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Fabricante chinês e associação portuária dos EUA contestam tarifaço de 100% sobre guindastes

A Shanghai Zhenhua Heavy Industries, principal fabricante chinesa de guindastes de pórtico para contêineres, se manifestou contra a proposta do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 100% sobre guindastes fabricados na China. Em comunicado enviado ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) na segunda-feira, 20, a empresa afirmou que a medida […]

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DIVULGAÇÃO

A Shanghai Zhenhua Heavy Industries, principal fabricante chinesa de guindastes de pórtico para contêineres, se manifestou contra a proposta do governo dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 100% sobre guindastes fabricados na China.

Em comunicado enviado ao Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR) na segunda-feira, 20, a empresa afirmou que a medida aumentará os custos operacionais dos portos americanos e comprometerá a eficiência logística.

A empresa negou que os equipamentos chineses representem qualquer ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

“Os guindastes de transporte de navios para terra da China não representam nenhum suposto risco à segurança cibernética, e as tarifas propostas não são uma solução legítima”, informou o texto enviado pela companhia ao governo americano.

A proposta do USTR faz parte de um pacote mais amplo anunciado em abril, que prevê novas tarifas entre 20% e 100% sobre diferentes equipamentos e componentes marítimos de origem chinesa, como chassis e contêineres.

O plano foi apresentado como parte da estratégia da administração do presidente Joe Biden para reduzir a dependência industrial externa e fortalecer a capacidade produtiva interna dos Estados Unidos, especialmente em setores ligados à infraestrutura portuária.

Desde que a proposta entrou em consulta pública, o USTR tem recebido diversas manifestações contrárias. Entre elas, está a da Associação Americana de Autoridades Portuárias (AAPA), que reforçou a crítica feita pela Shanghai Zhenhua. A entidade declarou que os portos norte-americanos não possuem alternativas viáveis para substituir os equipamentos importados da China.

Em sua submissão oficial ao USTR, a AAPA afirmou: “A aplicação da tarifa não criará uma indústria nacional de fabricação de guindastes do nada. Apenas aumentará os custos para as autoridades portuárias públicas.”

Segundo a associação, atualmente não existe nenhum fabricante de guindastes portuários nos Estados Unidos. No mercado internacional, apenas três empresas não chinesas competem no setor: a japonesa Mitsui, e as europeias Konecranes e Liebherr. A AAPA apontou que nenhuma delas possui capacidade produtiva suficiente para substituir a participação chinesa.

A Shanghai Zhenhua detém aproximadamente 70% do mercado global de guindastes de cais e exporta seus equipamentos para 108 países e regiões.

Em 2023, a empresa obteve cerca de 4,8% de sua receita na América do Norte, representando uma redução superior a 30% em comparação com o ano anterior, conforme dados financeiros divulgados pela companhia.

O impacto econômico das tarifas para os portos dos EUA foi estimado pela AAPA em até US$ 6,7 bilhões ao longo da próxima década, caso a proposta de sobretaxa de 100% seja aprovada.

A associação também informou que, no momento, os portos norte-americanos têm 55 guindastes encomendados, com a previsão de adquirir mais 151 unidades entre seis e dez anos.

O Porto de Houston, no Texas, contratou oito guindastes da Shanghai Zhenhua para entrega prevista na primavera de 2026. Com um custo unitário de US$ 14 milhões, os equipamentos poderiam implicar no pagamento de US$ 302,4 milhões em impostos adicionais caso a tarifa integral de 100% seja implementada.

Embora a associação tenha declarado apoio à política de reindustrialização e à intenção de estabelecer uma cadeia produtiva doméstica para guindastes, reconheceu que o processo exigirá tempo.

Entre os fatores que dificultam essa transição estão os preços elevados do aço nos EUA, a escassez de soldadores qualificados e a dificuldade de acesso a componentes essenciais para a montagem dos equipamentos.

A AAPA propôs alternativas à imposição imediata da tarifa. Entre elas, está a criação de um crédito fiscal que incentive a produção nacional, por meio de legislação a ser aprovada pelo Congresso.

A entidade também recomendou ao USTR que adie a implementação da tarifa por um período entre um e dois anos e que sejam concedidas isenções para guindastes já contratados ou encomendados antes da publicação da proposta, datada de 17 de abril de 2025.

Além disso, representantes da indústria alertaram que a elevação abrupta de custos poderá gerar impactos negativos sobre toda a cadeia logística dos Estados Unidos, especialmente no transporte de cargas em portos com alta rotatividade. A falta de alternativas imediatas de fornecimento foi apontada como um dos principais entraves à execução da proposta tarifária.

Em fevereiro de 2024, o governo Biden já havia adotado uma tarifa de 25% sobre os guindastes Ship-to-Shore (STS) chineses. A proposta atual amplia essa taxação como parte de um esforço contínuo de reformulação da política comercial norte-americana voltada à indústria marítima.

O processo de consulta pública conduzido pelo USTR permanece em andamento. O governo norte-americano ainda não informou quando será publicada a decisão final sobre a aplicação ou modificação das tarifas propostas.

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