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Entrevista: Luciana Boiteux, candidata a vice-prefeita do Rio pelo PSOL

Por Miguel do Rosário, editor-chefe do Cafezinho Mestre em Direito da Cidade e doutora em Direito Penal, Luciana Boiteux tem uma larga experiência acadêmica na área de Direitos Humanos. Foi coordenadora do Grupo de Pesquisas em Política de Drogas e Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora associada ao Laboratório […]

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Foto: Luke Garcia/Facebook Marcelo Freixo

Por Miguel do Rosário, editor-chefe do Cafezinho

Mestre em Direito da Cidade e doutora em Direito Penal, Luciana Boiteux tem uma larga experiência acadêmica na área de Direitos Humanos. Foi coordenadora do Grupo de Pesquisas em Política de Drogas e Direitos Humanos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisadora associada ao Laboratório de Direitos Humanos da UFRJ.

Luciana se lança, agora, à política, como candidata à vice-prefeita do Rio de Janeiro, na chapa do PSOL, ao lado de Marcelo Freixo.

Em entrevista ao Cafezinho, Luciana falou sobre as motivações de sua candidatura a vice-prefeita, o projeto Escola Sem Partido, política de drogas e os desafios que uma cidade como o Rio de Janeiro apresenta.

O que te levou a ser candidata com o Freixo?

Luciana Boiteux: Bom, eu aceitei o desafio, de quem nunca tinha tido um envolvimento anterior na política partidária, de enfrentar esse momento em que a gente está vivendo na nossa cidade e no país, de poder dar uma contribuição e fortalecendo o debate e as transformações que eu entendo que a gente precisa fazer nessa cidade.

Você acha que nessa campanha municipal vai ter espaço pra discutir uma questão maior, como, por exemplo, o impeachment?
LB: Na verdade, a nossa proposta de programa é enfrentar temas muito essenciais da cidade. Então, claro que vai ser uma campanha com foco principal nas questões urbanas: transporte, saúde, educação, o espaço da cidade, principalmente na perspectiva do direito à cidade, quem exerce esse direito e a quem esse formato de cidade favorece. Por outro lado, por estarmos em um momento político em que a cidade, o estado e o país são governados pelo PMDB, essa conjunção astral macabra, eu acho que vai ser inexorável que esse tema venha a ser discutido, nesse sentido também do que é a política do PMDB como partido e de que forma isso está tendo reflexos que a gente considera bastante negativos na cidade e no estado. Então, eu acho que vai ser um diálogo, mas sempre um diálogo em relação às questões que tocam a cidade e que, claro, a política está envolvida.

Em sua opinião, quais os pontos aqui na cidade mais importantes a serem debatidos?
LB: Eu acho que a ocupação do espaço urbano. Você tem uma cidade, principalmente com as Olimpíadas, que está servindo a uma finalidade que a gente não verifica como sendo a serviço da grande maioria da população. Nós estamos com uma lógica absolutamente predatória de uma Olimpíada e de um endividamento do país e da cidade e a minha pergunta é: Olimpíada pra quem? Qual vai ser a possibilidade de a gente reverter esse gasto enorme para a cidade. Se eu pudesse enumerar aqui, eu diria que as questões de transporte e de mobilidade urbana não foram tocadas. É só perfumaria o que está sendo feito, não está se pensando numa perspectiva de uma cidade que seja integrada, especialmente aqueles que moram mais longe, que precisam do transporte; uma questão de moradia, é essencial; sempre a questão da saúde e a questão da educação vindo muito forte diante desse debate da escola sem partido, o plano municipal de educação está sendo debatido, eu acho que são questões todas que se integram. Na verdade, a cidade é o espaço onde a gente vai conseguir pensar os grandes problemas a partir do entorno desse território no qual nós estamos inseridos. Mas eu diria que o direito à cidade, com essas várias perspectivas que têm que ser enfrentadas e que estão integradas.
Qual sua opinião sobre esse projeto da escola sem partido?
LB: Como professora, eu vejo, em primeiro lugar, uma intolerância muito grande, eu não entendo como a gente pode pensar a educação com tanta intolerância. Essa escola sem partido também vem com um viés propositivo, na verdade, é um viés autoritário muito forte por trás disso. O que eu acho mais contraditório é que essa escola sem partido é uma ideologia que na verdade não se reconhece como ideologia e coloca como ideologia só o esquerdismo, que são coisas que têm que ser debatidas na escola. Não há como você querer definir como o professor vai se posicionar dentro de sala de aula. Agora, o espaço da escola é um espaço democrático, é um espaço que tem que ser valorizado e, nesse sentido, a gente tem que entender o que está por trás desses mecanismos. Eu vejo com muita preocupação esse projeto da escola sem partido, especialmente porque é um discurso autoritário e que vem se somar aos diversos discursos de ódio que estão nas redes e no nosso dia-a-dia e que a gente precisa enfrentar.
Você falou que trabalha também com a questão das drogas. Você acha que tem espaço na campanha pra falar também sobre essa questão, que afeta muito a vida da cidade?
LB: Eu venho pesquisando esse tema há alguns anos, eu tenho uma perspectiva bem crítica a essa política proibicionista, que é uma política que legitima a guerra às drogas e a guerra às drogas e suas vítimas estão na cidade. Inclusive, no lançamento da pré-campanha, o Freixo se manifestou e eu também. Quando a gente verifica, por exemplo, aquela morte do rapaz no Borel, de 16 anos: a justificativa pra ele ser alvejado foi que a polícia confundiu um saco de pipoca com o que seria um saco com drogas. Então, eu acho que a gente tem que debater quais são as questões da cidade que têm que ser enfrentadas e, a partir dessa perspectiva, o que nós temos? Uma discussão da política de assistência, temos uma discussão, por exemplo, de que tipo de guarda municipal a gente quer, tendo em perspectiva a redução da violência. Então, a política de drogas não é uma pauta diretamente municipal, mas ela tem reflexos nessa pauta municipal. Eu acredito que só é possível transformar se a gente respeitar os sujeitos, respeitar todas as pessoas como dignas de direitos e isso envolve, inclusive, o direito de usar drogas, eu acho que a gente não pode ver esse tema como tabu. Mas não vai ser na esfera municipal que a gente vai poder resolver todas as questões, isso tem que ser um debate nacional.

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Comentários

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Alexandre Duran

13/10/2016 - 18h21

Perguntem pra ela o que ela acha do Traficante Uê.

Mauro Casiraghi

26/07/2016 - 09h15

Boiteux em francês quer dizer capenga!!! “Se sua Prefeitura é molenga, vote em Luciana Capenga” LOL

JOHN J.

25/07/2016 - 20h44

— Hoje, vi e ouvi vários noticiários sobre o início dos testes da FOSFOETANOLAMINA, a pilulas do câncer. Ela será testada no Hostpítal do Cânce ICESP, DO GOVERNO DO ESTADO DE SP.
Minha dúvida é a seguinte:
Quando surgiu a onda da FOSFO, todos médicos foram contra sua utilização, alegando QUE ELA NÃO HAVIA SIDO TESTADA E MUITO MENOS APROVADA PELOS ÓRGÃOS COMPETENTES.
Para provar sua teoria a classe médica mandou testa as pilúlas em laboratórios patra copmprovar a quantidade de cada elemento que ela dizia conter. NÃO FOI APROVADA POR TER MENOS DO QUE DEVERIA TER DE CADA COMPONENTE.
AGORA, NÃO VI NEM OUVI NINGUEM FALAR, QUAL A COMPOSIÇÃO VERDADEIRA DAS PÍLULAS QUE ESTÃO TESTANDO.
SERÁ QUE OS INTERESSADOS EM NÃO APROVAR ESSE REMÉDIO BARATÍSSIMO, MANDARAM FAZER AS PÍLULAS VERDADEIRAS OU É SÓ UM PLACEBO PARA ENGANAR O POVO, COMO SEMPRE ACONTECE, E DIZER DEPOIS QUE ELA NÃO FOI APROVADA EM NENHUM TESTE?
ESTOU DE OLHO NESSES TESTES.
ALGUEM DA MÍDIA DE ESQUERDA PODERIA MANDAR TESTAR ESSAS PÍLULAS QUE ESTÃO DISTRIBUIDO PARA PROVAR SE SÃO VERDADEIRAS OU FALSAS.


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