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Tarifas começam a destruir empregos… nos EUA

Enquanto o Brasil registra a menor taxa de desemprego desde 2012, de 5,8% no segundo trimestre de 2025, e ainda vê a inflação de alimentos recuar, os Estados Unidos atravessam um cenário de reversão. O país, que apostou em tarifas como instrumento econômico e político, agora enfrenta custos mais altos, menos dinamismo e um mercado […]

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Uma placa em Atlanta diz "American Horror", ao lado de uma imagem demoníaca do presidente Donald Trump.MIKE STEWART VIA AP

Enquanto o Brasil registra a menor taxa de desemprego desde 2012, de 5,8% no segundo trimestre de 2025, e ainda vê a inflação de alimentos recuar, os Estados Unidos atravessam um cenário de reversão. O país, que apostou em tarifas como instrumento econômico e político, agora enfrenta custos mais altos, menos dinamismo e um mercado de trabalho em retração.

Menos vagas que desempregados

Em julho, o número de postos de trabalho abertos nos EUA caiu para 7,18 milhões, contra 7,36 milhões no mês anterior e abaixo da expectativa de 7,37 milhões dos economistas. Ao mesmo tempo, o total de desempregados alcançou 7,2 milhões. Isso significa que, pela primeira vez desde abril de 2021, havia mais pessoas procurando trabalho do que vagas disponíveis. É um marco negativo: o país deixou de apenas esfriar contratações e passou a registrar destruição líquida de empregos.

Esses números vêm do relatório JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), uma pesquisa mensal do Bureau of Labor Statistics que mede a abertura de vagas, as contratações e as demissões para avaliar a dinâmica do mercado de trabalho.

O resultado mostra que o mercado americano perdeu sua “rotatividade saudável”: contratações estagnadas, demissões em níveis baixos, mas sem criação de novas oportunidades. O efeito é um mercado de trabalho “congelado”, sem espaço para mobilidade, aumento de salários ou inovação.

Inflação ao produtor em alta

O quadro é agravado pelos custos crescentes. Em julho, o Producer Price Index (PPI) — índice que mede a inflação ao produtor — subiu 0,9% em relação ao mês anterior, a maior alta em mais de dois anos. Com tarifas encarecendo insumos e matérias-primas, empresas ficam mais pressionadas e menos dispostas a contratar, alimentando o ciclo de estagnação.

O contraste com o Brasil

No Brasil, o movimento é o oposto. Apesar de a criação de empregos formais ter desacelerado em julho — 129.775 vagas, uma queda de 32,2% em relação ao mesmo mês de 2024 — mantém-se saldo positivo de mais de 1,3 milhão de novos postos no semestre. Além disso, a inflação mostra sinais de alívio. A prévia de agosto (IPCA-15) registrou deflação de -0,14%, puxada por quedas expressivas em alimentos e bebidas. Arroz, carnes, batata, tomate e cebola ficaram mais baratos, ampliando o poder aquisitivo da população.

O lado irônico

O lado irônico é que as tarifas foram usadas pelos Estados Unidos como instrumento de coerção e chantagem contra países como o Brasil, numa tentativa de impor submissão e interferir até em sua independência judicial. Mas a consequência prática foi prejudicar os próprios americanos: inflação em alta, empregos em queda e um mercado de trabalho paralisado. Já no Brasil, ocorre justamente o contrário — queda na inflação, sobretudo de alimentos, e geração líquida de empregos.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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