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Pesquisa Genial/Quaest revela abismo ideológico entre Legislativo e Executivo

A Genial/Quaest lançou hoje uma pesquisa feita com os 203 Deputados Federais do Brasil para avaliar a relação entre o Congresso e o presidente Lula. Os dados nos revelam que o que a imprensa anda chamando de “diferenças ideológicas” entre os dois é, na verdade, uma enorme ribanceira separando os interesses de cada um. Em […]

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Lula e Hugo Motta, presidente da Câmara, em evento da Educação. Foto: Sérgio Lima/Poder360

A Genial/Quaest lançou hoje uma pesquisa feita com os 203 Deputados Federais do Brasil para avaliar a relação entre o Congresso e o presidente Lula. Os dados nos revelam que o que a imprensa anda chamando de “diferenças ideológicas” entre os dois é, na verdade, uma enorme ribanceira separando os interesses de cada um.

Em primeiro lugar, vale ressaltar que a coalizão que elegeu Lula é assumidamente de esquerda, enquanto 45% dos deputados são de direita. 25% são de centro (muitas vezes agindo como uma direita disfarçada) e apenas 21% estão no mesmo campo que o presidente. 32% do congresso é de oposição, e a mesma quantidade se autodenomina da base do governo. Incríveis 27% são os chamados “independentes”.

De todos os deputados, 46% avaliam o presente mandato de Lula como negativo, 24% como regular, e apenas 27% como positivo. A diferença se torna brutal quando separadas a oposição e os governistas. Enquanto a primeira é absolutamente contra Lula, a segunda parece não o apoiar com a mesma expressividade. Veja o gráfico a seguir:

Depois da atual crise entre os poderes, iniciada pela tentativa de Haddad aumentar o IOF, o abismo entre Legislativo e Executivo só se aprofundou. É perceptível a corrosão na relação entre os dois: antes, 41% dos deputados avaliavam a ligação Lula-Congresso como negativa, já nesse ano, o número saltou para 51%.

A queda na avaliação da correlação de forças se acentuou até na esquerda e na base governista. Em 2023, apenas 5% dos deputados do governo avaliavam a relação como ruim, e nesse ano são 19%. Já no campo esquerdista, o aumento foi de 5% para 17% desde o começo de Lula 3.

Muito além do caso do IOF, essa crise institucional está comprometendo quase completamente a agenda do Executivo. 57% do Legislativo entendem que as chances de Lula aprovar qualquer um de seus projetos é baixa. A tendência de se opor aos programas da presidência se acentua na oposição e se torna profunda nos “independentes”.

Os motivos da Casa não aprovar as pautas importantes do Executivo são reveladores de uma crise sistêmica que vem se formando desde o governo Bolsonaro. Para 45% dos deputados federais, o problema é a desarticulação política do governo. Eles querem mais comprometimento com a agenda do legislativo, que tem diferenças fundamentais com a de Lula.

Outros 33% falam que a crise parte do impasse para anistiar os condenados pelo 8 de janeiro. Existe uma vontade dos bolsonaristas em dificultar a vida do Executivo se não houver um perdão imediato de sua base (que só iria causar mais derrotas para Lula a longo prazo).

Por fim, 15% querem a liberação das emendas parlamentares. Sem grana, sem jogo. O problema é que, com grana, o orçamento não fecha. E aí voltamos para a queda de braços envolvendo o IOF. A solução não parece estar à vista, e Lula continua a ver navios.

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Lucas Allabi

Jornalista em formação pela PUC-SP, apaixonado por São Paulo e tudo correlato à maior metrópole do hemisfério sul. Especialista em padarias e cafés, escreve principalmente sobre política e meio ambiente. Às vezes se arrisca no futebol. Instagram: @lu.allab

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