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Abin identifica metade dos alvos monitorados sob o governo Bolsonaro

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi capaz de identificar aproximadamente 50% dos 1,8 mil números de telefone cuja localização geográfica foi rastreada usando o programa First Mile. Com informações do Metrópoles. A tarefa foi realizada pelo Departamento de Operações da agência a pedido da Polícia Federal (PF). Leia também: Uso irregular de sistema israelense […]

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Foto: Reprodução

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi capaz de identificar aproximadamente 50% dos 1,8 mil números de telefone cuja localização geográfica foi rastreada usando o programa First Mile. Com informações do Metrópoles.

A tarefa foi realizada pelo Departamento de Operações da agência a pedido da Polícia Federal (PF).

Leia também: Uso irregular de sistema israelense ameaçou a soberania nacional

A relação entre a PF e a Abin tem estado tensa nos últimos meses. Um dos pontos de atrito entre as duas instituições durante a investigação surgiu quando a agência afirmou que seria necessário acessar informações confidenciais das linhas telefônicas para identificar os proprietários dos números sob vigilância. Membros da PF suspeitam que a Abin estava ciente da identidade das pessoas monitoradas pelo sistema e se recusava a compartilhar essa informação.

Dentro da Abin, os agentes negam a existência dessa lista e alegam que os monitoramentos eram conduzidos individualmente, com inserção dos números de telefone no sistema para obter informações de geolocalização. Portanto, de acordo com essa versão, não existiria um registro completo dos titulares das linhas.

A lista de nomes que a agência conseguiu identificar após ter sido contatada pela PF abrange políticos, jornalistas, advogados e até professores universitários que são considerados opositores de Jair Bolsonaro, conforme já relatado anteriormente. Observou-se uma utilização significativa do programa em regiões privilegiadas do Rio de Janeiro e de Brasília, bem como durante as eleições de 2020.

De acordo com membros da agência que foram consultados pelo Metrópoles, todas as informações disponíveis foram compartilhadas com a PF. No entanto, policiais afirmam que a agência se recusou a colaborar, não respondeu a todos os pedidos oficiais e, em algumas situações, só forneceu respostas após ordens do Supremo.

Há também divergências de versões em relação à data em que os computadores nos quais o programa First Mile era utilizado foram apagados. Os investigadores suspeitam que a formatação para as configurações de fábrica tenha ocorrido após o início da investigação, em 2023. Por outro lado, membros da Abin afirmam que os computadores foram limpos como parte de uma rotina, ainda em 2021.

De acordo com pessoas que estavam familiarizadas com o sistema, essa limpeza não apagou os vestígios das atividades de monitoramento dos alvos, uma vez que essas informações estão armazenadas no servidor do First Mile, pertencente à empresa Cognyte, e não nos computadores da Abin.

A PF suspeita que tenha ocorrido um total de 30 mil monitoramentos, dos quais a Abin teria informado apenas sobre 1,8 mil, e que a formatação dos computadores teria sido realizada para ocultar as informações referentes às demais linhas telefônicas.

Mais uma vez, dentro da agência, essa versão é motivo de disputa. Agentes da Abin afirmam que a PF de fato descobriu um histórico contendo cerca de 33 mil “logs”, mas que apenas 1,8 mil números foram efetivamente pesquisados, e nada foi apagado. De acordo com esses agentes ouvidos pela coluna, cada “log” não corresponderia necessariamente a uma pesquisa de um número diferente, mas sim a cada comando que foi dado ao software.

O inquérito que está sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes no STF está mantido em sigilo. Entre as informações sensíveis que constam nos autos, estão os nomes dos 35 servidores que utilizavam o software de geolocalização.

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Rhyan de Meira

Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira

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