Em resposta à recente volatilidade nos mercados financeiros globais, exacerbada pela imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos, a China anunciou uma série de ações coordenadas para estabilizar seus mercados de capitais.
A medida visa mitigar os efeitos das flutuações externas e reforçar a confiança no sistema financeiro chinês, conforme reportado pela agência Xinhua nesta terça-feira, 8.
Na segunda-feira, 7, os principais índices acionários da China, incluindo o Shanghai Composite Index, o Shenzhen Component Index e o ChiNext Index, registraram quedas significativas, refletindo o impacto das oscilações nos mercados internacionais.
Para conter a pressão e demonstrar a confiança nas perspectivas de longo prazo da economia chinesa, empresas estatais começaram a adquirir ações domésticas como parte de uma resposta imediata ao choque externo.
Ações das Estatais para Sustentar o Mercado
Uma das principais medidas adotadas pelo governo chinês envolveu a atuação da Central Huijin Investment Ltd., uma empresa estatal que desempenha um papel estratégico no sistema financeiro do país.
Em comunicado oficial, a Central Huijin confirmou que aumentou suas participações em fundos negociados em bolsa (ETFs) e garantiu que continuará realizando aportes para “salvaguardar de forma resoluta” a estabilidade do mercado de capitais.
A Central Huijin, que controla ou tem participação significativa em mais de 20 instituições financeiras, é frequentemente descrita como um “fundo de estabilização” devido à sua atuação em momentos de crise.
A empresa desempenhou um papel crucial durante a crise financeira global de 2008 e tem sido central para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro chinês.
O Banco Popular da China (PBoC) também garantiu apoio contínuo à Central Huijin, afirmando que fornecerá liquidez adicional por meio de instrumentos de reempréstimo sempre que necessário.
Além da Central Huijin, outras empresas estatais de investimento, como a China Chengtong Holdings Group Ltd., a China Reform Holdings Corporation Ltd. e sete empresas controladas pela China Merchants Group, anunciaram planos de recompra de ações ou aumento de suas participações nos mercados financeiros.
Reforço Regulatório e Incentivo ao Setor Produtivo
Simultaneamente, a Administração Nacional de Regulação Financeira da China divulgou novas diretrizes que aumentam o limite de investimentos em ações realizados por fundos de seguradoras.
As novas regras buscam incentivar investimentos em setores estratégicos emergentes, com foco em inovação tecnológica, visando impulsionar o surgimento de novas forças produtivas de qualidade e fortalecer a economia a longo prazo.
Especialistas indicaram que as ações rápidas e coordenadas do governo chinês são um sinal claro de seu compromisso com a estabilidade financeira e o desenvolvimento sustentável do mercado de capitais.
Para Wang Qing, analista-chefe de macroeconomia da Golden Credit Rating, a intervenção das estatais ajudará a orientar as expectativas do mercado e reduzirá os impactos negativos das flutuações externas, em um contexto de crescente incerteza no comércio global.
Confiança no Crescimento Sustentável e Inovação Tecnológica
Em seu comunicado, a Central Huijin reforçou sua confiança na recuperação econômica da China, destacando que o desenvolvimento de alta qualidade do país avança de forma constante.
A instituição enfatizou o crescimento dinâmico das novas forças produtivas e a valorização das inovações tecnológicas como fatores que sustentam o mercado financeiro chinês.
A entrada de novas empresas inovadoras na bolsa de valores e a atratividade dos ativos centrais das ações A, negociadas nas bolsas de Xangai e Shenzhen, foram apontadas pela empresa estatal como elementos que tornam o momento atual propício para reforçar os investimentos.
A Central Huijin reconheceu que os níveis de avaliação das ações estão entre os mais baixos da história recente, o que proporciona uma oportunidade para aumentar as participações no mercado de capitais.
Ao final de sua declaração, a Central Huijin se comprometeu a intensificar seus esforços de investimento com foco no longo prazo e no papel estratégico de capital paciente, visando assegurar a resiliência e a sustentabilidade do sistema financeiro chinês frente aos desafios externos.
O movimento da China ocorre em um contexto de crescente volatilidade nos mercados financeiros globais, agravada pela disputa comercial entre os Estados Unidos e outras potências econômicas.
As políticas econômicas implementadas pelo governo chinês, por meio da intervenção de estatais e novas regulamentações, visam não apenas mitigar os impactos imediatos, mas também fortalecer a confiança de investidores e promover um crescimento mais sustentável a longo prazo.
A atuação coordenada das empresas estatais e o suporte financeiro do governo chinês são sinais de que Pequim está disposta a usar todos os recursos disponíveis para manter a estabilidade de seus mercados e sustentar o crescimento econômico, mesmo em tempos de incerteza global.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!