Menu

Em carta a Unesco, Lula destaca papel das plataformas digitais no atos terroristas de 8 de janeiro

Na carta encaminhada à conferência “Internet for Trust”, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os ataques terroristas do dia 8 de janeiro foi “gestado” nas redes sociais. Ainda na carta, Lula destacou que as plataformas digitais podem representar […]

2 comentários
Apoie o Cafezinho
Siga-nos no Siga-nos no Google News
Imagem: Divulgação

Na carta encaminhada à conferência “Internet for Trust”, organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que os ataques terroristas do dia 8 de janeiro foi “gestado” nas redes sociais.

Ainda na carta, Lula destacou que as plataformas digitais podem representar uma ameaça à democracia e lembrou da necessidade de regular as mídias para proteger os governos, empresas e sociedade civil.

“Em atenção ao convite que recebi da Diretora Geral Audrey Azoulay, enviei uma carta que será lida na abertura, defendendo esforço global para que as plataformas digitais garantam o fortalecimento dos direitos humanos, da democracia e do estado de direito, ao invés de enfraquecê-los”, escreveu Lula no Twitter.

Vale lembrar que a “Internet for Trust”, que começa nesta quarta-feira (22), é o maior evento realizado por uma agência multilateral sobre as plataformas digitais. O governo brasileiro será representado pelo Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação (Secom), João Brant.

“Não podemos permitir que a integridade de nossas democracias seja afetada pelas decisões de alguns poucos atores que hoje controlam as plataformas. A regulação deverá garantir o exercício de direitos individuais e coletivos. Deverá corrigir as distorções de um modelo de negócios que gera lucros explorando os dados pessoais dos usuários. Para ser eficiente, a regulação das plataformas deve ser elaborada com transparência e muita participação social. E no plano internacional deve ser coordenada multilateralmente”, explicou o presidente.

Leia a íntegra da carta!

“À Sua Excelência a Senhora

Audrey Azoulay

Diretora-Geral da UNESCO

Senhora Diretora-Geral,

Gostaria de agradecê-la pelo convite para participar da Conferência Global da UNESCO que será realizada em Paris entre os dias 22 e 23 de fevereiro de 2023.

As plataformas digitais, em suas diferentes modalidades, são parte fundamental de nosso dia-a-dia. Elas definem a maneira como nos comunicamos, como nos relacionamos e como consumimos produtos e serviços. O desenvolvimento da internet trouxe resultados extraordinários para a economia global e para nossas sociedades. As plataformas ajudam a promover e difundir o conhecimento. Facilitam o comércio. Aumentam a produtividade. Ampliam a oferta de serviços e a circulação de informações.

Esses benefícios, no entanto, estão distribuídos de maneira desproporcional entre as pessoas de diferentes níveis de renda, ampliando a desigualdade social. O ambiente digital acarretou a concentração de mercado e de poder nas mãos de poucas empresas e países. Trouxe, também, riscos à democracia. Riscos à convivência civilizada entre as pessoas. Riscos à saúde pública. A disseminação de desinformação durante a pandemia contribuiu para milhares de mortes. Os discursos de ódio fazem vítimas todos os dias. E os mais atingidos são os setores mais vulneráveis de nossas sociedades.

O mundo todo testemunhou o ataque de extremistas às sedes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do Brasil no último 8 de janeiro. Ao fim do dia, a democracia brasileira venceu e saiu ainda mais forte. Mas nunca deixaremos de nos indignar com as cenas de barbárie daquele domingo.

O que ocorreu naquele dia foi o ápice de uma campanha, iniciada muito antes, que usava, como munição, a mentira e a desinformação. E tinha, como alvos, a democracia e a credibilidade das instituições brasileiras. Em grande medida, essa campanha foi gestada, organizada e difundida por meio das diversas plataformas digitais e aplicativos de mensagens. Repetiu o mesmo método que já tinha gerado atos de violência em outros lugares do mundo. Isso tem que parar.

A comunidade internacional precisa, desde já, trabalhar para dar respostas efetivas a essa questão desafiadora de nosso tempo. Precisamos de equilíbrio. De um lado, é necessário garantir o exercício da liberdade de expressão individual, que é um direito humano fundamental. De outro lado, precisamos assegurar um direito coletivo: o direito de a sociedade receber informações confiáveis, e não a mentira e a desinformação.

Também não podemos permitir que a integridade de nossas democracias seja afetada pelas decisões de alguns poucos atores que hoje controlam as plataformas. A regulação deverá garantir o exercício de direitos individuais e coletivos. Deverá corrigir as distorções de um modelo de negócios que gera lucros explorando os dados pessoais dos usuários. Para ser eficiente, a regulação das plataformas deve ser elaborada com transparência e muita participação social. E no plano internacional deve ser coordenada multilateralmente. O processo lançado na UNESCO, tenho certeza, servirá para construção de um diálogo plural e transparente. Um processo que envolva governos, especialistas e sociedade civil.

Ao mesmo tempo, devemos trabalhar para reduzir o fosso digital e promover a autonomia dos países em desenvolvimento nessa área. Precisamos garantir o acesso à internet para todos, fomentar a educação e as habilidades necessárias para uma inserção ativa e consciente de nossos cidadãos no mundo digital. Países em desenvolvimento devem ser capazes de atuar de forma soberana na moderna economia de dados, como agentes e não apenas como exportadores de dados ou consumidores passivos dos conteúdos.

Esta conferência na UNESCO é o início de nosso debate, e não seu ponto final. Estou certo de que o Brasil poderá contribuir de forma significativa para a construção de um ambiente digital mais justo e equilibrado, baseado em estruturas de governança transparentes e democráticas.

Aproveito a oportunidade para apresentar os votos de minha mais alta estima e consideração.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Presidente da República Federativa do Brasil”.

Apoie o Cafezinho

Gabriel Barbosa

Jornalista cearense com pós-graduação em Comunicação e Marketing Político. Atualmente, é Diretor do Cafezinho. Teve passagens pelo Grupo de Comunicação 'O Povo', RedeTV! e BandNews FM do Ceará. Instagram: @_gabrielbrb

Mais matérias deste colunista
Siga-nos no Siga-nos no Google News

Comentários

Os comentários aqui postados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site O CAFEZINHO. Todos as mensagens são moderadas. Não serão aceitos comentários com ofensas, com links externos ao site, e em letras maiúsculas. Em casos de ofensas pessoais, preconceituosas, ou que incitem o ódio e a violência, denuncie.

Escrever comentário

Escreva seu comentário

Querlon

22/02/2023 - 11h30

Este porco decidiu em nome de quem por curiosiade ?

Jonathan

22/02/2023 - 11h26

O autoritarismo hoje noa vem mais na cara dura como antigamente, hoje vem com esse papo fiado desfarçado de bondade, vem como pretexto para fingir defender as pessoas disso ou daquilo.

O autoritarismo de hoje é muito chique, vem com sorriso na cara, acompanhado de uma dancinha e sempre com a palavra democracia.

Dito isso, Lula é um rato imundo que fede a quilometros de distancia ao qual os brasileiros (como perfeitos idiotas que sao) deram oxigenio e poder demais ao longo dos anos e continuam dando.


Leia mais

Recentes

Recentes