 - 23h40

A família tradicional está sendo destruída. Acho que produziria mais frutos que a falta de família…Mas querem chamar de família o que não é…


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