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Villas Boas ao Estadão: Bolsonaro não é o candidato das Forças Armadas

A entrevista foi publicada no Estadão, neste final de semana. Eu destaco o seguinte trecho: Bolsonaro aparece como candidato dos militares. Ele é o candidato das Forças Armadas? Não é candidato das Forças. As Forças são instituições de Estado, de caráter apolítico e apartidária. Obviamente, ele tem um apelo no público militar, porque ele procura […]

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A entrevista foi publicada no Estadão, neste final de semana. Eu destaco o seguinte trecho:

Bolsonaro aparece como candidato dos militares. Ele é o candidato das Forças Armadas?

Não é candidato das Forças. As Forças são instituições de Estado, de caráter apolítico e apartidária. Obviamente, ele tem um apelo no público militar, porque ele procura se identificar com as questões que são caras às Forças, além de ter senso de oportunidade aguçada.

Um eventual governo Bolsonaro poderia ser considerado um governo militar?

Absolutamente, não. Não é um governo militar. A postura e a conduta das Forças Armadas será exatamente a mesma em um governo de esquerda ou de direita, sem fulanizar.

***

No Estadão

Legitimidade do eleito pode ser questionada, teme chefe do Exército

Entrevista – General Eduardo Villas Bôas, comandante do Exército

Villas Bôas afirma que atentado a Bolsonaro ‘materializa’ temor de que intolerância afete governabilidade

Tânia Monteiro / BRASÍLIA

O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse que o atentado ao deputado Jair Bolsonaro, candidato pelo PSL ao Planalto, “é a materialização das preocupações que a gente estava antevendo de todo esse acirramento dessas divergências, que saíram do nível político e já passaram para nível comportamental das pessoas”. Em entrevista ao Estado, o general afirma que esse gesto de intolerância mostra que “nós estamos agora construindo dificuldade para que o novo governo tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade e podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada”. A seguir, os principais pontos das entrevista:

O sr. já estava preocupado com o acirramento dos ânimos. O atentado a Bolsonaro aumentou ainda mais essa preocupação?

O atentado é a materialização das preocupações que a gente estava antevendo de todo esse acirramento dessas divergências, que saíram do nível político e já passaram para nível comportamental das pessoas. A intolerância está muito grande. E esse atentado, infelizmente, veio a confirmar essa intolerância generalizada e a nossa falta de capacidade de colocar acima dessas questões políticas, ideológicas e pessoais o interesse do País.

Qual o efeito do atentado para o momento eleitoral?

O atentado confirma que estamos construindo dificuldade para que o novo governo tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade, e podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada. Por exemplo, com relação a Bolsonaro, ele não sendo eleito, ele pode dizer que prejudicaram a campanha dele. E, ele sendo eleito, provavelmente será dito que ele foi beneficiado pelo atentado, porque gerou comoção. Daí, altera o ritmo normal das coisas e isso é preocupante.

Temia que um atentado pudesse acontecer?

Por conta da exacerbação da violência, já tínhamos a preocupação de que algo pudesse acontecer. Não tínhamos indícios concretos, mas tínhamos preocupação e vínhamos alertando, como fiz na minha ordem do Dia do Soldado, quando falei da necessidade de pacificação do País.

O sr. teme que possa acontecer mais alguma coisa?

Eu liguei para todos os comandantes após o desfile (de Sete de Setembro) para saber como transcorreram as festividades, e em nenhum lugar me foi reportado nenhuma manifestação. Não sei se a população levou um choque com o que aconteceu. Espero que isso prevaleça e que a sociedade tenha levado um susto, do que pode acontecer diante dos caminhos que estávamos trilhando. Espero que as coisas se harmonizem a partir de agora. E a declaração dos candidatos foram nesse sentido, embora nas redes sociais ainda existam mensagem de intolerância, que é um indicador ruim.

Como o Exército acompanha a tentativa de registro da candidatura do ex-presidente Lula?

A gente vem pautando nossa atuação e discurso em cima da legalidade, legitimidade e estabilidade. Entendemos que a estabilidade é fundamental para o funcionamento das instituições. Até porque, o inverso, a instabilidade, implica diretamente em nossa atuação, como na greve dos caminhoneiros. Preocupa que este acirramento das divisões acabe minando tanto a governabilidade quanto a legitimidade do próximo governo. Nos preocupa também que as decisões relativas a este tema sejam definidas e decididas rapidamente, de uma maneira definitiva, para que todo o processo transcorra com naturalidade.

Um dos argumentos de Lula é um parecer do comitê de direitos humanos da ONU. Como avalia?

É uma tentativa de invasão da soberania nacional. Depende de nós permitir que ela se confirme ou não. Isso é algo que nos preocupa, porque pode comprometer nossa estabilidade, as condições de governabilidade e de legitimidade do próximo governo.

Na possibilidade de Lula se tornar elegível e ganhar, qual seria a posição das Forças?

Quem chancela isso é o povo brasileiro. Nós somos instituição de Estado que serve ao povo. Não se trata de prestar continência para A ou B. Mas, sim, de cumprir as prerrogativas estabelecidas a quem é eleito presidente. Não há hipótese de o Exército provocar uma quebra de ordem institucional. Não se trata de fulanizar. O pior cenário é termos alguém sub judice, afrontando tanto a Constituição quanto a Lei da Ficha Limpa, tirando a legitimidade, dificultando a estabilidade e a governabilidade do futuro governo e dividindo ainda mais a sociedade brasileira. A Lei da Ficha Limpa se aplica a todos.

Até quando essa questão tem de ser decidida?

Que seja decidida com oportunidade para que o processo eleitoral transcorra normalmente e naturalmente.

O sr. acha que, se um dos extremos ganhar as eleições, radicais oposicionistas poderiam provocar desordem no País?

Absolutamente, não. O País atingiu uma maturidade. Eventualmente, podem ocorrer ações isoladas, de pequena monta, sem adquirir este caráter de uma grande instabilidade para o País.

Bolsonaro aparece como candidato dos militares. Ele é o candidato das Forças Armadas?

Não é candidato das Forças. As Forças são instituições de Estado, de caráter apolítico e apartidária. Obviamente, ele tem um apelo no público militar, porque ele procura se identificar com as questões que são caras às Forças, além de ter senso de oportunidade aguçada.

Um eventual governo Bolsonaro poderia ser considerado um governo militar?

Absolutamente, não. Não é um governo militar. A postura e a conduta das Forças Armadas será exatamente a mesma em um governo de esquerda ou de direita, sem fulanizar.

O sr. recebeu vários candidatos. O que pediu ou ouviu?

A intenção foi tão somente apresentar temas que digam respeito à Defesa. Até agora, não observei este tema sendo tratado.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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IVAN BEZERRA

17/09/2018 - 09h51

Vilas Boas deveria ter um posicionamento mais contundente, mostrar sua cara. Os desmandos desta atual gestão política é imoral pra todo cidadão Brasileiro, os poderes todos corrompidos, fala-se em cumprimento da constituição, mais o que vemos é escândalos em cima de escândalos, Até chegar-mos onde? tentativa de assassinato de um candidato a presidência, que nem se quer esta sendo noticiado, mais o caso Marielle ainda esta na mídia a todo vapor. Os desmando do STF. o Mourão discursou numa certa ocasião que a justiça deveria afastar da vida pública os que cometem ilicitos. Estão sendo premiados pelo que fazem. E a costituição ? e o código de ética do STF?
R: RASGAM QUANDO ASSIM O ENTENDEM.

Oblivion

10/09/2018 - 20h49

Gostaria muito de saber qual seriam as propostas que têm “um apelo no público militar, porque ele procura se identificar com as questões que são caras às Forças”. Até agora vi o referido candidato pregar a destruição de empresas estratégicas ao país (Petrobrás, BB, Caixa econômica, etc), não vi ele se levantar contra a fusão embraer-boing, não vi ele defender a compra de caças exigindo a transferência de tecnologia na compra, não vi ele defender a continuidade do programa do submarino nuclear, não vi ele defendendo o Almirante Otthon (o Gal Villas Boas defendeu?), não vi ele defendendo a soberania na base de alcântara, não vi ele defendendo a revogação do teto de gastos para investir em pesquisa em universidades e instituições de pesquisa científica, entre outras coisas caríssimas para o desenvolvimento de um país justo e democrático que não chegam nem perto de ser proposta dele. O que mais vi, foi o referido candidato usando frases soltas para encantar analfabetos políticos (por exempo, vamos acabar com a corrupção – pra quem não lembra, quem usava essa frase em 2014 era ninguém menos que… Aécinho) e fazendo bizarrices como bater continência para a bandeira dos EUA, ou ter a cara de pau de usar o nome de Jesus Cristo mesmo pregando o ódio. Se tudo isso que é caro para o público militar…. acho que não entendo mais nada desse mundo mesmo.

Maria Camargo

10/09/2018 - 16h59

O que Miguel do Rosário pensa sobre as declarações do general Vilas Boas?

Maria Camargo

10/09/2018 - 16h57

cadê os comentarios????

Maria Camargo

10/09/2018 - 16h50

Qual a sua opinião sobre as declarações do general Miguel do Rosário???
Acreditou nisso????


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