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O Brasil além do inelegível

Depois de décadas, dizendo e fazendo todo tipo de barbaridade, nesta sexta-feira, 30, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) finalmente emitiu uma sentença condenatória contra o ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro (PL), considerando-o culpado por praticar abuso de poder político e utilizar de forma inadequada os meios de comunicação. Por meio dessa determinação, a Corte estabeleceu […]

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Depois de décadas, dizendo e fazendo todo tipo de barbaridade, nesta sexta-feira, 30, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) finalmente emitiu uma sentença condenatória contra o ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro (PL), considerando-o culpado por praticar abuso de poder político e utilizar de forma inadequada os meios de comunicação. Por meio dessa determinação, a Corte estabeleceu a inelegibilidade de Bolsonaro por um período de oito anos, estendendo-se até o ano de 2030.

No mesmo dia em que Bolsonaro aprofunda sua derrocada na política, o IBOVESPA fecha com alta de 9% no mês e o dólar fecha o primeiro semestre com queda de 9,27% e terminou o dia de hoje com queda de 1,19%.

Hoje mesmo, o governo anunciou queda nos preços da gasolina e do gás de cozinha. Já a agenda econômica do governo segue firme e terá grandes avanços na próxima semana.

E as ruas, como estão? Silenciosas. Nenhuma comoção ou agitação pelo ex-presidente derrotado. Nos ônibus, mercados e nos bares, só se fala em outra coisa.

E por que estou dizendo isso? Porque a inelegibilidade de Bolsonaro abriu a temporada das análises afobadas, com dezenas de especulações de “sucessores” sem o menor fundamento e, até mesmo, para o meu espanto, “diagnósticos” sobre o fim eleitoral do Lula ou do PT, que, diga-se de passagem, existem antes mesmo de Bolsonaro ter alguma relevância. Geralmente, essas “análises”, muitas vezes, esquecem de colocar o eleitor na conta.

Enquanto Bolsonaro dizia barbaridades em entrevistas, Lula era eleito presidente pela primeira vez. Depois, foi eleito pela segunda vez, elegeu uma sucessora e reelegeu a mesma. Até então, Bolsonaro era politicamente irrelevante e não passava de um convidado frequente de programas de variedades em emissoras em eterna decadência.

O PT não depende de atritos com Bolsonaro, nem mesmo Bolsonaro dependeu do PT para se viabilizar. Ele foi eleito na esteira do movimento antipolítica.

O que eu quero dizer com todas essas informações? Que é cedo demais para qualquer diagnóstico sobre 2026. O que vai definir será a economia, o poder de compra e quantas regiões do Brasil deixarão de aparecer no mapa da fome. Qualquer outra coisa que ignore isso é apenas torcida. E aí cabe aos políticos e partidos trabalharem isso.

Para além das análises afobadas, fica o importante recado das nossas instituições, o alerta para possíveis aventureiros no futuro: o Brasil do século XXI não é o mesmo do século anterior.

O Brasil, fora das bolhas famintas por política, sejam elas à direita ou à esquerda, está preocupado com coisas mais simples e palpáveis: emprego, renda, contas e afins. Talvez um reflexo direto dos últimos 10 anos de agitação política que esse país viveu e que nos deixou em uma situação pior do que era antes.

O mesmo “cansaço” que colaborou para a derrota do estridente Bolsonaro é o mesmo que faz com que boa parte das pessoas hoje só fale em outra coisa.

Para o terror do ex-presidente, há vida além do Jair.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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Comentários

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Luise

01/07/2023 - 08h06

Graças a Atena,o genocida não foi eleito pelo antipetismo,mas sim por uma confluência de fatores singulares entre 2014 e 2018. A extrema direita ressurgiu,isso é fato,e estará aí por uma década,mas não é invencível, se Lula fizer bom governo. Obrigada pelo trabalho Cleber.

William

30/06/2023 - 20h26

Bolsonaro sabia que seria perseguido pelos auto proclamados detentores da democracia e não fez nada para evitar isso.

Primeiro tentaram matar antes que fosse eleito e depois perseguido e eliminado conforme a ideologia para animais manda fazer com qualquer pessoa não alinhada.

Foram décadas de aparelhamento, de assaltos, de abandono e hoje o Brasil está novamente com os ditadores do Foro de São Paulo dentro de casa.

Diante da tragédia civilizatoria, da ignorância, do analfabetismo, da violência e da eterna infantilidade dos brasileiros poucas pessoas mandam em tudo, basta oferecer dinheiro para ganhar votos e diante a uma coisa vergonhosa dessa o jogo tá feito.

O Brasil segue sendo a latrina a céu aberto de sempre e a culpa é dos brasileiros.


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